A
“carta ao leitor” da Veja, que equivale ao editorial da revista, traz
uma informação que até agora passou meio despercebida, mas que tem
excitado alguns internautas – principalmente os trogloditas da direita. O
publicitário Marcos Valério deu ou não uma entrevista exclusiva à
publicação, confirmando a tese alardeada na reportagem de que “Lula era o
chefe” do mensalão? “Valério não quis dar entrevista sobre as
acusações diretas do envolvimento de Lula que ele vem fazendo”, garante
o diretor da Veja, Eurípedes Alcântara.
O
serviçal da famiglia Marinho pode até estar blefando, fazendo
mistério. Mas tudo indica que a entrevista realmente não existiu e que a
revista novamente se baseou em boatos e fofocas na linha da
escandalização da política, visando vender mais exemplares e interferir
na disputa política e eleitoral em curso no país. Se a entrevista
existisse, ela seria publicada na íntegra. Mesmo assim, não comprovaria
nada. Seria a opinião do publicitário Marcos Valério, já condenado no
tribunal de exceção do chamado “mensalão do PT”.
Lula e a excitação dos golpistas
Na
“carta ao leitor”, intitulada “Lula era o chefe”, Eurípedes Alcântara
faz um grande esforço para recuperar a credibilidade da Veja. O artigo é
pura apologia da desgastada revista, coisa típica de um funcionário do
alto escalão que tenta justificar seu salário. Para ele, a revista é
um bastião da ética. “Veja se orgulha de ter desempenhado um papel
fundamental em mais esse processo de depuração da vida política
nacional”. Ele só não explica as ligações da Veja com a quadrilha de
Carlinhos Cachoeira, reveladas nas gravações da PF.
O
texto também confirma o ódio doentio que a famiglia Civita nutre
contra Lula – o ex-operário que chegou à Presidência da República num
país que sempre foi comandado pelas elites. A mesma revista que tentou
esconder as revelações do livro “A privataria tucana”, do jornalista
Amaury Ribeiro Jr., garante que durante o governo Lula “a podridão
subiu a rampa do Palácio do Planalto e se instalou nas imediações e até
no próprio gabinete presidencial”. Para comprovar a sua tese
golpista, ela não vacila em explorar boatos e fofocas.
“Reportagem
exclusiva desta edição do editor Rodrigo Rangel, da sucursal de
Brasília, feita com base em revelações de Marcos Valério a parentes,
amigos e associados, reabre de forma incontornável a questão da
participação do ex-presidente no mensalão. “Lula era o chefe”, vem
repetindo Valério com mais frequência e amargura... Valério não quis dar
entrevista sobre as acusações diretas do envolvimento de Lula que ele
vem fazendo. Mas não desmentiu nada”. Pronto! Está criado o fato para
justificar o fuzilamento de Lula!
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