quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Rede Globo, como sempre, com a polícia da Ditadura e contra os estudantes



Em uma reporcagem de seis minutos e meio, a Rede Globo, através de seu principal telejornal, mostrou mais uma vez com clareza de que lado da sociedade está.
Nunca esteve nem nunca estará ao lado dos oprimidos, dos contestadores, nunca estará ao lado da mudança.
Está ao lado dos opressores, das elites, da alienação e da conservação reacionária. Nesta terça-feira esteve ao lado de uma polícia militarizada, herdada da Ditadura Militar, e esteve contra os estudantes que protestavam contra a truculência dessa polícia.
A reporcagem narra o caso em que a USP foi ocupada pela Polícia Militar e estudantes saíram presos de sua universidade. É o mundo ao avesso, que tanto agrada a esse setor da mídia.
A narração, obviamente, também foi ao avesso: “A Polícia Militar retirou os estudantes que haviam invadido (…), começou Fátima Bernardes, antes de chamar a reportagem de José Roberto Burnier.
A matéria que foi ao ar é uma típica reportagem de guerra. Não poderia deixar de ser assim, se lembrarmos que a PM, altamente militarizada, treinada pela ditadura brasileira, vê sua ação como o simples confronto com o inimigo. Não há, ali, função efetiva de proteção social, mas de ataque.
Burnier, tal qual correspondente de guerra, vai caminhando e falando, escondido atrás dos policiais, como se os estudantes estivessem prontos a abrir fogo. Em nenhum momento ele se põe ao lado dos estudantes, nunca narra a história pela visão deles.
Quando a polícia invade a universidade, Burnier e seu cinegrafista ficam para trás, e as imagens veiculadas são, então, as cedidas pela PM. “A polícia diz que” é o mote geral.
“A manifestação começou quando a polícia prendeu três estudantes com maconha no fim do mês passado”, diz o repórter, esvaziando o debate que se deu com tanta intensidade na última semana. O protesto inicial e a ocupação não se deram em defesa do uso de maconha no campus, mas contra a truculência policial.
A tese da maconha como motivação fundamental das manifestações é reforçada em mais dois momentos.
Primeiro, uma imagem mostra um estudante fumando. Em seguida, já com os estudantes presos e levados em um ônibus para a delegacia, um deles explica a preferência por permanecer no ônibus, e o único trecho veiculado, sem qualquer necessidade, é “aqui a gente conversa com vocês, aqui a gente pode fumar o nosso cigarro”.
Nesse momento já era outro repórter, Alan Severiano, quem conduzia a matéria, direto da delegacia para onde foram levados os “criminosos”. Quando Alan está falando para a câmera, vê-se ao fundo um estudante balançando um livro vermelho. Esse mesmo livro fora retirado da bolsa e exibido por outro rapaz, no momento da prisão.
Naquele momento, o texto da matéria dizia: “Na saída (da USP), um último protesto”. E acabava por aí. Em nenhum dos dois casos houve a preocupação em esclarecer que protesto era aquele, que livro era aquele. Depois da mentira sobre as razões do protesto, agora a omissão.
Mas houve ainda tempo para mais silêncios de quem deveria informar. Antes de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, líder do PSDB e integrante da Opus Dei, dar a mais longa declaração de toda a reportagem (20 segundos), o Jornal Nacional editou para dez segundos a leitura de uma nota dos estudantes presos.
Também foi de dez segundos o tempo para a vazia resposta do major da PM. A edição mostrou o seguinte trecho da nota: Resistimos e nos obrigaram a entrar em salas escuras, agrediram estudantes. Levaram uma das estudantes para a sala ao lado, que gritou durante trinta minutos.
O trecho completo, ocultado pela Globo, retirado da nota publicada na íntegra no site da revista Caros Amigos: Resistimos e nos obrigaram a entrar em salas escuras, agrediram estudantes, filmaram e fotografaram nossos rostos (homens sem farda nem identificação). Levaram todas as mulheres (24) para uma sala fechada, obrigando-as a sentarem no chão e ficarem rodeadas por policiais homens com cacetetes nas mãos. Levaram uma das estudantes para a sala ao lado, que gritou durante trinta minutos, levando-nos ao desespero ao ouvir gritos como o das torturas que ainda seguem impunes em nosso país. Tudo isso demonstra o verdadeiro caráter e o papel do convênio entre a USP e a polícia militar.
A reporcagem do Jornal Nacional:



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