Neste
fim de semana, a presidente Dilma Rousseff concedeu uma importante
entrevista à revista Veja, suposta trincheira do que os blogueiros
supostamente progressistas chamam de “imprensa golpista”. Falou por duas
horas ao diretor Eurípedes Alcântara e aos redatores-chefe Thais Oyama,
Policarpo Júnior e Lauro Jardim. Eis o que há de essencial no
depoimento, onde Dilma aparece magistralmente fotografada por Cristiano
Mariz:
Sobre a crise internacional
“O
Brasil está em uma situação agora em que podemos dizer aos países ricos
que não queremos o dinheiro deles. Eu disse isso com toda a clareza à
chanceler Angela Merkel durante a minha visita à Alemanha.”
Sobre a guerra cambial
“E
o que fazem os investidores? Ora, eles tomam empréstimos a juros
baixíssimos, em alguns casos até negativos, nos países europeus e correm
para o Brasil para aproveitar o que os especialistas chamam de
arbitragem. Eles ganham à nossa custa. Então o Brasil não pode ficar
paralisado diante disso.”
Sobre o protecionismo
“O
protecionismo é uma maneira permanente de ver o mundo como hostil, o
que leva ao fechamento da economia. Isso não faremos. Já foi tentado no
Brasil com consequências desastrosas para o nosso desenvolvimento.”
Sobre a taxa de investimentos
“O
governo vai investir e criar o ambiente de negócios para que isso
ocorra. Os empresários terão de fazer a parte deles, aproveitar as
oportunidades, assumir riscos e deixar aflorar aquilo que Keynes chamava
de espírito animal da livre iniciativa.”
Sobre a corrupção
“Nós
temos de ser o mais avesso possível aos malfeitos. Não vou transigir. É
bom ficar claro que isso não quer dizer que todos os ministros que
deixaram o governo estivessem envolvidos com alguma irregularidade.”
Sobre a expressão faxina ética
“Parece preconceituoso. Se o presidente fosse um homem, vocês falariam em faxina?”
Sobre a crise com o Congresso
“A
tensão é inerente ao presidencialismo de coalizão com base partidária.
No governo passado, perdemos a votação da CPMF, e o céu não caiu sobre a
nossa cabeça.”
Sobre a comparação com Collor, que desprezou o Congresso
“O
que é preciso ter em mente é que as grandes crises institucionais no
Brasil ocorreram não por questiúnculas, pequenas discordâncias entre o
Executivo e o Legislativo. As grandes crises institucionais se
originaram da perda de legitimidade do governante.”
Sobre as relações com a base
“Não gosto desse negócio de toma lá dá cá. Não gosto e não vou deixar que isso aconteça no meu governo.”
Sobre a relação com Lula
“Nós
já divergimos muito no passado e continuamos não concordando em algumas
coisas. Eu tenho uma profunda admiração por ele, uma profunda amizade
nos une. Mas discordamos, sim. Isso é normal.”
Sobre a Copa de 2014
“O Brasil fará a melhor de todas as Copas do Mundo. Querem apostar comigo?”
Sobre a carga tributária
“Os
empresários reclamaram que os impostos cobrados no Brasil inviabilizam
as melhores iniciativas e impedem que eles possam competir em igualdade
de condições no mundo. Eu concordo. Temos de baixar nossa carga de
impostos. E vamos baixá-la.”
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