Do Conversa Afiada - Publicado em 10/03/2012
Mino: no meu tempo, já tinha botado fogo nisso aqui
O
Conversa Afiada reproduz texto da
Carta Capital:
Mino
Carta, o diretor de redação de CartaCapital, palestrou na Faculdade de
Direito do Largo São Francisco, da USP, na noite desta sexta-feira 9.
Em pauta: a leniência da mídia com a “casa grande” da sociedade
brasileira, a regulamentação da mídia e os prós e contras do governo de
Luiz Inácio Lula de Silva.
O
diretor de redação da Carta defende uma regulamentação dos meios de
comunicação a fim de se evitar monopólios de mídia. “Deveria haver uma
lei que impedisse que as grandes empresas fossem donas de tudo. Nos
países democraticamente mais avançados já existe essa regulação”,
afirmou.
Mino
enfatizava sua decepção com a população brasileira, uma vez que mesmo
sabendo de todos os problemas do governo continua inerte. “O Brasil é
um dos principais países em desigualdade social. Recentemente outros
seis brasileiros entraram na lista de pessoas mais ricas do mundo,
enquanto a população de miseráveis é vasta”, contabilizou.
A
mídia é uma das responsáveis por essa inércia, segundo ele. O
jornalista declarou que o papel da imprensa seria o de ter uma
disposição corajosa em enfrentar o governo, mas costuma fazer o oposto.
“A imprensa nativa é parte integrante do poder, por isso está sempre a
favor da ‘casa grande.’” Carta lembrou o exemplo da campanha de
reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, construída sobre a
garantia da estabilidade do real. A mídia o considerava candidato
ideal para o Brasil naquele momento, mas omitiu que 12 dias após
assumir o poder, FHC mudou a moeda. “A imprensa se esforça para
esconder os fatos e a população vive na ignorância. E a minoria mais ou
menos abastada acredita nas mentiras oferecidas pelos meios de
comunicação”, comentou.
Quando
questionado sobre a posição política de CartaCapital, Mino Carta
admitiu a “simpatia desabusada” que a publicação sente em relação aos
governos de Lula e Dilma. “Nós achamos fantástico o fato de um operário
ter chegado à presidência da república, mas isso não fez com que
deixássemos de criticar algumas medidas adotadas por ele”, ressalvou.
Mino
cita o caso da Copa do Mundo de 2014. “Sediar o mundial de futebol foi
uma medida populista adotada por Lula e Dilma é quem está tendo que
lidar com os problemas”, explicou. Para ele, o fato de ela ter feito a
concessão aos aeroportos foi uma medida desesperada para evitar um
desastre durante o campeonato. E teorizou: “Se a Copa for um fracasso,
isso vai repercutir no mundo inteiro e provavelmente vai destruir a
campanha de reeleição”.
Ele
também recordou seus tempos de faculdade. Ele contou que em 1952,
quando cursava Direito no próprio Largo São Francisco, a faculdade
fervilhava com o movimento estudantil. “Se tudo que acontece hoje em
dia fosse naquele tempo, nós já teríamos incendiado esse prédio”,
brincou.
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