Enviado por luisnassif, sab, 13/10/2012 - 09:17
Por Adamastor
Apesar de aliança, Serra tenta se desvincular de pastor Silas Malafaia
No mesmo dia do ataque
a Haddad, a reportagem do Terra flagrou um recado deixado pela
assessoria para o Serra em um tablet. “Sobre o Malafaia, ele pediu para
avisar que não vê problema em você se desvincular dele nas entrevistas”,
dizia o texto.
“Ele (Malafaia) pediu para avisar que não vê problema em você se desvincular dele nas entrevistas”, dizia o texto recebido por Serra em seu tablet
De Renan Truffi, no Terra
Os ataques do pastor Silas Malafaia, da igreja Assembleia de Deus
Vitória em Cristo, ao candidato do PT, Fernando Haddad, acenderam o
sinal amarelo na campanha do tucano José Serra (PSDB-SP). O líder
evangélico voltou a criticar o petista neste segundo turno por causa do
kit anti-homofobia, material didático criado na época em que o candidato
era ministro da Educação com o objetivo de orientar alunos da rede
pública sobre a homofobia .
A última
declaração polêmica do líder evangélico Silas Malafaia foi
divulgada em um vídeo na quinta-feira, no qual o pastor responde à
acusação de Haddad de que estaria sendo usado por Serra para ofender o
petista. “Quero dar uma resposta ao candidato Haddad quando deu uma
declaração estúpida ao dizer o candidato José Serra está
instrumentalizando a religião contra ele. Eu quero mostrar que ele está
tremendamente equivocado. As pessoas precisam entender que estamos em um
estado democrático de direito e qualquer pessoa é livre para manifestar
opinião, independentemente de convicção filosófica, política ou
religiosa”, diz Malafaia.
“Nunca usei Deus para dizer que um candidato é do diabo e outro de
Deus. Nunca uso igreja, igreja não tem titulo de eleitor, igreja não
vota. Tanto pra católicos, como para evangélicos, igreja é uma instância
espiritual acima disso. Quando eu estou falando é como cidadão. (…)
Igreja não apoia ninguém, quem apoia sou eu”, afirmou o pastor em outro
trecho do vídeo.
Antes disso, na terça-feira, Malafaia disse ao jornal Folha de
S.Paulo que iria “arrebentar” com Haddad nas eleições. “O Haddad já está
marcado pelos evangélicos como o candidato do ‘kit gay’. Não vamos dar
moleza para ele. Haddad pode até ganhar, mas não com os votos dos
evangélicos”, atacou, depois de declarar apoio a Serra.
Ainda que os ataques do pastor influenciem o voto no segmento
evangélico, já que a denominação Assembleia de Deus tem cerca de 12
milhões de fieis no Brasil, a “radicalização” de Malafaia preocupou os
tucanos, como se referiu um dos integrantes da campanha. No mesmo dia do
ataque a Haddad, a reportagem do Terra flagrou um recado deixado pela
assessoria para o Serra em um tablet. “Sobre o Malafaia, ele pediu para
avisar que não vê problema em você se desvincular dele nas entrevistas”,
dizia o texto.
Depois de receber o aval, Serra procurou se descolar de seu aliado na
conversa que teve com os jornalistas, após caminhada pelas ruas de
Pirituba, zona norte da capital paulista. “Eu não assumi nenhum
compromisso com o pastor Malafaia. Ele não pediu nada em troca. As
várias questões que ele coloca (como o kit anti-homofobia) não são parte
da campanha. Ele quis me apoiar, eu aceito”, disse.
A estratégia é confirmada por alguns membros da campanha de Serra que
não quiseram se identificar. De acordo com um deles, “não dá para
controlar o Malafaia”. E a intenção é não “incorporar isso na campanha”.
Outro integrante do partido disse que o recado ao pastor foi passado.
“Se você quer radicalizar, o problema é seu”, explicou. Além disso, há a
preocupação de que o candidato do PSDB não seja citado nos vídeos do
líder evangélico. “Parece que ele não vai falar no Serra (nos ataques)”,
contou.
O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo negou à reportagem
que tenha combinado com Serra para fazer as críticas mais pesadas
enquanto o candidato do PSDB faz uma “campanha limpa”. “Não sou moleque
de recados de ninguém. Sou um líder evangélico e não vou me prestar a
jogo sujo”. Mas disse que avisou o tucano, em reunião, que ele não
precisa “dar amém” para todas suas críticas a Haddad. “Eu vou fazer
minhas colocações e você não é obrigado a dizer amém”, avisou para
Serra.
Esta não é a primeira vez que Malafaia sai em defesa de Serra. Em
2010, o pastor também fez campanha para o tucano, que disputava à
presidência com a então candidato do PT, Dilma Rousseff. Na época, o
líder evangélico dizia que era contra Dilma por causa de sua posição
sobre o aborto.
Foto: Renan Truffi/Terra
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