Com apenas um protesto contra a Copa marcado para esta terça-feira, em
Brasília, a onda de manifestações vai-se esvaziando, a cada dia de forma
mais melancólica, mostrando que a maioria da população brasileira, que
ama o futebol e não mistura seleção com política, não quer mais saber de
baderna.
Vamos ter Copa do Mundo no Brasil, sim, apesar da urubuzada que
sobrevoou o país nestes últimos meses e infernizou a vida de quem mora
nas grandes cidades. Felipão e seus 23 convocados já estão concentrados
na Granja Comary, em Teresópolis, só esperando o início jogo de estreia
do Brasil contra a Croácia, no Itaquerão, daqui a 16 dias.
Foram patéticos os últimos protestos organizados pela turma do quanto
pior, melhor, cada vez menores e mais radicais, a ponto de tentarem
impedir a saída do ônibus da seleção que seguiu ontem do Rio para
Teresópolis e, depois, a sua entrada na Granja Comari.
Empunhando bandeiras do Sindicato dos Profissionais de Educação e de
partidos radicais da esquerda sem votos, um grupo de 200 professores
xingou os jogadores que saiam do hotel próximo ao Galeão e chutaram o
ônibus aos gritos de "pode acreditar, educador vale mais do que o
Neymar". O que tem uma coisa a ver com a outra? Que direito estes
vândalos travestidos de educadores têm de impedir a passagem de quem
quer que seja? Outros 30 gatos pingados e irados se postaram diante dos
portões da concentração em Teresópolis.
No último final de semana, em São Paulo, tivemos duas marchas que, mais
uma vez, fecharam a avenida Paulista. Não são mais necessárias multidões
nem grandes causas populares para interditar a principal via da maior
cidade do país. De manhã, no sábado, foi a vez da autodenominada "marcha
das vadias", em que mulheres desfilaram com os seios nus apesar do frio
e da garoa; à tarde, apareceu um bando contra a Copa e contra tudo, que
fez o mesmo trajeto, interditando ruas em direção ao centro. Em cada
uma, não havia mais do que 300 "protestantes" nesta cidade de mais de 10
milhões de habitantes. Quem essa gente representa?
Diante do fracasso das manifestações anunciadas em larga escala pela
mídia grande, ficamos sabendo que, há duas semanas, veio até um reforço
do exterior. "Um grupo de cerca de cem ativistas, entre eles barbudos,
mocinhas universitárias, skatistas e até rapazes com cara de advogado
assistiam sem piscar à palestra do moço magrinho que tentava ensinar
como mudar o mundo", relata Silas Martí, da "Folha".
O moço magrinho era um tal de Sean Dagohoy, do coletivo americano Yes
Man, que deu uma "oficina de ativismo" no Centro Cultural de São Paulo,
para ensinar os nativos, durante três horas, a "pensar em ações de
protesto contra o Mundial de futebol". Dagohoy ainda advertiu seus
alunos que não poderia se responsabilizar pela "eventual brutalidade
daqueles que estão no poder".
Era preciso informar ao ativista gringo que as maiores brutalidades a
que assistimos nos últimos meses não partiram dos que estão no poder,
mas de grupos de black blocs e outros celerados que se aproveitavam das
"manifestações pacíficas" para afrontar a polícia, depredar patrimônio
público e privado, saquear lojas, tacar fogo em ônibus.
Derrotados, eles podem voltar a qualquer momento, e todo cuidado é
pouco. Que a bola comece logo a rolar para a gente poder mudar de
assunto. Os nobres parlamentares brasileiros, por exemplo, já estão
dando sua contribuição, ao anunciar que só vão trabalhar durante seis
dias durante toda a Copa. Menos mal.
Agora é com você, Felipão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário