IVES GANDRA: CONDENADOS TERÃO DE SER INDENIZADOS
247 - Entrevistado
pelo jornalista Morris Kachani, o jurista Ives Gandra Martins, afirma
que os condenados na Ação Penal 470 que estão cumprindo pena fora do
regime ao qual foram condenados, como os petistas José Dirceu, José
Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, devem solicitar indenização
por danos morais e patrimoniais.
"Trabalhar dentro do presídio é como se você estivesse cumprindo uma
pena no regime fechado. Quando alguém cumpre uma pena para a qual não
foi condenado, tem todo direito de entrar com ação indenizatória por
danos morais e patrimoniais. Os condenados a regimes abertos ou
semi-abertos que acabarem por cumprir a pena em regimes fechados,
estarão pagando à sociedade algo que não lhes foi exigido, com violência
a seu direito de não permanecerem atrás das grades", ressalta.
Ele questiona a decisão do presidente do STF, Joaquim Barbosa, que nos
últimos dias revogou a autorização de trabalho fora da prisão de quatro
condenados da AP 470, sob a argumentação de que precisariam cumprir um
sexto da pena para obter o benefício de deixar a cadeia durante o dia.
Gandra afirma que "existia uma jurisprudência do STJ, em que
concretamente, os condenados ao regime semi-aberto não precisavam
cumprir um sexto da pena para trabalhar fora do presídio". "Mais do que
isso, o normal era cumprir um sexto da pena trabalhando fora para já
passar ao regime aberto, dependendo do parecer de uma comissão
julgadora", ressalta.
Para o jurista, a decisão de Barbosa "pode prejudicar milhares de presos
que estão no semi-aberto e encoraja o aumento da população carcerária".
"Tenho a impressão de que o plenário vai derrubar esta decisão", frisa.
Sobre José Dirceu, o jurista afirma que ele é "o preso mais vigiado do
Brasil". "Se ele fica gripado, no primeiro espirro todos sabem. Houve
suspeita de que os presos do Mensalão estivessem recebendo alimentos e
visitas fora do horário, ou usando celular. O que está em jogo é o bom
comportamento. Qualquer abuso na utilização do regime semi-aberto, pode
implicar uma sanção como o regime fechado. Em todo caso, não acho que
estes elementos sejam capazes de mudar um regime. Não houve prova cabal,
isso é mais uma suspeita do que realidade", afirma.
Sobre Joaquim Barbosa, ele diz que, no Supremo, "tem sido um homem
extremamente duro". "Ele tem esse temperamento, de quem veio do
Ministério Público", ressalta.
Neste link a entrevista na íntegra.
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