Irina Bokova |
“Em
um período de crise econômica e transformações sociais, o trabalho da UNESCO foi
essencial para promover a estabilidade econômica e os valores
democráticos”.
Irina
Bokova,
secretária-geral da UNESCO, ao saber da decisão dos EUA de dar um calote na
entidade.
As
atitudes bestiais dos Estados Unidos, Israel e Canadá em relação à UNESCO
mostram que tipo de escória moral governa esses países. Você provavelmente não
está sabendo, porque essa mídia rastejante calou o bico, por conveniência,
preferindo o exercício da fofoca demolidora e suspeita.
Esses
países resolveram dar um calote na Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura como represália à decisão, amplamente majoritária, que acolheu
o Estado Palestino como membro. Israel, para variar, foi mais além: intensificou
a agressiva implantação de colônias judaicas em território palestino, em ações
que desmascaram seus mentirosos anúncios de negociar a
paz.
Desde
a resolução de 1948 que criou dois Estados na Palestina, só os judeus puderam
instalar-se, isso a custa de guerras e usurpações apoiadas pelas potências
ocidentais e pelas colônias judaicas espalhadas por todo o mundo, principalmente
nos Estados Unidos, de onde exercem a hegemonia financeira
internacional.
O
Estado da Palestina, ao contrário, além de até hoje não ter sido reconhecido,
vem tendo suas fronteiras reduzidas pela força e vê seus direitos nacionais
sucumbirem ano a ano, num sofrimento sem precedente já imposto a um povo
milenar.
Ante
a ostensiva disposição de Israel e dos seus aliados de remeterem para as
calendas o reconhecimento da Palestina, sua liderança optou por pleitear
formalmente o reconhecimento na Assembléia Geral da ONU, este
ano.
Enquanto
a vontade da grande maioria das nações em seu favor é postergada ali pelo poder
de veto dos Estados Unidos, França e Inglaterra, a Autoridade Palestina obteve o
assento na UNESCO, graças à expressiva
decisão de 107 votos a favor, 14 contra e 52 abstenções.
Isso
foi o bastante para que o governo dos Estados Unidos anunciasse a suspensão do
pagamento em novembro de U$ 60 milhões, parte de suas obrigações com o órgão,
que somam U$ 143 milhões a cada dois anos. A represália foi seguida pelo Canadá
e por Israel. Em todos os casos, serão afetados programas da UNESCO em todo o
mundo, inclusive no Afeganistão, como lembrou sua diretora-geral, a búlgara
Irina Bokova, referindo-se aos programas de alfabetização de policiais daquele
país.
“Será
impossível mantermos o nosso nível de atividade atual, uma vez que a suspensão
anunciada da contribuição norte-americana para 2011 afetará imediatamente a
nossa capacidade de manter os programas em domínios críticos.” De acordo com a
diretora da UNESCO, são programas consagrados ao alcance da educação primária
universal, ao apoio às novas democracias e à luta contra o
extremismo.
Não
é a primeira vez que os Estados Unidos investem contra a UNESCO. De
1984 a
2003 o país afastou-se formalmente da organização, negando toda e qualquer
contribuição, sob a alegação de discordar de sua linha de trabalho, de grande
relevância para a educação, a ciência e a cultura, principalmente nos países
pobres.
Desta
vez, porém, essa decisão, anunciada pelo Sr. Barack Obama, está conectada com o
apoio aos extremistas de Israel, que usam de todos os pretextos para
aprofundarem o domínio total e absoluto de áreas pertencentes milenarmente às
populações árabes.
O
boicote à UNESCO acontece às vésperas da votação no Conselho de Segurança da ONU
do pedido de reconhecimento do Estado Palestino, agendada para 11 de
novembro.
E dá
gás para que Israel anunciasse a intensificação das obras para a conclusão de
duas mil unidades habitacionais para colonos judeus - 1650 nos territórios
palestinos em Jerusalém Oriental e os restantes nos assentamentos de Maalé
Adoumim e de Efrat (no sul de Belém, na Cisjordânia). Hoje, já somam 500 mil os
judeus introduzidos pela força em
território palestino, através de colônias construídas pelo governo de
Israel.
De
quebra, o governo israelense decidiu suspender o pagamento de R$ 50 milhões
mensais devidos à Autoridade Palestina por conta da Taxa sobre o Valor
Agregado recolhida
sobre os produtos destinados aos palestinos que transitam pelos portos e
aeroportos israelitas. Esta é a segunda vez neste ano que Israel retém as
receitas que recolhe em nome da Autoridade Palestina. A primeira vez sucedeu o
acordo de reconciliação de do governo do Fatah com o grupo islâmico que controla
Gaza, Hamas, no início deste ano.
Em
horas de violação dos direitos das nações soberanas com a complacência e o apoio
de uma mídia atrelada ao grande capital, era de se esperar que os interesses
coloniais mais insaciáveis ganhassem estímulo e avançassem na busca de
compensações por suas próprias crises,
cada vez mais agudas.
O
projeto sionista é a ponta de lança mais exuberante da usurpação colonialista.
Mas não se limita às suas áreas geográficas.
Quando
penaliza a UNESCO, isto é, quando pune uma organização da ONU que atende a 193
países, o núcleo central do sistema colonial define suas prioridades,
transformando uma injustiça regional no pretexto para atingir todo mundo,
especialmente os mais de 100 países que acolheram o pedido dos palestinos, que
tiveram uma vitória meramente simbólica e que em nada afetariam a estratégia e
os programas da organização internacional.
Por
aí se vê com que tipo de canalhas estamos lidando.
Escrito e enviado por Pedro
Porfírio
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