Pode parecer ser uma tarefa difícil tentar separar marinistas de aecistas. Mas não é, é fácil. E parece difícil porque ambos os grupos escondem suas preferências, contando apenas para os institutos de pesquisa. Raramente você verá alguém dizer, em pequenas rodas, que é marinista ou aecista. E quando pegos em alguma passeata, comício ou qualquer outro tipo de manifestação dos seus candidatos, ficam com cara de quem “foi pego com a boca na botija…”.
Assumir de peito aberto a opção é coisa de esquerdistas, não de direitistas como eles.
Há, porém, algumas classificações que ajudam. Existem marinistas jovens
e marinistas nem tão jovens assim. Aecistas jovens, ou nem tão jovens
assim são raros. Aecistas têm mais de 40 anos. É gente que tinha mais
de 18 anos ao tempo da redemocratização e pode experimentar os governos
pós-ditadura ou, mesmo, os da ditadura.
Marinistas não sabem o que é isso. E essa é a primeira pergunta que
devemos fazer para identificar um marinista. As variantes gramaticais
são inúmeras, mas todas visam a mesma coisa: questionar o conhecimento
sobre o passado recente da história dos governos brasileiros.
Pergunte sobre o confisco da poupança no governo Collor; sobre a
privatização no governo FHC; ou sobre o que é “overnight”; ou, ainda, se
você quiser ser duro, sobre os efeitos da crise do petróleo, em 1973,
na economia brasileira.
Marinistas, com essa pergunta, demonstrarão aquilo que os caracteriza:
não sabem absolutamente nada do que foi a vida no Brasil. É possível
que um ou outro consiga repetir algo que tenha lido, mas é fácil
identificar quem apenas repete o que leu.
Há uma outra classificação: marinistas são, na imensa maioria,
evangélicos. Atenção: o uso da expressão “evangélico”, doravante, sempre
terá a conotação de um tipo característico de cristão e não um uso que
possa caracterizar preconceito.
Evangélicos aprendem a ter uma relação muito direta e forte com o
pastor da igreja. A autoridade do pastor não é contestada. Os católicos
diziam que o Papa é o representante de Deus na Terra. Estão indo para o
brejo, pois os católicos aprenderam, mesmo que a duras penas, que
podem contestar o Papa, sem que com isso estejam comprando uma passagem, sem volta, para o inferno.
Para uns e outros, falo das massas e não daquela minoria que pensa.
Pois essa é a segunda pergunta. As variantes gramaticais são inúmeras,
mas todas visam a mesma coisa: identificar a incapacidade dos
marinistas em formular uma resposta do tipo lógica.
Pergunte, por exemplo, por que razão deveríamos considerar gays como
sendo seres socialmente doentes e abomináveis; pergunte, por exemplo,
por que devemos deixar que milhões de mulheres morram em abortos
clandestinos. Os exemplos são muitos.
Mas a todas as perguntas, invariavelmente, os marinistas demonstrarão
outra característica: a dependência do pastor é tão forte, que lhes
tira a capacidade de formular pensamentos que não o único: está na
Bíblia, ou Jesus quer assim, ou Deus… ou isso é coisa do demônio… É a
imposição da religião como forma de enfrentar mundo.
Claro que, deparados com o comando de governos, não saberão fazer diferente. Marinistas são teocratas.
Há uma outra classificação: marinistas são “sustentáveis”.
Pergunte a qualquer um deles o que é sustentabilidade e não hesitarão em
mostrar que não sabem absolutamente nada sobre o assunto. Repetirão a
exaustão o mantra das “gerações futuras”.
Alguns mais ilustrados poderão argumentar que precisamos desenvolver
formas sustentáveis de produzir energia, tipo eólica, solar, das marés.
Pergunte se eles sabem como desenvolver um sistema econômico onde a
produção dos esquipamentos necessários prescinda do capitalismo. O mais
provável é que não tenham a mínima ideia de como podemos produzir pás,
coletores ou qualquer outra bugiganga, sem que ela custe.
E em escala global, para substituir os atuais bilhões de MW gerados pela energia hidráulica ou nuclear.
Quiçá não saibam, sequer, que um único gerador eólico é composto por no
mínimo 80% de produtos derivados do petróleo. Não sabem que 80% da
humanidade vive direta ou indiretamente do petróleo… E pensam que em
quatro anos vão mudar 4 milhões de… criacionismo…
Pergunte: como produzir natureza sem tirar da natureza? Como produzir
pás e painéis sem usar petróleo? Como produzir petróleo em um sistema
que não seja o capitalista?
Essa é a terceira característica dos marinistas: incapazes de pensar em
aprimorar o que temos, querem voltar a um passado onde haviam uns
poucos milhares de humanos na face da Terra.
Converse com alguém sobre Política e com apenas essas três perguntas
você identificará um marinista: alguém que não experienciou o passado
recente do Brasil, alguém que tem apenas a religião e a autoridade do
pastor como norte e alguém que vive da ilusão de uma vida no paraíso…
E que encontrou quem lhe traga esse paraíso em apenas quatro anos…
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