Segundo o relator do processo por quebra de decoro, senador Humberto
Costa, delegados Raul Alexandre Marques de Sousa e Matheus Mella
Rodrigues confirmaram, durante audiência secreta, que Demóstenes
defendia interesses do bicheiro
Agência Brasil - Em audiência secreta hoje (15) no
Conselho de Ética do Senado, os delegados Raul Alexandre Marques de
Sousa e Matheus Mella Rodrigues reafirmaram que o senador Demóstenes
Torres (sem partido-GO) usou seu mandato para defender interesses do
empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos
Cachoeira.
De acordo com o relator do processo de quebra de decoro parlamentar,
senador Humberto Costa (PT-PE), nos depoimentos dos delegados, ficou
caracterizada a relação do senador com Cachoeira. "Pela colocação dos
delegados, isso fica claro. A ação [de Cachoeira] era na defesa de seus
interesses em órgãos públicos", disse o relator.
Os delegados coordenaram as operações Vegas e Monte Carlo que
investigaram o suposto esquema controlado por Cachoeira. O depoimento
conjunto dos delegados durou quase três horas, nas quais eles teriam
confirmado, de acordo com Humberto Costa, uma relação de "intimidade" de
Demóstenes com Cachoeira.
Essa relação, de acordo com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP),
ficou caracterizada nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia
Federal e citadas pelos delegados durante o depoimento. "Está claro que o
senador atuava para fazer lobby em favor do Cachoeira no
Congresso. Isso está claro pelo intenso número de ligações", disse o
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Os delegados informaram ao conselho que as interceptações telefônicas
das duas operações flagraram 416 conversas diretas entre Demóstenes e
Cachoeira, das quais 63 na Operação Vegas, que terminou em 2009, e
outras 353 na Operação Monte Carlo. Além disso, outras 292 conversas
citam o senador, de acordo com os delegados.
Em uma das conversas, Gleyb Ferreira da Cruz, apontado pela Polícia
Federal como tesoureiro de Cachoeira, diz estar na porta da residência
de Demóstenes esperando para entregar R$ 20 mil. Os delegados também
citaram uma conversa de Cachoeira com Cláudio Abreu, ex-diretor da
Delta, na qual ele fala sobre a entrega de R$ 1 milhão a Demóstenes.
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