FGV-SP
elabora a metodologia do novo índice, a Felicidade Interna Bruta;
intenção é fornecer os resultados ao governo federal para auxiliar no
desenvolvimento de políticas públicas
SÃO
PAULO - A riqueza do País pode começar a ser mensurada de outra forma.
No lugar do Produto Interno Bruto (PIB), a Felicidade Interna Bruta
(FIB). A Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) está empenhada na
elaboração da metodologia do novo índice. A intenção é fornecer os
resultados ao governo federal para auxiliar no desenvolvimento de
políticas públicas.
O
FIB já existe no Butão, um pequeno reino incrustado nas cordilheiras do
Himalaia. Lá, o contentamento da população é mais importante que o
desempenho da produção industrial. O índice pensado pela FGV, no
entanto, não será tão radical. "O PIB será um dos componentes do
cálculo", esclarece Fábio Gallo, professor da FGV-SP que, ao lado de
Wesley Mendes, encabeça o desenvolvimento do estudo.
O
PIB é considerado por diversos especialistas um índice incompleto.
Dados como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou o nível de
segurança das cidades não são contabilizados. Portanto, elencar a
grandeza das nações pelos bilhões acumulados com produção industrial e
comercial, por exemplo, é, para esses especialistas, uma distorção da
realidade.
"Elaborar
o índice que queremos é algo complexo. São muitos dados subjetivos que
variam de Estado para Estado", explica Gallo. Num país do tamanho do
Brasil, com regiões diferentes entre si, a tarefa fica ainda mais
complicada. "Tudo será sob medida para cada uma das regiões. Dessa
forma, chegaremos a bons resultados, que reflitam a situação real do
País", completa Mendes.
Os
professores salientam que o PIB falha ao computar os custos ambientais
e, ao mesmo tempo, inclui em seu cálculo formas de crescimento econômico
prejudiciais ao bem-estar da população. Gastos com crime, atendimento
médico, divórcio e até desastres naturais como tsunamis colaboram para
elevar o PIB.
O
primeiro passo do desenvolvimento da metodologia do FIB brasileiro já
foi dado pela FGV, e mostra que a riqueza econômica não é o principal
fator de felicidade da população. Um questionário com jovens adultos de
São Paulo e de Santa Maria, pequena cidade no interior do Rio Grande do
Sul, mostrou que o índice de satisfação dos jovens gaúchos é 22,5% maior
que o dos paulistanos. Entre os 11 aspectos de vida estudados, os mais
relevantes para a percepção de satisfação foram vida social, situação
financeira e atividades ao ar livre.
Ainda
de acordo com essa primeira etapa da pesquisa, a principal preocupação
dos paulistanos é com segurança pessoal, enquanto a principal satisfação
é com perspectivas de crescimento acadêmico. Entre os gaúchos, a
preocupação é com as expectativas de conseguir um bom trabalho. A
satisfação é com a boa vida social. "Sociedade feliz é aquela em que
todos têm acesso aos serviços básicos de saúde, educação, previdência
social, cultura, lazer", afirma Fábio Gallo.
Instituto de Finanças
Com
a melhoria da renda média do brasileiro e a estabilização econômica,
temas como os investimentos e a qualidade de vida ganham espaço. É de
olho nessa tendência que a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP)
criou o Instituto de Finanças. A elaboração da metodologia do índice
que medirá a felicidade do brasileiro é uma das iniciativas do novo
Instituto.
Maria
Tereza Fleury, diretora da FGV, explica que o núcleo de estudos deve
ter a mesma representatividade que o Ibre (Instituto de Economia da
FGV-RJ) conquistou. "Estamos unindo uma série de iniciativas que já
existiam. Agora, teremos uma forte sinergia interna que vai colaborar
com o desenvolvimento de diversos tópicos da sociedade", avalia a
executiva.
O
instituto será coordenado por João Carlos Douat, doutor em
administração de empresas. Sob sua coordenação estarão 11 núcleos e cada
um será administrado por um ou dois professores da universidade. No
total, são 37 docentes envolvidos com a criação do Instituto de Finanças
e pouco mais de 3 mil alunos que já estão matriculados terão acesso às
novidades.
"Somo
uma instituição privada e, portanto, isenta de interferências
governamentais. Como temos autonomia, creio que podemos colaborar com a
elaboração de bons índices para auxiliar no desenvolvimento de boas
políticas à sociedade", completa Maria Tereza.
O
índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), por exemplo, será produzido
pelo núcleo de Estudos de Felicidade e Comportamento Financeiro, que
terá gestão de Fábio Gallo e Wesley Mendes.
No
LabFin, o laboratório de finanças, coordenado pelo professor Rafael
Schiozer, os alunos farão simulações de investimentos. "Vamos simular a
elaboração de carteiras de renda variável e fixa", diz Schiozer.
"Queremos formar bons gestores de fundos. Isso é algo inédito no
Brasil", reforça.
O
professor Antônio Gledson de Carvalho ficará encarregado do núcleo que
reúne os docentes que lecionam e orientam os alunos nos cursos de
mestrado e doutorado. "Neste momento estamos estruturando uma
pós-graduação específica sobre o mercado financeiro", diz Carvalho.
Além
desses assuntos, as microfinanças também estão contempladas com um
núcleo que será gerido por Lauro Gonzalez. Finanças internacionais,
private equity, gestão bancária e contabilidade estão entre os conteúdos
contemplados. Outros nomes como Willian Eid Júnior, David Hastings e
José Evaristo dos Santos também estão envolvidos no instituto.
TV financeira
Para
divulgar os conteúdos produzidos pelo Instituto de Finanças e ter um
canal aberto com quem não é aluno da FGV, a fundação prepara também um
programa de educação financeira. "Será uma linguagem diferente. Queremos
atrair a atenção das pessoas para este tema", diz o professor Fábio
Gallo.
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