Hegemonia PT 3.0
Fernando Rodrigues
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
Fernando Rodrigues
Fernando Haddad protagonizou uma das mais espetaculares recuperações
numa campanha para prefeito de São Paulo e deve dar ao PT, dizem as
pesquisas, o comando da maior cidade do país.
A eleição paulistana é um passo relevante no projeto de hegemonia
política do PT. Nenhum partido cresce de maneira orgânica e consistente
como o PT a cada disputa municipal. A sigla sempre se sai melhor.
PMDB, PSDB, DEM (o antigo PFL) e outros já tiveram dias de glória, mas acumulam também vários revezes. O PT, não. Só cresce.
Embora já tenha vencido em São Paulo duas vezes (em 1988, com Luiza
Erundina, e em 2000, com Marta Suplicy), agora com Fernando Haddad é uma
espécie de PT 3.0 que pode chegar ao poder.
Não há outro partido da safra pós-ditadura militar que tenha conseguido
fazer essa transição de gerações. O poderio sólido e real que o PT
constrói encontra rival de verdade apenas na velha Aliança Renovadora
Nacional (Arena), a agremiação criada pelos generais para comandar o
Brasil -com a enorme diferença de hoje o país viver em plena democracia.
Alguns dirão que o PMDB mandou muito no final dos anos 80. Mais ou
menos. Tratava-se de um aglomerado de políticos filiados a uma mesma
sigla. Não havia orientação central.
O PSDB ganhou em 1994 o Planalto e os governos de São Paulo, Rio e Minas
Gerais. Muito poder. Só que os tucanos nunca tiveram um "centralismo
democrático" (sic) "à la PT".
No dia 28 de outubro, há indícios de que o PT novamente sairá das urnas
como o grande vencedor nas cidades com mais de 200 mil eleitores,
podendo levar pela terceira vez a joia da coroa, São Paulo.
Ao votar dessa forma, o eleitor protagoniza duas atitudes -e não faço
aqui juízo de valor, só constato. Elege seu prefeito e entrega à sigla
de Lula um grande voto de confiança para fazer do PT cada vez mais um
partido hegemônico no país.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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