A nova oração de Brunelli
Polícia Civil deflagra operação para prender o ex-distrital e outros três homens. Eles são acusados de integrar quadrilha que desviou pelo menos R$ 1,7 milhão de recursos públicos. Ontem, o ex-parlamentar envolvido na Caixa de Pandora não foi encontrado
Durante
todo o dia de ontem, policiais civis fizeram buscas para prender o
ex-deputado distrital Rubens César Brunelli Júnior, 42 anos. Ele é
acusado de, em 2009, ter desviado verbas públicas destinadas a uma
instituição social comandada por seus familiares. Segundo a polícia, o
rombo teria sido de pelo menos R$ 1,7 milhão. Por determinação da
Justiça, investigadores da Delegacia de Combate ao Crime Organizado
(Deco) prenderam outros três homens, que seriam comparsas no esquema e
teriam ajudado o ex-parlamentar, principalmente na emissão de notas
falsas para justificar os gastos. Até o fechamento desta edição,
Brunelli não havia se apresentado e era considerado foragido.
As investigações conduzidas pela Deco mostram que Brunelli, também envolvido no escândalo Caixa de Pandora e que ficou conhecido nacionalmente pela “oração da propina” (leia Perfil na página 28), foi responsável por emendas parlamentares que favoreceram a Associação Monte das Oliveiras (AMO), criada por parentes dele. Em 2009, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Social e Transferência de Renda (Sedest), comandada à época pela distrital Eliana Pedrosa (PSD), teria liberado R$ 1,7 milhão para a realização de quatro projetos sociais voltados a idosos. O valor, no entanto, nunca teria sido direcionado aos programas. Outras duas emendas, que alcançaram R$ 900 mil, também teriam sido repassadas pela Sedest no mesmo ano. “Com isso, acreditamos que o valor desviado alcance R$ 2,6 milhões. Mas essa diferença ainda estamos investigando”, detalhou o chefe da Deco, Henry Peres.
A 1ª Promotoria de Justiça de Fundações e Entidades de Interesse Social do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou o esquema à Deco, em 2010. A partir da delação, Brunelli teria começado a apresentar à Sedest notas falsas para justificar os gastos. Um dos recibos, no valor de R$ 38.640, teria sido entregue como justificativa da compra de lanches para a instituição, em um mercado de Samambaia. Policiais civis ouviram o dono do estabelecimento. O homem desmentiu a compra e garantiu que o documento verdadeiro é de R$ 29,49.
De acordo Henry Peres, o ex-deputado apresentou inúmeras notas falsas, algumas delas no valor de R$ 568,2 mil. “Essas foram emitidas em nome de duas empresas de fachada”, afirma. Os policiais estiveram na associação, que funciona nos fundos da Catedral da Bênção, em Taguatinga. A igreja foi fundada pelo pai de Brunelli, Doriel de Oliveira. “O lugar nunca ofereceu qualquer tipo de projeto voltado aos idosos. Nem quadro de funcionários suficiente existe. Alguns dos empregados relataram que não tinham informações de valores altos recebidos em favor da AMO”, completa Henry.
Suspeita de vazamento
Às 6h de ontem, os agentes da Deco deflagraram a Operação Hofini — nome dado em alusão ao filho de um sacerdote que desviava dízimos de fiéis — para prender Brunelli e os outros três comparsas. Quando chegaram à casa do ex-deputado, na Superquadra Brasília, às margens da Estrada Parque Taguatinga (EPTG), ninguém estava no lugar. Os policiais não descartam vazamento de informações e acreditam que o ex-distrital deixou o local momentos antes da chegada da polícia, pois encontraram um computador e a máquina de lavar roupas ligados.
Computadores, documentos, bolsas, joias, relógios — inclusive um rolex — e outros produtos de luxo foram apreendidos na residência de Brunelli. Os produtos ficarão à disposição da Justiça e podem ser leiloados como forma de ressarcimento do prejuízo ao erário.
Os outros acusados — o assessor de Brunelli, Adilson de Oliveira, 46 anos, o contador Carlos Antônio Carneiro, 41, e o empresário Spartacus Savite, 39, — foram localizados em Taguatinga. Eles prestaram depoimentos e, até o fim da noite de ontem, estavam detidos na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade. A prisão dos quatro foi decretada pela 2 ª Vara Criminal de Taguatinga, há uma semana. Brunelli teve dois passaportes apreendidos e a Interpol já foi comunicada para caso ele deixe o país.
Polícia Civil deflagra operação para prender o ex-distrital e outros três homens. Eles são acusados de integrar quadrilha que desviou pelo menos R$ 1,7 milhão de recursos públicos. Ontem, o ex-parlamentar envolvido na Caixa de Pandora não foi encontrado
» KELLY ALMEIDA
Investigadores da Deco apreenderam joias e relógios caros na casa do ex-distrital, às margens da EPTG |
As investigações conduzidas pela Deco mostram que Brunelli, também envolvido no escândalo Caixa de Pandora e que ficou conhecido nacionalmente pela “oração da propina” (leia Perfil na página 28), foi responsável por emendas parlamentares que favoreceram a Associação Monte das Oliveiras (AMO), criada por parentes dele. Em 2009, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Social e Transferência de Renda (Sedest), comandada à época pela distrital Eliana Pedrosa (PSD), teria liberado R$ 1,7 milhão para a realização de quatro projetos sociais voltados a idosos. O valor, no entanto, nunca teria sido direcionado aos programas. Outras duas emendas, que alcançaram R$ 900 mil, também teriam sido repassadas pela Sedest no mesmo ano. “Com isso, acreditamos que o valor desviado alcance R$ 2,6 milhões. Mas essa diferença ainda estamos investigando”, detalhou o chefe da Deco, Henry Peres.
A 1ª Promotoria de Justiça de Fundações e Entidades de Interesse Social do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou o esquema à Deco, em 2010. A partir da delação, Brunelli teria começado a apresentar à Sedest notas falsas para justificar os gastos. Um dos recibos, no valor de R$ 38.640, teria sido entregue como justificativa da compra de lanches para a instituição, em um mercado de Samambaia. Policiais civis ouviram o dono do estabelecimento. O homem desmentiu a compra e garantiu que o documento verdadeiro é de R$ 29,49.
De acordo Henry Peres, o ex-deputado apresentou inúmeras notas falsas, algumas delas no valor de R$ 568,2 mil. “Essas foram emitidas em nome de duas empresas de fachada”, afirma. Os policiais estiveram na associação, que funciona nos fundos da Catedral da Bênção, em Taguatinga. A igreja foi fundada pelo pai de Brunelli, Doriel de Oliveira. “O lugar nunca ofereceu qualquer tipo de projeto voltado aos idosos. Nem quadro de funcionários suficiente existe. Alguns dos empregados relataram que não tinham informações de valores altos recebidos em favor da AMO”, completa Henry.
Suspeita de vazamento
Às 6h de ontem, os agentes da Deco deflagraram a Operação Hofini — nome dado em alusão ao filho de um sacerdote que desviava dízimos de fiéis — para prender Brunelli e os outros três comparsas. Quando chegaram à casa do ex-deputado, na Superquadra Brasília, às margens da Estrada Parque Taguatinga (EPTG), ninguém estava no lugar. Os policiais não descartam vazamento de informações e acreditam que o ex-distrital deixou o local momentos antes da chegada da polícia, pois encontraram um computador e a máquina de lavar roupas ligados.
Computadores, documentos, bolsas, joias, relógios — inclusive um rolex — e outros produtos de luxo foram apreendidos na residência de Brunelli. Os produtos ficarão à disposição da Justiça e podem ser leiloados como forma de ressarcimento do prejuízo ao erário.
Os outros acusados — o assessor de Brunelli, Adilson de Oliveira, 46 anos, o contador Carlos Antônio Carneiro, 41, e o empresário Spartacus Savite, 39, — foram localizados em Taguatinga. Eles prestaram depoimentos e, até o fim da noite de ontem, estavam detidos na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade. A prisão dos quatro foi decretada pela 2 ª Vara Criminal de Taguatinga, há uma semana. Brunelli teve dois passaportes apreendidos e a Interpol já foi comunicada para caso ele deixe o país.
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