Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação
“Enquanto no Brasil militares da Reserva,
hoje óleos queimados da história, se insubordinam por saudosismo dos tempos da
ditadura e receio da Comissão da Verdade, como bem já explicou Urariano Mota,
no próximo dia 21 de março no Uruguai haverá uma ato público na Assembleia
Nacional em que o governo pedirá desculpas às vítimas da ditadura em vigor no
país de 1973 a
1984 e que contava com o apoio de sucessivos governos
brasileiros comandados por generais de plantão.
O ato foi convocado por exigência da Comissão
de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), adotada em
fevereiro de 2011. A
importante cerimônia contará com a participação do Presidente José Pepe Mujica,
uma das vítimas da cruel ditadura, que esteve preso na condição de refém por
mais de 10 anos. Refém significava isolamento e se a guerrilha tupamara
voltasse a atuar o preso seria submetido a piores maus tratos e até era
ameaçado de fuzilamento.
Também no dia 21, o Estado uruguaio
indenizará em 500 mil dólares, quantia fixada em sentença, a família do poeta
argentino Juan Gelman, cuja nora, María Claudia García Iruretagoyena, foi
assassinada, no contexto da Operação Condor, no Uruguai, e a neta
entregue para adoção a uma família de militares. Ela acabou sendo localizada e
se empenhou no sentido de exigir que o Uruguai assumisse a responsabilidade
pelo assassinato da mãe e do pai.
Estes governos ditatoriais tinham acordos e
os seus sistemas de inteligência agiam em conjunto na caça de opositores, sejam
contra os que optaram pela luta armada ou por outro tipo de contestação ao
regime de força.
Militares que assinaram o manifesto e que
disseram não reconhecer Celso Amorim como Ministro da Defesa agiam em comum
acordo com seus colegas torturadores do Cone Sul. E agora um deles cinicamente
afirmou que entrará na Justiça por ter sido repreendido pelos comandantes
militares e usa o argumento da “liberdade de expressão”. E vejam só, uma figura
que tinha comando naquela época de trevas e censura vem falar de liberdade de
expressão. É cinismo ou não é?”
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