Do Blog do Kotscho - 15/03/2012
Ricardo Kotscho
"É
censura, é censura", saíram gritando todos ao mesmo tempo os
blogueiros amestrados do Instituto Millenium (entidade criada pelos
velhos donos da mídia para defender seus interesses em nome da liberdade
de expressão), assim que a Comissão de Constituição e Justiça do
Senado aprovou na tarde de quarta-feira o projeto que regulamenta o
direito de resposta na imprensa.
Querem deliberadamente
confundir a opinião pública para defender seus privilégios e a
impunidade dos crimes que cometem contra a "honra, intimidade,
reputação, conceito, nome, marca ou imagem", como está previsto no
texto do projeto aprovado no Senado, que agora deve seguir para a
Câmara.
Censura é proibir previamente algum veículo de publicar
determinada notícia. O projeto não proíbe ninguém de coisa alguma. Ao
contrário, estabelece regras para a publicação do outro lado da
notícia, após a sua divulgação.
Direito de resposta é uma
conquista democrática para que as pessoas ou entidades que se sintam
ofendidas por determinado veículo de imprensa possam recorrer à Justiça
e haja prazos determinados para a reparação dos danos causados pela
publicação.
Desde a revogação da Lei de Imprensa pelo Supremo
Tribunal Federal, em 2009, uma providência defendida por todos os
democratas, a verdade é que não foram definidas outras regras para a
aplicação do direito de resposta previsto na Constituição Federal.
A
comunicação social virou uma terra de ninguém, em que conceder ou não o
direito de resposta depende da boa vontade dos editores, e a Justiça,
quando acionada, sem prazos a respeitar, demora uma eternidade para
decidir, muitas vezes quando o ofendido já não está mais entre nós.
Agora,
o projeto aprovado no Senado concede 60 dias após a publicação da
matéria para apresentarmos o pedido de direito de resposta; o veículo
de imprensa tem sete dias para responder e, se não aceitá-lo, a Justiça
será acionada, tendo 30 dias para decidir sobre a ação.
Desta
forma, a sociedade democrática conquistou o direito de se defender dos
abusos do poder ilimitado da imprensa. Esta regra já existe há séculos e
é respeitada nos países civilizados, sem qualquer ameaça à liberdade
de expressão.
Como jornalista, que começou a trabalhar em 1964, o
ano do golpe, sempre lutei pela liberdade de imprensa, desde os tempos
em que este direito não existia no país, e os mesmos veículos que hoje
falam em nome dela no Instituto Millenium apoiavam o regime militar
que instituiu a censura prévia no Brasil.
O que não posso
defender é a impunidade de assassinos de reputações, veículos e
jornalistas que se aproveitam destes tempos de plena liberdade para
desrespeitar diariamente os princípios básicos da profissão e a honra
alheia.
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Alegre/RS
-
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