“Pela primeira vez no continente, políticas que reestruturam os
sistemas de comunicação prosperam nas agendas públicas. É uma tentativa
de superar a histórica letargia do Estado diante da avassaladora
concentração das indústrias de informação e entretenimento nas mãos de
um reduzido número de corporações, quase sempre pertencentes a dinastias
familiares”. A afirmação é de Dênis de Moraes, autor do livro recém-lançado pela Mauad Vozes abertas da América Latina: Estado, políticas públicas e democratização da comunicação. Na entrevista que concedeu por e-mail para a IHU On-Line
sobre a obra, ele declara que “a chamada grande imprensa é a primeira a
faltar com isenção e neutralidade quando intenta orientar
ideologicamente os leitores, em editoriais e artigos; quando adota
juízos particulares para selecionar, tratar e hierarquizar as
informações; quando exerce controle sobre o que vai ser difundido,
restringindo, silenciando ou amplificando questões e pontos de vista;
quando nos diz quais são os escândalos, as crises, os banhos de sangue e
as tragédias que devem ser conhecidos, discutidos, aceitos, rejeitados
ou tolerados; quando espetaculariza situações e até guerras e
atentados, seja para despertar comoção e adesão, seja para infundir
ódio e preconceito, ou mesmo para naturalizar desigualdades; e ainda
quando descontextualiza e isola as notícias de suas causas ou
consequências históricas, políticas e culturais”. E conclui: “o
prosseguimento das transformações em curso na América Latina dependerá,
fundamentalmente, de vontade política permanente e de uma sólida
sustentação popular às iniciativas democratizadoras de governos
progressistas”.
Dênis de Moraes, (foto ao lado), é professor do Departamento de Estudos
Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense, pesquisador do
CNPq e da Faperj, autor e organizador de vários livros, entre os quais Mutações do visível: da comunicação de massa à comunicação em rede (Rio de Janeiro: Pão e Rosas Editora, 2010), A batalha da mídia (Rio de Janeiro: Pão e Rosas Editora, 2009), Sociedade midiatizada (Rio de Janeiro: Mauad, 2006) e Por uma outra comunicação (Rio de Janeiro: Record, 2003).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Que relações podem
ser estabelecidas entre as novas ações comunicacionais e os
reordenamentos políticos, econômicos e socioculturais promovidos por
“governos eleitos com as bandeiras da justiça social e da inclusão das
massas nos processos de desenvolvimento”?
Dênis de Moraes – O debate sobre a participação do poder público
nos sistemas de comunicação da América Latina ganhou ímpeto com o
consenso estabelecido entre governos progressistas quanto à importância
de se fortalecer a pluralidade e facilitar o acesso dos cidadãos à
informação, ao conhecimento e às tecnologias. Pela primeira vez no
subcontinente, políticas que reestruturam os sistemas de comunicação
prosperam nas agendas públicas. É uma tentativa de superar a histórica
letargia do Estado diante da avassaladora concentração das indústrias
de informação e entretenimento nas mãos de um reduzido número de
corporações, quase sempre pertencentes a dinastias familiares. As
pretensões monopólicas foram beneficiadas por legislações omissas ou
complacentes e pela adesão de sucessivos governos às doxas neoliberais
do “Estado mínimo” e do “máximo de mercado”.
O que governos progressistas almejam agora são intervenções que, mesmo
quando limitadas ou parciais, diversifiquem os meios de comunicação.
Tornam-se essenciais a discussão e a fixação de critérios e parâmetros
de interesse social para a definição das linhas gerais de programação
das empresas concessionárias de rádio e televisão, bem como a renovação
de marcos regulatórios para as outorgas de canais; a descentralização
dos meios de veiculação; o fomento ao audiovisual independente; o
estabelecimento de cotas de produção, distribuição e exibição de
conteúdos nacionais nos cinemas e nas televisões aberta e paga; e a
integração cultural em bases cooperativas.
O fato alentador, na América Latina, é a conversão de algumas dessas
premissas em fontes inspiradoras de políticas públicas. Há uma série de
coincidências nos modos de repensar a atuação do Estado, a começar pelo
entendimento de que as questões comunicacionais dizem respeito, na
maioria das vezes, aos interesses coletivos. Não podem restringir-se a
vontades particulares ou corporativas, pois envolvem múltiplos pontos de
vista. Cabe ao Estado um papel regulador, harmonizando anseios e
zelando pelos direitos à informação e à diversidade cultural. Também
existe consenso quanto à importância de se repor o papel do Estado como
articulador e gestor de plataformas de comunicação e como fomentador de
espaços autônomos de expressão no seio da sociedade civil, evitando-se
que os canais informativos e de entretenimento fiquem concentrados no
setor privado.
IHU On-Line – Quais as principais mudanças nos sistemas de comunicação na América Latina?
Dênis de Moraes – As providências antimonopólicas variam de país
para país, refletindo peculiaridades socioculturais e correlações de
força específicas de cada cenário político. O bloco mais ativo é
formado por Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina, cujos governos são
ostensivos na rejeição ao monopólio privado da mídia e ao seu
desmedido predomínio na vida social. Entre as medidas que vêm sendo
tomadas, devemos destacar as novas legislações para a radiodifusão sob
concessão pública, a fim de coibir a concentração dos setores de rádio e
televisão nas mãos de poucos grupos privados. As disposições legais
visam assegurar condições equânimes em termos de acesso, participação e
representatividade nos sistemas de radiodifusão, para que haja
equilíbrio nas prerrogativas de atuação entre três instâncias
envolvidas: o próprio Estado (com serviço público de qualidade e
diversificado), o setor privado (com fins lucrativos e responsabilidades
sociais bem definidas) e a sociedade civil (movimentos sociais,
comunitários e étnicos, universidades, associações profissionais,
produtores independentes, etc.).
Um exemplo a ser seguido é o da Lei de Serviços de Comunicação
Audiovisual, da Argentina, sancionada pela presidenta Cristina Kirchner
em 10 de outubro de 2009. Segundo o Comitê para a Liberdade de
Expressão da Unesco, é uma das legislações antimonopólicas mais
avançadas do mundo. Trata-se de um marco regulatório abrangente para a
comunicação midiática, incluindo convergência digital entre TV a cabo,
telefonia e internet, e um regime de outorgas em condições equitativas e
não discriminatórias, impedindo a concentração de canais de TV aberta e
paga e rádio AM e FM por grupos midiáticos, além de determinar que
nenhuma concessionária de rádio e TV pode ter uma área de cobertura que
ultrapasse 35% da população do país. Ainda em 2011, a agência
reguladora do audiovisual, criada pela lei, promoverá, por editais
públicos, a licitação de nada menos de 110 canais digitais de televisão
aberta, em todo o país, destinados a setores sociais e comunitários
sem fins lucrativos.
Têm havido ainda progressos consideráveis em termos de reconhecimento
legal da radiodifusão comunitária como um dos instrumentos de expressão
dos setores sociais e populares, sobretudo em países como Uruguai,
Bolívia, Venezuela, Paraguai e Equador.
É importante mencionar outras ações governamentais, em andamento ou
planejadas, tais como apoios institucionais a meios alternativos e
comunitários, fomento ao audiovisual independente e à produção cultural
nacional, reorganização da comunicação estatal e fortalecimento da
cooperação regional em moldes não mercantis.
Para tentar se contrapor às sistemáticas campanhas opositoras da mídia
comercial, os governos de Venezuela, Equador, Bolívia e Paraguai estão
ampliando seus sistemas de comunicação, lançando jornais diários ou
semanais, com preços simbólicos, para divulgar suas realizações e expor
seus pontos de vistas, tendo como público-alvo leitores das classes
populares, que, por razões econômicas e culturais, geralmente têm
poucas oportunidades de acesso a fontes diversificadas de informação.
No plano televisivo, merecem ser lembradas as experiências promissoras
de canais estatais de televisão educativa e cultural, como Encuentro
(Argentina), Vive (Venezuela) e EcuadorTV, além do canal multiestatal
Telesur (que tem, entre seus acionistas, os governos de Venezuela,
Bolívia, Equador, Argentina, Cuba e Nicarágua). Nesse sentido, há
governos latino-americanos que se tornam operadores de mídia, sem fins
lucrativos, com o propósito de ampliar seus espaços de veiculação e de
interferência junto à opinião pública, mesmo que sejam muito desiguais
as condições de concorrência com o poder da mídia comercial.
IHU On-Line – Quais os principais obstáculos para que esse processo de democratização da comunicação prospere na América Latina?
Dênis de Moraes – A América Latina vive uma batalha midiática
sem precedentes, em função das resistências e tensões patrocinadas por
corporações midiáticas contra as medidas que governos progressistas têm
procurado implementar para tentar democratizar os sistemas de
comunicação. As campanhas opositoras da mídia denunciam “ameaças à
liberdade de expressão” que estariam sendo praticadas por governos
progressistas, sempre que decidem instituir legislações
antimonopólicas. O propósito, deliberado, mas não assumido publicamente,
dessa argumentação facciosa é impedir um convencimento mais amplo em
torno da necessidade de garantir diversidade informativa e cultural.
Editoriais falam em hipotéticos riscos de “censura” e “dirigismo
estatal”. Ora, certos grupos midiáticos que os publicam não têm
autoridade moral e ética para fazê-lo. Com honrosas exceções, a chamada
grande imprensa é a primeira a faltar com isenção e neutralidade quando
intenta orientar ideologicamente os leitores, em editoriais e artigos;
quando adota juízos particulares para selecionar, tratar e
hierarquizar as informações; quando exerce controle sobre o que vai ser
difundido, restringindo, silenciando ou amplificando questões e pontos
de vista; quando nos diz quais são os escândalos, as crises, os banhos
de sangue e as tragédias que devem ser conhecidos, discutidos,
aceitos, rejeitados ou tolerados; quando espetaculariza situações e até
guerras e atentados, seja para despertar comoção e adesão, seja para
infundir ódio e preconceito, ou mesmo para naturalizar desigualdades; e
ainda quando descontextualiza e isola as notícias de suas causas ou
consequências históricas, políticas e culturais.
O jurista Fábio Konder Comparato foi lúcido e preciso ao salientar que
o conceito de liberdade de expressão está indissociavelmente vinculado
aos direitos públicos e às aspirações coletivas, sem qualquer
subordinação a interesses privados ou ambições particulares. Na
verdade, qualquer modificação que possa afetar as receitas dos grupos
midiáticos com as joias da coroa – as licenças de canais de rádio e
televisão – é rechaçada pela violência discursiva dos grupos
midiáticos. Como se as outorgas de radiodifusão fossem propriedades
exclusivas, quando, apenas, são concessões do poder público, com prazo
de validade fixado em lei, sendo renováveis ou não. É uma batalha
difícil de ser travada, porque os governos progressistas não dispõem da
potência de difusão dos conglomerados privados, nem a influência
social daí decorrente.
O prosseguimento das transformações em curso na América Latina
dependerá, fundamentalmente, de vontade política permanente e de uma
sólida sustentação popular às iniciativas democratizadoras de governos
progressistas. Os instrumentos legais que podem viabilizar o
reequilíbrio e a descentralização dos sistemas de comunicação são
indispensáveis, mas as mudanças dependem de um leque de ações
coordenadas e permanentes, e não apenas da letra de forma jurídica. Até
porque não adianta ter princípios gerais democráticos se não houver a
determinação política de governantes de fazer valer normas,
regulamentações e procedimentos que garantam a sua aplicação. Além de
leis que impeçam práticas monopólicas, uma nova feição dos sistemas de
comunicação depende de políticas públicas consistentes, debatidas e
formuladas em sintonia com anseios de segmentos reivindicantes da
sociedade civil.
IHU On-Line – Como o senhor
qualifica, de modo geral, as políticas públicas na área da comunicação
no Brasil? Quais as principais urgências e os maiores desafios?
Dênis de Moraes – A legislação de radiodifusão brasileira
continua sendo uma das mais anacrônicas da América Latina. Até hoje,
não foram regulamentados os artigos 220 e 221 da Constituição
promulgada em 5 de outubro de 1988, que, respectivamente, impedem
monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação de massa (art. 220, §
5º) e asseguram preferência, na produção e programação das emissoras de
rádio e televisão, a “finalidades educativas, artísticas, culturais e
informativas”, além da “promoção da cultura nacional e regional e
estímulo à produção independente que objetive sua divulgação” (art. 221,
I e II). O imobilismo dos sucessivos governos chega a ser alarmante.
As políticas públicas de comunicação, quando existem, são absolutamente
tímidas, limitadas, fragmentadas e desencontradas. Não há uma visão
estratégica, por parte do poder público, sobre o estratégico campo da
comunicação de massa. Isso é grave porque as políticas públicas são
indispensáveis para a afirmação do pluralismo, como também para definir o
que deve ser público e o que pode ser privado, resguardando o
interesse coletivo frente às ambições particulares.
As consequências do imobilismo são de várias ordens. Persiste o
coronelismo eletrônico (concessões diretas ou indiretas de licenças de
rádio e televisão a parlamentares e políticos profissionais). Entidades
que defendem a democratização da comunicação frequentemente protestam
contra o fechamento de rádios comunitárias, com a apreensão, autorizada
pela Anatel ou por mandados judiciais, de equipamentos pela Polícia
Federal e o indiciamento dos responsáveis com base em dispositivos
ultrapassados do Código Brasileiro de Telecomunicações (1962) e da Lei
Geral de Telecomunicações (1997). Torçamos para que a presidenta Dilma
Rousseff leve adiante o Plano Nacional de Outorgas para Rádios
Comunitárias, lançado por ela em março de 2011 com o objetivo de tornar
mais ágil o processo de autorização das emissoras e dar mais
transparência aos trâmites exigidos.
De maneira geral, tem-se a percepção de que os governos se omitem em
relação ao grave problema da concentração monopólica da mídia, por
receio de contrariar os grandes grupos privados que controlam, há
décadas, o setor.
Não é por falta de diagnósticos abrangentes e de proposições consequentes que não se renova o sistema de mídia do Brasil. A 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em dezembro de 2009 com a expressiva participação de delegados escolhidos por entidades da sociedade civil, pelo empresariado e pelo próprio governo, foi um marco histórico em termos de esclarecimento e discussão pública das questões comunicacionais, tendo sido precedida por uma série de conferências estaduais e municipais. A Confecom definiu os temas prioritários que devem ser enfrentados pelo poder público para a democratização da comunicação no país. E, no entanto, um ano e meio depois, a imensa maioria das 633 proposições da Conferência, ao que se sabe, ainda não foi incorporada à ação governamental.
Não é por falta de diagnósticos abrangentes e de proposições consequentes que não se renova o sistema de mídia do Brasil. A 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em dezembro de 2009 com a expressiva participação de delegados escolhidos por entidades da sociedade civil, pelo empresariado e pelo próprio governo, foi um marco histórico em termos de esclarecimento e discussão pública das questões comunicacionais, tendo sido precedida por uma série de conferências estaduais e municipais. A Confecom definiu os temas prioritários que devem ser enfrentados pelo poder público para a democratização da comunicação no país. E, no entanto, um ano e meio depois, a imensa maioria das 633 proposições da Conferência, ao que se sabe, ainda não foi incorporada à ação governamental.
IHU On-Line – Quais os principais impasses que impedem a real democratização da comunicação em nosso país?
Dênis de Moraes – Historicamente, tem faltado vontade política à
Presidência da República e a uma parte ponderável do Congresso
Nacional para assumir a causa urgente da democratização da comunicação.
É uma lástima que, nesse campo, o Brasil esteja na vanguarda do atraso
na América Latina. Basta olhar a maioria dos países vizinhos para
verificarmos como o nosso país ficou para trás, nos últimos anos, em
termos de providências governamentais em prol da diversidade
informativa e cultural. Espero que a presidenta Dilma rompa com a
inércia de seus antecessores e demonstre vontade política e coragem
para promover mudanças significativas no atual sistema de comunicação, a
partir de consultas aos setores da sociedade civil envolvidos na
questão. Dilma poderia inspirar-se no processo participativo que a
presidenta Cristina Kirchner liderou na Argentina, com vistas à
elaboração da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual. Cristina
ouviu, em audiências públicas na Casa Rosada, as avaliações e
reivindicações de representantes das centrais sindicais, das associações
profissionais e comunitárias, da Igreja, das universidades, dos
organismos de direitos humanos, do empresariado da mídia e da Coalizão
por uma Radiodifusão Democrática, entre outros participantes. Vários
pleitos apresentados à presidenta foram incorporados ao anteprojeto,
depois convertido em lei pelo Congresso, com apoio da maioria
parlamentar governista. E tudo isso enfrentando as fortes pressões e
resistências dos grupos midiáticos e seus aliados. Cristina não recuou
em momento algum.
IHU On-Line – Em que sentido a obra de Eduardo Galeano lhe inspirou para o livro em questão?
Dênis de Moraes – O título de meu livro, intencionalmente,
inspira-se no clássico do mestre Eduardo Galeano, As veias abertas da
América Latina, escrito na sombria era das ditaduras militares, na
década de 1970. Galeano aludia aos contrastes de uma região com ricas
identidades e tradições culturais, porém assolada pelas clamorosas
desigualdades que vicejam na engrenagem universal do capitalismo e
vítima de dois ciclos do colonialismo mais deletério. O primeiro
representado pela pilhagem de suas matérias-primas e riquezas naturais;
o segundo, sem que o primeiro tenha desaparecido por completo, marcado
por privatizações e corrupções de toda ordem, que fazem vibrar os
mecanismos da espoliação. Tudo isso, enfatizava Galeano, para que “a
injustiça continue sendo injusta e a fome faminta”. Quarenta anos
depois, ainda que desigualdades e injustiças sociais persistam, em
vários países notam-se progressos no combate à pobreza e à miséria, além
de esforços para que as vozes historicamente silenciadas pela mídia
comercial e pelas elites dominantes possam se expressar na cena pública,
em defesa de suas aspirações e necessidades. Mais do que nunca, é
preciso liberar o que os discursos hegemônicos desejam silenciar ou
neutralizar: a emergência de outras vozes, portadoras de outras visões
de mundo e valores. Após décadas de domínio do pensamento único
neoliberal, é necessário entender que as novas vozes abertas que
despontam no continente podem ser a base da quebra da dominação secular e
da recuperação e multiplicação de bens e sonhos que lhes foram
historicamente usurpados.
Graziela Wolfart
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