Do Blog do Miro - 17/09/2012
Qualquer
movimento popular que chega ao poder, pelas armas ou pelo voto, tem
como preocupação central expor ao povo as razões de sua luta, suas
motivações, suas energias fundamentais, seus propósitos, suas alianças,
seus programas, suas estrategias e, principalmente, suas ações
práticas, voltadas para atender os pressupostos básicos de sua
filosofia política, em atendimento evidente à realidade segundo a qual a
luta política é, essencialmente, luta de classes, que se expressa no
controle político do Estado. Por isso, a providência imediata do
movimento político antes e depois de chegar ao poder é o lançamento de
sua própria publicação, tornando-a mais visível possível no plano da
comunicação pública, de modo a disputar, no mercado das idéias, o seu
lugar, engajando-se na luta ideológica.
É uma ingenuidade imaginar que se chega ao poder e nele se possa
permanecer sem que as ideias que chegaram ao poder não disponham de um
canal essencial para que sejam difundidas, em vez de esperar que essa
tarefa seja realizada pela mídia sustentada, fundamentalmente, pelo
capital bancário especulativo, por exemplo, como é o caso brasileiro, ao
longo de toda a Nova República, substituta do regime militar, sob
orientação do Consenso de Washington, ainda, predominante, nas suas
formulações ideológicas.
Essas idéias são
antigas e foram elas que levaram Getúlio ao suicídio, em 1954, como
alternativa política para lutar contra a desnacionalização econômica. O
lulismo-dilmismo, no poder, tenta manter uma estratégia nacionalista,
utilizando os bancos estatais como porta-estandarte, que, agora, os
próprios europeus, em colapso econômico, buscam imitar, como demonstra a
repórter Assis Moreira, no Valor Econômico, nessa segunda feira.
Igualmente, Barack Obama, no início da bancarrota financeira, em 2008,
tentou o mesmo, defendendo um banco de fomento americano para reverter a
financeirização econômica desregulamentada, para salvar a economia
sufocada pela especulação bancocrática privada. Por não ter controlado o
sistema financeiro e imposto uma estatização do crédito, para
sustentar a produção e o consumo, o colosso capitalista imperialista se
encontra em apuro total.
Vale dizer, a
solução de Getúlio Vargas, que criou o BNDES e o colocou a serviço dos
investimentos no capitalismo nacional, continua sendo a luz pela qual
os cegos se buscam pautar, enquanto a grande mídia anti-nacional,
entreguista, bancocrática, insiste na sua loucura antinacionalista,
tentando anular, politicamente, os agentes dessa estratégia, como foi o
caso de Lula e, agora, de Dilma. Getúlio Vargas é solução global no
plano econômico e político.
Cadê a imprensa
nacionalista que o PT não criou para fazer o que a "Última Hora",
criada por Getúlio e editada por Samuel Wainer, fez em defesa dos
interesses populares? Tremendo vacilo histórico da esquerda.
Infelizmente, o PT não entendeu até hoje que o poder popular exige um
jornal popular, maior lição de comunicação deixada por Getúlio, que
jamais pagou para apanhar.
Uma suposta
reportagem da Veja, na qual o publicitário Marcos Valério, sem dar
entrevistas, “revelaria” seus segredos em que “incriminaria” Lula como o
responsável pelo chamado mensalão - uma grosseira montagem - faz
surgir novamente, com força, a necessidade de um jornal popular,
democrático, de massas.
Sem ele, as forças progressistas ficam reféns, inertes e sem qualquer capacidade de resposta diante da verdadeira campanha de demolição de Lula, do PT e dos valores políticos defendidos pelas forças populares.
Nos países em que há governos populares na América Latina, foram criados mecanismos de comunicação popular, seja com nova leis de comunicação, como na Argentina, Venezuela e Equador, fortalecendo a TV e o rádio públicos, mas também houve o florescimento de jornais populares com capacidade de fazer a batalha de idéias com a imprensa conservadora sistematicamente sintonizada com as ideologias e os interesses dos EUA, e dos oligarcas nativos.
Sem ele, as forças progressistas ficam reféns, inertes e sem qualquer capacidade de resposta diante da verdadeira campanha de demolição de Lula, do PT e dos valores políticos defendidos pelas forças populares.
Nos países em que há governos populares na América Latina, foram criados mecanismos de comunicação popular, seja com nova leis de comunicação, como na Argentina, Venezuela e Equador, fortalecendo a TV e o rádio públicos, mas também houve o florescimento de jornais populares com capacidade de fazer a batalha de idéias com a imprensa conservadora sistematicamente sintonizada com as ideologias e os interesses dos EUA, e dos oligarcas nativos.
A decisão recente da Secom de inverter a política de distribuição descentralizada das verbas publicitárias federais da era Lula, que alcançavam numerosas cidades, veículos, inclusive os de menor porte, é um retrocesso. Favorece os conglomerados de mídia que estão em campanha permanente, sonhando com a desestabilização do governo Lula e agora da Dilma, e também com a inviabilização definitiva de Lula., com a novela do mensalão.
É pagar para apanhar.
Enquanto isso, não se fortalece a comunicação pública e estatal, prevista na Constituiçao, pois o governo não avança na aplicação do artigo 224 da Constituição.
Nem é preciso esperar um novo marco regulatório para isto, é preciso aplicar o princípio constitucional na distribuição de novas concessões de rádio e tv que privilegie a comunicação pública, visando claramente alcançar o equilíbrio com a comunicação privada, escandalosamente predominante, seja em número de concessões, seja no maior bocado de verbas publicitárias - recursos públicos - que o governo lhe presenteia.
São exatamente estes conglomerados, representantes do capitalismo informativo/desinformativo, que querem golpear a Voz do Brasil, programa que enorme audiência, talvez o único a fornecer informações sem o crivo deformado do mercado para uma grande massa de brasileiros, em todos os grotões deste país, massa que é praticamente proibida da leitura de revistas e jornais.
É preciso apoiar a decisão da Liderança do PT na Câmara Federal, que retirou este projeto apadrinhado pela ABERT da pauta de votações. Sua aprovação seria grave retrocesso no direito de informação do povo brasileiro e um golpe contra uma experiência positiva e concreta de regulamentação informativa hoje em prática no país.
Para completar, TVs e Rádios comunitárias são impedidas do acesso a mídias institucionais.
Porém, havendo decisão política, o sonho de um novo jornal como o Última Hora, não é algo tão inalcançável.
Aliás, os congressos do PT já aprovaram a construção de um jornal de massas. Só falta aplicar. Quem elege três vezes um presidente da república, tem força e apoio para esta nova empreitada democratizadora , indispensável, urgente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário