O momento de pensar grande
Nos
anos 80 todas as experiências foram permitidas, porque o país
naufragava na inflação. A economia virou um laboratório conduzido por
economistas destrambelhados, atuando sem limites políticos ou jurídicos.
No início dos anos 90, tudo foi ousado, mas sem o menor método e discernimento.
Na
primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso havia uma geração de
pensadores sequiosos por inovar a administração pública, as organizações
sociais, definir novos modelos de governança, tudo dentro de um
ambiente de racionalidade.
A falta de apetência administrativa de FHC matou as iniciativas, inclusive algumas experiências pioneiras de gestão pública.
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Com
Lula, houve ousadia nas políticas sociais, graças à excepcional
experiência acumulada por organizações sociais associadas ao governo. Na
política econômica e na gestão pública, no entanto, ocorreu um
congelamento espantoso. Subordinou-se tudo ao hiper-realismo do Banco
Central de Henrique Meirelles e à Fazenda de Antônio Palocci.
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O
país começou a perseguir novos paradigmas na montagem do conceito do
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) – destravando os
investimentos públicos – e, mais recentemente, arrostando uma série de
dogmas financistas: redução da taxa Selic, mudança do câmbio,
desonerações tributárias.
Empregaram-se
modernas técnicas de gestão, com todas as dificuldades inerentes à
área pública. Mas ainda se pratica um arroz-com-feijão precário.
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Não
se vá esperar que o país supere atrasos seculares em inúmeras áreas –
saúde, educação, segurança, regiões metropolitanas – repetindo o que
outros países fizeram décadas atrás, em um mundo com menos experiências
para serem analisadas e menos tecnologia a se recorrer. Há que se
pensar grande e de forma inovadora.
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Ontem expus as ideias para a educação que se tinha nos anos 70 – e que jamais foram implementadas.
Ora,
por que não começar com projetos pilotos, a definição de um método
pedagógico alternativo, que troque o modelo de ensino em massa pelo
método do ensino individualizado, no qual os alunos vão passando de
classe sem se fixarem no calendário gregoriano?
É
evidente que não se pode promover maciçamente mudanças dessa natureza
sem um período de experimentação. Ora, convoquem-se os pedagogos,
defina-se nova grade amarrada a conteúdo e sem as limitações do fator
tempo. Depois, aguarde-se que escolas públicas ou privadas adiram
espontaneamente, de maneira a criar uma massa crítica inicial de oferta
de vagas.
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Hoje
em dia, há políticas ousadas sendo aplicadas na cidade do Rio de
Janeiro – as novas modalidades de parcerias público-privadas –, em Porto
Alegre – as redes sociais de fiscalização dos serviços públicos. Há a
Lei de Transparência abrindo uma avenida de possibilidades de
fiscalização dos atos públicos.
Fala-se
muito em importação de cérebros. Ora, que se importem os especialistas
que revolucionaram a logística do atendimento de ambulâncias em Nova
York, os especialistas em saúde britânicos, os acadêmicos
norte-americanos que participaram da formulação de políticas de inovação
para pequenas e micro empresas.
É o momento de se pensar grande.
Um vídeo que poderá te estimular a pensar grande no dia a dia:
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