A raíz da Veja: árvore sem sombra e terra que não viceja. Rimou. |
Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O
Ministério Público Federal tem 27 representações no Brasil e são subordinadas à
Procuradoria Geral da República (PGR). Há anos a sociedade brasileira percebe
que a PGR de tradição republicana se partidarizou, aliou-se à linha de
pensamento conservador e se tornou, por intermédio da imprensa burguesa e
corporativa, um dos porta-vozes dos interesses das classes dominantes, das
elites econômicas brasileiras, que são partes integrantes do establishment mundial, que exerce forte
controle sobre os estados nacionais e o conjunto da sociedade, no que concerne
à ordem política, econômica, ideológica e até mesmo cultural.
A Constituição de 1988 definiu o Ministério
Público Federal como um poder da mesma importância dos demais Poderes da República, o
que o tornou independente financeiramente, funcionalmente e
administrativamente. Também foi assegurado ao MP zelar pela
promoção e defesa das liberdades constitucionais dos cidadãos brasileiros, pelo
regime democrático, que tem como base o estado democrático de direito e pela
ordem jurídica. Contudo, não é o que se vê e o que se percebe. A Procuradoria
Geral da República, que tem ascendência sobre as representações do Ministério Público nos estados está
a ser controlada por procuradores determinados a fazer política em prol de
setores conservadores da sociedade brasileira. A impressão que se tem é que
certos promotores e procuradores optaram por combater governantes de perfis
trabalhistas eleitos pelo povo brasileiro desde 2002.
O procurador-geral, Roberto Gurgel, tem muito
poder. E tem de tê-lo para que possa exercer plenamente suas atividades como a
autoridade responsável pela defesa dos interesses do povo brasileiro. Gurgel é
o acusador criminal, o fiscal da lei, e, consequentemente, o defensor do povo. O
procurador é inclusive o mantenedor da ordem e da paz social. Ele, por meio de
suas atividades e ações, garante a segurança, os valores e o modo de vida da
sociedade brasileira, conforme determina a nossa Carta Magna.
O senador Demóstenes é uma criação da imprensa que agora o ataca. Cachoeira é seu patrão e pauteiro da revista Veja. |
Todavia, o procurador é contestado por
segmentos importantes da sociedade, que quer sua presença na CPMI do
Cachoeira/Demóstenes, que deveria ser chamada de CPMI da Veja/Globo, empresas
midiáticas que efetivaram a disseminação de “matérias” ou “reportagens”
jornalísticas, que, indubitavelmente, visavam a desestabilização dos governos
trabalhistas dos presidentes Lula e Dilma, além de, obviamente, ocasionarem
mal-estar em camadas da sociedade que tem por referência noticiosa os meios de
comunicação comerciais e privados controlados por meia dúzia de barões da
imprensa que se recusam a perceber que o País mudou e mesmo assim ainda desejam
um Brasil colonizado, dependente e explorado pelos países considerados
desenvolvidos e que hoje enfrentam uma crise econômica, financeira e fiscal sem
precedentes no mundo contemporâneo. É o inquestionável complexo de vira-lata de
nossas classes dominantes, que, se pudessem, retrocederiam na história para
efetivarem novamente o sistema de escravidão.
É dessa forma que se comportam setores do
Judiciário, do Ministério Público e do Congresso. Entretanto, no que diz
respeito ao Parlamento, compreende-se que políticos conservadores que integram
partidos à direita do espectro ideológico defendam a tese de um País para
poucos privilegiados. Afinal é o papel deles e para isso que eles foram
eleitos, além de serem representantes legítimos de segmentos sociais sectários
e nada democráticos. O que não pode jamais acontecer é que homens e mulheres
que militam na Procuradoria Geral, nas representações do MP nos Estados e no
Judiciário (STF, STJ e TJs) se envolvam em questões partidárias e ideológicas,
pois são atores importantes nomeados e pagos pela sociedade para defendê-la
daqueles cidadãos que cometem malfeitos.
O procurador Roberto Gurgel tem de ser
convocado para dar seu depoimento na CPMI. Deveria ser uma honra para ele
explicar suas decisões quanto à Operação Vegas efetivada pela Polícia Federal
em 2009 cujos autos do inquérito ficaram guardados em sua gaveta até abril deste
ano, o que levou um grupo de parlamentares a visitá-lo e pedir explicações para
tal conduta. Gurgel, anteriormente, recusou-se a conversar com os parlamentares,
representantes do povo, e tergiversou. Não satisfeito com suas atitudes e, de
forma premeditada, tentou se blindar com o Mensalão, que daqui a poucos meses
vai ser julgado pelo STF. Para rebater as críticas, o procurador-geral Roberto
Gurgel atacou os parlamentares, quando, na verdade, o escândalo
Cachoeira/Demóstenes, que deveria se chamar Veja/Globo, é a questão
discutida em pauta. O País não merece um procurador desse.
Depois a PF, na Operação Monte Carlo, abre
seu leque de detalhes sobre a atuação da quadrilha do bicheiro Carlinhos
Cachoeira que, ao que parece, tomou conta do Governo do Estado de Goiás, além
de serem divulgadas (sempre matreiramente) pela imprensa burguesa e de negócios as
gravações de Cachoeira e seus asseclas a falar e propor ações com pessoas
vinculadas à imprensa (Veja) e a partidos como o DEM e o PSDB, porque não se
pode, ressalto, até o momento, fazer comparações entre os governadores Agnelo
Queiroz, do PT, por exemplo, com o que foi investigado pela PF, no que tange ao
envolvimento do governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, com esse esquema que
se infiltrou em diferentes poderes.
O procurador-geral Roberto Gurgel não quer falar na CPMI e muito menos dar satisfação à sociedade. |
A imprensa empresarial confunde, manipula e
distorce, mas não vai adiantar tal estratégia, porque as investigações são
independentes, multipartidárias e os autos dos inquéritos analisados pelos parlamentares
não podem ser emendados ou modificados. E neles constam as investigações sobre
Perillo e a sua voz gravada a negociar com o bicheiro Carlinhos Cachoeira que
está a ser acusado inclusive de ter cometido sequestros. A mesma coisa serve
para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB. Cabral, realmente,
teve um péssimo comportamento no que se trata a ir a Paris acompanhado do dono
da construtora Delta, Fernando Cavendish (apenas ele é o dono? E o Cachoeira?).
Sua dancinha em frente ao Hotel Ritz foi imprudente e demonstrou a total falta
de non sense de um governante de um
estado importante como o Rio de Janeiro. Além disso, há algum tempo o
governador fluminense tem cometido ações e atitudes que geram desconfiança da
sociedade organizada. Vamos ver como tudo acaba em relação ao Cabral.
Contudo, grosso modo e sem ainda o Sérgio Cabral
ter sido gravado pela PF ou coisa que o valha, nada se compara o que já foi
descoberto pelas investigações sobre o tucano Marconi Perillo. A imprensa pode
tergiversar e agir de má-fé intelectual e até mesmo criminosa, mas, por
enquanto, a “suposta” associação ao crime e da parte de políticos como o
senador Demóstenes Torres (DEM), o governador Perillo (PSDB), o deputado Carlos
Alberto Leréia (PSDB), dentre outros deputados e autoridades de Goiás, o que
sedimenta ainda mais a desconfiança de que o povo goiano está a ser governado
pelo jogo do bicho com a cumplicidade de autoridades de alto escalão e com
influência em termos nacionais, como é o caso do governador e senador goianos.
E são esses fatos que “matam” e preocupam a imprensa (leia-se Veja, Estadão,
Folha, Globo jornal e TV, Correio Braziliense e outros menos cotados que ficam
na “rabeira” do Partido da Imprensa Golpista — o famigerado PIG).
Saliento que o
senador Demóstenes era o arauto, o guardião, o varão da moral, da ética e dos
bons costumes, a ser, inclusive, um dos principais políticos responsáveis em
atender às demandas legais do Judiciário e do Ministério Público junto ao
Congresso Nacional, o que, sobremaneira, conta ainda mais para sua
culpabilidade, bem como para aumentar, e muito, a trapaça de imprensa e de
seus barões no que é relativo à criação de um fake moral e político como o é o senador Demóstenes. A imprensa
burguesa e privada (privada nos dois sentidos, tá?) luta pelo poder e apoia
golpes de estado.
Vive da falsidade, do
jornalismo de uma versão, da publicidade oficial, de maus faits divers e coloca em um mesmo caldeirão acontecimentos antagônicos,
díspares e realidades que não se interligam (Mensalão X Cachoeira/Demóstenes),
com o propósito de causar confusão na sociedade e, por conseguinte, facilitar a
concretização de seus interesses econômicos e políticos, bem como defender os
seus aliados, como ocorre agora. O setor midiático empresarial luta por poder
político para pautar os governantes eleitos e por poder econômico para
controlar os meios de produção, inclusive de outros segmentos da economia. O
sistema midiático brasileiro é o principal aliado dos bancos, e apenas aos
bancos esse setor não faz oposição. São a corda e a caçamba; o reflexo de si
mesmos; o arco e a flecha do sistema capitalista mundial. Eles são a essência
do imperialismo e do controle das riquezas das nações. A verdadeira
plutocracia. Por isso e por tudo isso, o procurador-geral da República tem de
ir às falas. E os barões da imprensa também. É isso aí.
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