O cartunista carioca Carlos Latuff, que esteve em Porto Alegre durante
parte das manifestações pedindo a anulação do aumento das passagens na
capital gaúcha, está convicto de que se transformou em uma figura visada
pelas investigações sobre o episódio. Pessoas convocadas a depor pela
Polícia Civil revelaram a Latuff que seu nome está sendo citado durante
os interrogatórios – o que chamou a atenção do cartunista.
“Já estive por três vezes em delegacias por fazer charges contra a
violência e corrupção policiais no Rio de Janeiro e sobre os Jogos
Pan-Americanos”, disse Latuff ao Sul21.
“Não me estranharia que estivesse sendo investigado dessa vez pela
polícia gaúcha por charges que fiz sobre o mascote da Copa ou as marchas
contra o aumento dos ônibus, ou mesmo por ter participado da ultima
marcha em 23 de abril desse ano. Vivemos tempos de estado policial e a
tendência é piorar com a aproximação da Copa e a Olimpíada. Mas eu
continuarei com meu trabalho. Sempre assinei embaixo do que disse,
escrevi ou desenhei, não vai ser diferente agora.”
A Polícia Civil apura eventuais danos ao patrimônio público cometidos
durante protestos contra o aumento de passagens em Porto Alegre – em
especial no dia 27 de março, quando janelas da Prefeitura foram
quebradas e parte do prédio foi sujo com tinta. As pichações ocorridas
durante os protestos seguintes também estariam sendo apuradas.
As investigações estão sendo conduzidas pela 17ª Delegacia de Polícia e
eventuais indiciados podem responder por crime de dano ao patrimônio
público, com pena de seis meses a três anos de prisão, revertíveis a
pagamento de multa ou prestação de serviços comunitários.
Inspirado pelo episódio, o cartunista resolveu fazer uma charge a respeito, publicada com exclusividade pelo Sul21.
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