Do Blog do Miro - 12/10/12012
Por Altamiro Borges
Como já ensinou o jornalista Perseu Abramo, no indispensável livro “Padrões
de manipulação na grande imprensa”, a melhor maneira de enganar os ingênuos não
é a mentira deslavada. É omitir ou dar pouco destaque – manchetes, fotos,
comentários na tevê – ao que não interessa; e realçar o que serve aos
interesses políticos e econômicos dos impérios midiáticos. Ontem, o PTB
anunciou seu apoio a José Serra na disputa pela prefeitura paulistana. Nenhum
veículo enfatizou que este partido é protagonista no julgamento do chamado
mensalão.
Já Campos Machado, uma expressão exótica do patrimonialismo
na política brasileira, não escondeu que o apoio resultará em alguma vantagem. Na
maior sinceridade, ele afirmou que “é natural que o PTB tenha espaço” numa eventual
gestão tucana na prefeitura de São Paulo. Mas ele garantiu que o partido não
está “vendendo a sua alma". Já José Serra, sempre cínico, disse que não
houve troca de favores pelo apoio e que as siglas “vão caminhar juntas” sem
qualquer interesse fisiológico.
Na solenidade de adesão ao tucano também esteve presente Luis
D’Urso, ex-presidente da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e
vice na chapa de Celso Russomanno. O líder do movimento direitista “Cansei”,
que saiu às ruas pelo impeachment do ex-presidente Lula, está sendo cotado para
ocupar um carguinho no governo estadual. Segundo a própria Folha tucana, “o
governador Geraldo Alckmin (PSDB), que participou do ato, estuda instalar
D'Urso na Secretaria de Justiça”.
O curioso é que a mídia “privada” não deu qualquer destaque
para a adesão dos “mensaleiros” do PTB à campanha de José Serra. O assunto não
virou manchete e nem comentário ácido na televisão. Merval Pereira, Ricardo
Noblat, Eliane Cantanhêde, Clóvis Rossi e outros colunistas “chapa-branca” não
ficaram nada indignados. Os padrões de manipulação da mídia, como ensinou
Perseu Abramo, são realmente bem sutis! Nada como uma batalha eleitoral
decisiva para desnudá-los.
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