Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Um dia escrevi que se o golpe vier, Lula tem de ir às ruas. É o título
do artigo. Muitos leitores concordaram comigo. Entretanto, outros me
contestaram, e alguns resolveram optar pelas ofensas pessoais. Até
entendo, porque faz parte do processo quando você escreve para o público
e em sites ou portais que milhares de pessoas acessam-nos diariamente e
emitem suas opiniões e defendem seus princípios políticos, de classe
social, suas ideologias e até mesmo seus preconceitos, alguns com
conotações raciais ou estéticas. Enfim, compreendo... a selvageria é
inerente àqueles que querem um país para poucos.
Lula
é boxeador competente. Ele conhece a vida. O problema é que a direita é suja
— canalha.
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Contudo, o que eu não
compreendo é a falta de reação do Governo trabalhista e do PT, no sentido de
serem mais assertivos no que se trata sobre o embate político e à rápida
resposta aos ataques de um sistema midiático de direita, que se associou a
homens e mulheres membros do Poder Judiciário, que resolveram fazer política,
inclusive a partidária, pois se aliaram, e às claras, com o trinômio PSDB, DEM
e PPS, partidos de essência conservadora, derrotados nas últimas três eleições
para presidente da República e que recentemente perderam a prefeitura de São
Paulo para o PT de Lula e Fernando Haddad, que vai assumir em 2013 a cadeira de
prefeito.
A política é
como o boxe: quem não bate, apanha. O PT, partido forjado nas fábricas do ABCD
e também na USP para o desgosto dos quatrocentões patrimonialistas, sempre foi
uma agremiação política aguerrida e disposta a enfrentar qualquer tipo de
embate e de luta política. Hoje um amigo meu e ex-colega de trabalho e que vota
em candidatos e partidos conservadores me enviou a seguinte mensagem: “Se
prepara mano velho que agora é só pedrada”. Ele tem razão quando o PT e o
Governo recuam e aceitam que a eles sejam imputadas inverdades, leviandades
cometidas por gente que se veste de Batman e que se estivesse em um balé
quereriria tomar o lugar do bailarino protagonista. Gente que acusa integrantes
do PT até de crimes que nunca cometeram.
A
desfaçatez é tão surreal, que quando a Polícia Federal investiga e prende
servidores públicos e políticos da base do Governo trabalhista ou do PT, suas
ações são consideradas republicanas. Todavia, quando a PF efetiva ações em que
estão envolvidos empresários, políticos da oposição, membros da PGR e do STF e
jornalistas militantes da imprensa conservadora de negócios privados, o Governo
e o PT são acusados de “aparelhar o estado”, evidência que tem forte
conotação política, porque a verdade é que a direita está a afirmar que o
Partido dos Trabalhadores atua de forma stalinista, quando a realidade é que o
PT no poder é profundamente democrático e tão republicano que hoje tem de enfrentar
juízes e promotores nomeados por ele, que lhe fazem uma oposição desleal e que
tem por finalidade desgastar e desconstruir suas representatividades
proeminentes, com o intuito de ajudar o PSDB vencer as eleições presidenciais
de 2014.
Esse é
o modus operandi de um Judiciário e de uma imprensa que lutam
desesperadamente para manter intactos o status quo dos inquilinos da
Casa Grande. O STF judicializou a política. A PGR a criminalizou. E os barões
donos da mídia monopolizada tratam de divulgar os supostos escândalos, de forma
sistemática e que denotam todo o ódio e o desprezo que a classe rica e muita
rica tem pelo Brasil, pelo seu povo e principalmente pelos políticos
trabalhistas que conquistaram o poder por intermédio do voto e que hoje sofrem com
um processo draconiano de propósito golpista, que dia a dia, mês a mês e ano a
ano tenta desconstruir a imagem de um político respeitado e considerado pelo
povo brasileiro, bem como admirado profundamente no exterior, pois tratado como
mito político e humano decorrente de sua espetacular biografia.
A nossa
“elite” controladora dos meios de produção é ridícula, provinciana e
intelectualmente limitada e desonesta. Temos uma imprensa que caça o Lula e por
isso o ex-mandatário se tornou um alvo de enorme repercussão. É a única
imprensa que faz oposição a um ex-presidente, político que saiu do poder e por
isso não tem mandato. E sabem por quê? Porque quando ela pensa em Getúlio sente
calafrios. Enquanto em outros países a oposição combate quem está no poder, no
Brasil acontece o contrário, porque nós temos a pior classe rica do planeta,
herdeira de uma escravidão que teve a duração de 350 anos e que explorou de
forma infame cerca de quatro milhões de africanos, em um tempo remoto, praticamente
sem tecnologias. Os proprietários da Casa Grande jamais vão perdoar a Senzala,
que ousou entrar no Palácio da Alvorada, pisar em seus luxuosos tapetes e
sentar na cadeira presidencial, por intermédio de Lula.
Tal
acontecimento foi de mais para essa gente branca, de olhos azuis, ternos
alinhados e perfumes caros, que se comporta como se fosse "superior",
porque que vive de forma abastada e farta por causa da dedicação, da
determinação e do talento do seu empregado, o trabalhador brasileiro, a quem
ela pouco emprega, porque, proporcionalmente, quem contrata no Brasil são os
micro e médios empresários, que, nos governos trabalhistas de Lula e de Dilma
foram considerados e respeitados e por isso receberam crédito por meio dos
bancos de fomento, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e até mesmo o
BNDES, que, para quem se interessar saber, empresta três vezes mais do que o
Banco Mundial — o Bird.
Além
disso, Lula pagou a dívida externa, as reservas do Brasil são da ordem de R$
400 bilhões e, no decorrer de dez anos, os governantes trabalhistas fizeram o
Brasil crescer exponencialmente, os salários aumentaram de valor e o desemprego
é quase um risco nas estatísticas, ou seja, vivemos o pleno emprego. Somente
para ficar nisso, porque se não eu teria de me alongar. Esse conjunto de
conquistas e de melhorias sociais e econômicas gerou um ódio incomensurável nas
classes sociais preconceituosas, levianas e tolas, pois que não percebem ou se
negam a perceber que um Brasil robusto economicamente e politicamente propicia
desenvolvimento, distribuição de renda e de riqueza ao conjunto da sociedade e
não apenas, por exemplo, aos acionistas das empresas de energia cujos
interesses foram defendidos pelos governadores tucanos de São Paulo, Goiás,
Paraná, Minas Gerais, bem como pelo aliado do PSD de Santa Catarina, que
boicotaram o projeto do Governo trabalhista de baixar os preços das tarifas de
energia, que tem o apoio dos empresários da Fiesp e da Firjan.
A
direita tucana é tão leviana e descompromissada que sabotou a diminuição do
preço da energia. Essa gente é tão midiática e judiciária (o STF é o alicerce
das "elites") que defende privilégios, quer um Brasil VIP e,
portanto, para poucos, exatamente aqueles que se consideram escolhidos, quiçá,
por Deus. Afinal, eles rezam com os padres Marcelo Rossi ou Zezinho, além de
terem o apoio incondicional do Opus Dei. Se tiver dúvida, pergunte ao José
Serra e ao Estadão. É muita falta de nonsense, um disparate. Lula
é o alvo. Juízes, procuradores, barões da imprensa, jornalistas e políticos
conservadores a serviço do establishment e por causa dessa
realidade precisam derrotar os trabalhistas como fizeram com Getúlio Vargas e
João Goulart, que edificaram as bases do Brasil moderno e civilizaram a nossa
sociedade por intermédio das leis trabalhistas.
É um
acinte, um despropósito e uma inconveniência a atuação política dessa gente que
quer transformar o Brasil em um grande Paraguai, que amarga forte censura ao
ficar fora das decisões da Unasul e do Mercosul. É tal qual eu li outro dia: as
classes hegemônicas desse País, na verdade, gostariam que o tempo voltasse e
que o nosso Brasil ficasse congelado no tempo, a continuar a ser um gigantesco
fazendão de plantação de café ou de cana de açúcar. O País do café e da garapa.
Seria ótimo para eles. Super cômodo. Afinal, os colonizados com um imenso complexo de vira-lata se quiserem tomar um banho de civilização bastaria ir à Corte, como o fez, de forma ridícula e sem noção, o senhor Paulo Francis. Hoje, por causa do Lula, a Danuza Leão tem de comprar passagens para ir a Nova York, Paris ou Londres juntamente com seu porteiro. Danuza não tem culpa de sua iniquidade, mas ela poderia deixar de fora o rei da selva, que tem de lutar duramente para sobreviver — o Leão.
Seria ótimo para eles. Super cômodo. Afinal, os colonizados com um imenso complexo de vira-lata se quiserem tomar um banho de civilização bastaria ir à Corte, como o fez, de forma ridícula e sem noção, o senhor Paulo Francis. Hoje, por causa do Lula, a Danuza Leão tem de comprar passagens para ir a Nova York, Paris ou Londres juntamente com seu porteiro. Danuza não tem culpa de sua iniquidade, mas ela poderia deixar de fora o rei da selva, que tem de lutar duramente para sobreviver — o Leão.
Contudo, não vai ser possível para os imperialistas de pensamentos colonizados
viverem em um mundo à imagem deles refletida na abominável Casa Grande. Um
lugar onde poucos se locupletam e se divertem, enquanto a enorme maioria fica a
sofrer na Senzala, a fim de propiciar aos herdeiros dos escravos e às suas
dondocas as delícias e as satisfações adquiridas com a pobreza e o trabalho da
maioria. É disto que se trata. Por isto e por causa disto, a burguesia jamais
vai esquecer o Lula, mesmo se ele estiver fora do poder. A esquerda tem de
reagir, porque a política é como o boxe: quem não bate, apanha. É isso aí.
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