Há
uns três meses um jornalista me telefonou e perguntou se eu sabia que
"numa gaveta em Alvorada havia sido apreendida uma carta que me citava
durante a operação cartola". Um policial havia ligado para ele e
contado. Pedi mais informações e ele me disse que o policial afirmava
que não havia nada demais e que eu podia ficar tranquila.
Ok.
Não tenho como me preocupar pelo que desconheço. Um mês depois sai o
relatório da operação Cartola e outro jornalista me liga e pergunta se
sei que a tal carta foi incluída nos anexos. Disse que não sabia. Liguei
para o chefe da polícia do estado, Del Ranolfo, perguntando o que era,
se precisava fazer algo, o que dizia. Ele me disse para ficar tranquila,
que era uma carta sem muito sentido, de um cara dizendo que deu 10.000
reais para outro cara para minha campanha. E que quando eu tivesse um
tempo eu fosse lá e lesse.
Sei
que os jornalistas tiveram acesso bem antes, aguentei as indiretas de
blogueiros pagos por "adversários" e esperava que isso aparecesse até em
função da candidatura e da minha situação na pesquisa em Porto Alegre.
Mas
não tenho como me dedicar a responder tudo o que qualquer mau caráter
escreve a meu respeito. Inventam casos, fazem ilações, mentem.
Infelizmente, isso faz parte da vida quem luta contra interesses. Desde
as coisas mais ingênuas, até as aparentemente graves, depois de quatro
eleições, já aprendi a ignorar e reagir quando julgo ser sério.
Nesse
caso, até porque não foi levado a cabo nem pela policia nem pelo MP,
julguei algo patético, fruto da disputa política rebaixada da cidade.
Até os valores são patéticos para qualquer campanha.
Quantos
adesivos de carro faço com esse valor? Bem, claro que ignorei que às
vezes a fome e a vontade de comer se encontram. E com a crise no
ministério do esporte os jornais redescobriram a carta! Bem... É da vida
e da disputa. O que posso garantir? Que vou processar esse indivíduo
civil e criminalmente por me envolver em sua disputinha política. Que
vou falar na twitcam e aqui no blog sobre o tema. E que acho o fim
fazerem qualquer ilação que me envolva. Mas... Pelo visto a eleição já
começou. Lamento que a opção de alguns seja pela mentira e tentativa de
destruir a honra dos outros. Não é a minha. E nunca será. Não canso de
repetir: nunca me tornarei igual aos que combato. Em nenhum sentido.
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Quando
soube que essa matéria sairia evidentemente fiquei triste, cansada,
pois não sou duas, essa pessoa sobre quem mentem sou eu. Com mãe, pai,
irmãos, um namorado. Aí recebi duas ligações. Dois amigos. Sem nenhum
vinculo político comigo. Fiquei emocionada. Um deles, adversário limpo,
me fez jurar que eu apenas seria eu mesma durante esses dias mais
difíceis. Que eu lembrasse que não sou importante só para mim, mas que
destruir o símbolo construído é intenção de muita gente, que muitos com
diversos interesses se unem nesse. O outro, sem vínculo partidário e
político nenhum, me disse que maior que o poder da máquina é o poder da
máquina povo. E que me lembrasse disso. Da minha responsabilidade com
essa gente. Também lembrei do Collares. De duas frases ditas em
distintos momentos para mim. "política é prova de resistência e não de
velocidade". E eu resistirei pelo simples motivo que não fiz nada. A
outra ele me disse segunda-feira, em sua casa: deixa eles brigarem
sozinhos. Tu não és disso.
Pois é. Eles brigarão sozinhos. Seguirei trabalhando.
Manuela D´Avila, deputada federal PCdoB-RS
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