quinta-feira, 15 de maio de 2014

A promoção da mídia “salva” os protestos de hoje?

Tijolaço - 15 de maio de 2014 | 10:38 Autor: Fernando Brito


naotevecopa



Autor: Fernando Brito  

Embora O Globo e a Folha estejam à frente do “departamento de agitação e propaganda”, não se espere, a princípio, que estes sejam sequer a sombra das manifestações do ano passado.
Porque o que se tem hoje é muito mais a mobilização dos movimentos organizados de sindicatos, sem-teto e outros grupos de interesse do que o movimento de setores da classe-média – coxinhas à frente – que marcou aqueles momentos.

A página de eventos promovida pelos “black blocs” do Rio, convocando para a manifestação da Central do Brasil – onde vão tentar pegar “carona” no movimento dos rodoviários, tem magras 300 confirmações de presença, contra as dezenas de milhares dos “áureos tempos”.

Os governos estaduais parecem menos propensos à reações brutais e descabidas que tiveram no ano passado. Seja porque, em São Paulo, Geraldo Alckmin esteja com seca pelo pescoço, seja porque, no Rio, Luis Fernando Pezão não seja homem dado aos “chiliques” que caracterizam Sérgio Cabral.
Quanto aos movimentos grevistas, não devem ser encarados jamais com hostilidade, mesmo que aqui e ali possa haver certo oportunismo irresponsável.

Como é que categorias profissionais não vão aproveitar o destaque e a simpatia da mídia por suas greves e manifestações, sempre abafadas e combatidas pela grande imprensa?

O Brasil não deve, jamais, confundir a exibição de nossos progressos com a ocultação de nossas misérias.

Afinal, durante 512 anos de nossa história não teve Copa, mas também não houve moradia, nem salário justo, nem escolas e saúde “padrão Fifa”.

Outro dia, num acesso de ódio político, o cantor Ney Matogrosso disse que saúde e educação no Brasil eram “exemplares” nos anos 50.

Como assim, Ney, se morriam 128 em cada mil crianças nascidas vivas, dez vezes mais do que hoje e só um quarto das crianças e jovens iam à escola?

Mas já que querem “padrão Fifa”, agora, seria bom que o Governo aprofundasse mais os programas sociais.

Afinal, esta é “a voz das ruas”.

Não há nada que deva ser combatido em ir às ruas pedir um Brasil melhor.

Desde que se abra o olho para isso não ajudar a volta do Brasil pior.
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