Erick da Silva, Aldeia Gaulesa
"A grife Ellus lançou recentemente a campanha: "Abaixo Este Brasil Atrasado", além de camisetas com a frase estampada vendidas em suas lojas, foi divulgado um manifesto, de mesmo nome, onde criticam o "atraso do Brasil". O atraso denunciado é pouco apoiado em dados da realidade. A ação da Ellus se soma a outras, de menor ou maior alcance, de setores da elite econômica brasileira que buscam, desesperadamente, impedir a reeleição da presidenta Dilma e o avanço da esquerda no Brasil.
Uma atitude corriqueira de uma classe dominante que jamais abdicou de seus objetivos mesquinhos de ganhos econômico as custas da maioria da sociedade.
A projeção internacional que o Brasil conquistou nestes últimos 12 anos, o crescimento da economia, o aumento da capacidade de consumo de amplos setores da sociedade, entre outros fatores que derrubam a ideia de um "Brasil atrasado" ou "paralisado", são desconsiderados para eles. A mentalidade que impera para esta elite é ainda a da "Casa Grande", fruto de nossa herança colonial, como corretamente aponta o jornalista Mino Carta. Inclusão social, distribuição de renda, ampliação dos serviços públicos, etc são questões indesejáveis para esta elite, que de forma mal-disfarçada, acredita que o lugar do povo pobre é na "senzala".
O manifesto da Ellus é bastante revelador. Num texto curto e raso, abundam de maneira superficial alguns dos mantras que compõem o discurso desta elite. Talvez o trecho mais revelador seja o seguinte:
"Brasil = ineficiência, improdutividade. Isso faz com que fiquemos isolados do mundo, acarretando esse atraso todo em relação ao mundo moderno.
É claro que os maiores responsáveis são os políticos e os governos antiquados, cartoriais, quase medievais, que com suas ideias atrasadas de protecionismo acabam por gerar atrofia."
Concordamos em parte com o texto. É fato que temos muitos elementos de atraso em nossa sociedade, que cobram soluções. A Ellus talvez tenha cometido, inadvertidamente, um ato de autoconfissão, ao mencionar as relações atrasadas, "quase medievais" que permanecem em nosso país. Uma delas e de graves consequências sociais, é o uso, por grandes empresas, do emprego de trabalho em condições análogas a da escravidão.
Na indústria da moda, empresas como a própria Ellus , C&A, Zara, Collins, Marisa, Gregory etc são acusadas de se utilizarem do trabalho análogo a escravidão em suas confecções, seja diretamente ou através de empresas terceirizadas. Onde imperam relações "atrasadas" de trabalho, em nome de uma maximização de seus lucros. Em todas elas, se observam condições precárias de trabalho, a presença de imigrantes ilegais, remuneração abaixo do salário mínimo e imposição de jornadas exaustivas e degradantes.
A própria Ellus já foi notificada pelo Ministério Público do Trabalho sobre estas práticas criminosas em sua linha de produção. A depender de empresas como a Ellus, seguramente estaríamos em um processo de regresso a condições "quase medievais". Será que para eles, moderna é a escravidão?
Felizmente, ainda que detentora de grandes recursos, este discurso tem pouca penetração e capacidade de mobilizar alguém além dos 1% do topo da pirâmide social brasileira. "Abaixo Este Brasil Atrasado" da Ellus que se utiliza de trabalho escravo. O Brasil "moderno", a despeito da vontade e sabotagens destas elites, está sendo gestado por obra de seu povo, que não pretende recuar."
2 comentários:
Sobre o jornalista Mino Carta, que "corretamente" criticou a camiseta, pesquise editorial escrito por ele na revista Veja que comemorou os cinco anos da ditadura militar. Está no site da revista. Veja como Mino Carta era correto no governo Costa e Silva.
A verdadeira razão foi a PEC do TRABALHO ESCRAVO que foi votada no congresso.
A ELLUS na verdade fala pelos 1% que representa uma elite perversa, egoísta e cruel.
A ELLUS reclama que o Brasil tá mudando para melhor.
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2014/05/27/confisco-de-imoveis-flagrados-com-escravos-e-aprovpelo-congresso/
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