segunda-feira, 1 de julho de 2013

Para o inimigo invejoso, Josias de Souza...

Para o inimigo invejoso, Josias de Souza, que perde há 12 anos seguidos ao tentar eleger os seus amiguinhos que detestam o povo brasileiro, Lula diz: “Em 1989 teve um dia no mês de junho que eu queria desistir de ser candidato porque eu tinha caído tanto que ia sair devendo para o Ibope”, disse, entre risos. “Eu cheguei a pensar em desistir porque não tem como eu pagar voto. Só tenho o meu.”

‘Dilma será a minha candidata’, reafirma Lula

Josias de Souza

Lula viajou para a África. E o Brasil foi atrás dele. A notícia de que Dilma Rousseff despencou no Datafolha alcançou-o em Adis Abeba, na Etiópia. Junto com a novidade veio a incontornável pergunta: o senhor volta em 2014? E ele: “não”.
Reativou aspas que terá de usar incontáveis vezes nos próximos meses: “A Dilma é a mais importante candidata que nós temos, a melhor. Não tem ninguém igual a ela para ser candidata à Presidência. Portanto ela será a minha candidata.”
Falou à reporter Cristiane Agostine, do Valor. Soou como se desejasse sufocar o “volta Lula”. Antes sussurrado, o coro adensou-se no final de semana. Natural, já que o padrinho de Dilma saiu do tsunami das ruas menos avariado do que a pupila.
Nas contas do Datafolha, a taxa de intenção de votos de Dilma caiu 21 pontos percentuais. A de Lula caiu 10 pontos. Ela agora dispõe de 30% da preferência do eleitorado. Hoje, amargaria um segundo turno contra Marina Silva (23%).
Quanto a Lula, reteve, no principal cenário, 46% das intenções de voto. Como a soma dos votos atribuídos aos rivais dá 37%, ele prevaleceria no primeiro turno. Daí a reativação do vozerio que pede a sua volta.
Esforçando-se para tratar o extraordinário como corriqueiro, Lula disse que o definhamento do prestígio de Dilma não o preocupa. Como assim? “Se tem um cidadão que já subiu e desceu em pesquisa fui eu.”
“Em 1989 teve um dia no mês de junho que eu queria desistir de ser candidato porque eu tinha caído tanto que ia sair devendo para o Ibope”, disse, entre risos. “Eu cheguei a pensar em desistir porque não tem como eu pagar voto. Só tenho o meu.”
Lula prosseguiu: “Depois, com tantos figurões disputando a eleição, fui eu que fui para o segundo turno.” A pretexto de acalmar a tropa, o general do PT acaba alvoroçando-a. Em 1989, tornou-se presidente um desastre: Fernando Collor.
Ouvindo-se Lula, compreende-se por que Dilma voou até São Paulo para reunir-se com ele e com o marqueteiro João Santana depois que as ruas ferveram. Ao dar a sua versão para a ebulição, o patrono recita o mesmo lero-lero de sua protegida.
Nessa versão, construída sob supervisão do marketing, não cabe autocrítica. Ao contrário. Lula atribui ao sucesso dos dez anos de PT no poder a revolta da rapaziada que migrou do Facebook para o asfalto.
“As reivindicações que o povo está fazendo, de melhoria de transporte, de saúde, de educação isso é próprio do processo de crescimento que o Brasil vem enfrentando. Se você analisar que, em dez anos, mais do que dobrou o número de universitários no Brasil e de alunos nas escolas técnicas, e que houve a evolução social de uma camada da sociedade, essas pessoas cada vez mais querem mais. É assim.”
De novo, Lula foi buscar no seu passado analógico explicações para a revolta digital, que nasce no computador e termina no meio-fio –sem a intermediação de nenhum partido ou líder carismático.
“Quando aconteceu a greve dos metalúrgicos em 1978, as pessoas se perguntavam por que os trabalhadores fizeram greve. Eu dizia: porque eles tinham aprendido a comer um bife e estavam tirando o bife deles! Começaram a brigar para não perder o bife!”
Acrescentou: “Na medida em que as pessoas tiveram uma evolução social, é normal que elas queiram mais coisa. De vez em quando as pessoas reclamam que os aeroportos estão cheios. É lógico que tem que estar cheio! Em 2007 você tinha 48 milhoes de passageiros voando de avião. Hoje você tem 101 milhões de passageiros. Obviamente que vai ter gente brigando.”
Lula disse que o governo deveria abrir a escrituração dos negócios acertados com a Fifa. “Eu acho que, se as pessoas questionam custo da Copa, as pessoas que organizaram, que contrataram tem que mostrar. Não tem nenhum problema fazer esse debate com a sociedade. E é fazendo o debate que você separa o joio do trigo.”
Além de Dilma, Lula recebeu no alvorecer da crise o prefeito paulistano Fernando Haddad. Não acha que ele demorou para ouvir as ruas? “A coisa que o Haddad mais ouviu foi as ruas. Ele tinha acabado de sair de uma eleição”, disse Lula.
Recordou que Haddad prevaleceu cavalgando a promessa de implementar o bilhete único mensal. “Ele ganhou as eleições por causa da proposta de transporte que fez para São Paulo, que era para novembro mas talvez ele antecipe, não sei se tem condições de antecipar.”
Lula fez todos esses comentários sobre Haddad sem saber dos novos dados do Datafolha que viriam à luz nesta segunda-feira. A revolta iniciada há três semanas arrancou pedaços de todos os governantes com algum tipo de responsabilidade sobre as ruas por onde passaram as passeatas.
No caso do petista Haddad, que ocupa a cadeira de prefeito há escassos seis meses, o prejuízo foi grande. Sua taxa de aprovação caiu 16 pontos, batendo em 18%. A reprovação deu um salto de 19 pontos, batendo na casa dos 40%.
Haddad contabiliza prejuízos maiores do que os danos impostos ao governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, cuja tada de aprovação foi lipoaspirada em 14 pontos. Caiu de confortáveis 52% para incômodos 38%.
Logo, logo Lula receberá os novos números. É improvável que o Brasil deixe de persegui-lo em mais essa viagem ao estrangeiro. Da Etiópia, onde participa de um seminário sobre a fome o patrono de Dilma voará para a Alemanha. Ali, fará uma palestra remunerada pelo Banco Santander.
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