“O fim da ditadura militar, em 1985, com a
eleição pelo Congresso dos civis Tancredo Neves e José Sarney; a Constituição
de 1988 e a definição do mandato de cinco anos para Sarney; a reeleição de
Fernando Henrique, em 1997; todos esses fatos políticos se deram pela força de
maiorias parlamentares; aconteceram pelo voto dos representantes eleitos pelo
povo, os deputados e senadores; agora, porém, busca-se criminalizar o exercício
da maioria; votos que contrariam as elites não valem, é isso?
Brasil 247
Desde 1985, quando Tancredo Neves e José
Sarney foram eleitos presidente e vice-presidente do Brasil pelo Congresso
Nacional transformado em
Colégio Eleitoral, com 480 votos (72,4%) contra 180 (27,3%)
para Paulo Maluf e 26 abstenções, todas, sem exceção, todas as grandes mudanças
políticas no País se deram pelo voto de maiorias democraticamente constuídas. Nunca
mais, a partir de 1985, voltou-se ao caminho da ruptura com as instituições e
suas regras, como o que foi trilhado por militares e civis no golpe de 1º de
abril de 1964.
Para conseguir cinco anos de mandato, José
Sarney, em 1988, construiu a sua própria maioria no Congresso. Naquele mesmo
ano, igualmente foi por maioria de votos, o mesmo Congresso aprovou a
Constituição "Cidadã", como a batizou o então presidente da casa,
Ulysses Guimarães. Anos depois, em 1997, a iniciativa do então presidente Fernando
Henrique Cardoso de ter mais uma mandato foi igualmente a voto – e por maioria,
aprovou-se a reeleição, a começar pelo próprio FHC.
Qual é o problema, então, no fato de,
agora, ao menos aparentemente, por meio da chamada base aliada, o governo da
presidente Dilma Rousseff ter sua própria maioria parlamentar?”
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