quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Voto útil do PSDB em Marina se tornou inútil

24/09/2014
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Via Brasil 247
Foi recolhida de circulação na tarde de segunda-feira, dia 22, em entrevista coletiva do ex-presidente Fernando Henrique e do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, em São Paulo, a tese que ambos haviam divulgado em benefício da adversária Marina Silva, do PSB. Assim como deram a senha, em uma declaração pública, no caso do ex-presidente, e em entrevista a um jornal, como fez Fraga, para que os tucanos não incomodassem a adversária Marina Silva, do PSB, agora ambos sustentam que é preciso empolgar a militância do PSDB para levar o candidato Aécio Neves a ultrapassar a ex-ministra e, assim, ele próprio atingir o 2º turno, no qual mediria forças com a presidente Dilma Rousseff. Em outras palavras, a tese envergonhada do voto útil tucano a favor de Marina, miou.
Enquanto FHC chegou a declarar, ao lado do candidato do partido, Aécio Neves, que não queria “melindrar” a candidata do PSB, Fraga disse ao jornal O Globo, no último final de semana, que “claramente não é fácil” para Aécio chegar ao 2º turno. Num impulso a Marina, também disse, ao mesmo veículo, que “genericamente” a adversária tem o mesmo programa econômico do postulante tucano. Vindas de quem vieram, uma vez que FHC foi quem lançou Aécio, e Fraga ganhou do candidato a nomeação antecipada como ministro da Fazenda, em caso de vitória tucana, as declarações soaram como senhas de confusão no ninho tucano. Afinal, a orientação do maior quadro político e do principal nome econômico seria mesmo a deixar Marina passar sem incômodo sobre Aécio em nome do objetivo maior de derrotar o PT? Ou ocorreu apenas um mal entendido?
Agora, porém, a luz das tendências registradas nas pesquisas dos maiores institutos, já se sabe que os movimentos de FHC e Fraga foram inúteis para a campanha do próprio PSDB. Também na segunda-feira, dia 22, o portal Fórum, editado pelo jornalista Renato Rovai, noticiou que uma das campanhas presidenciais trabalha com um quadro eleitoral que marca 40% de intenções de voto para a presidente Dilma, contra 22% para Marina e 17% para Aécio.
No 2º turno, de acordo com a mesma fonte, a presidente já estaria com seis pontos percentuais adiante da adversária do PSB. A estarem certos, esses indicadores apontam que, ainda numa situação de empate técnico, a candidata do PT teria apenas 1% a menos do que a soma de seus adversários. Dilma estaria, assim, a apenas um ponto de vencer em 1º turno.
Para que exista o chamado voto útil, o partido que abre mão de pedir o sufrágio para seu próprio candidato tem de enxergar num postulante de outra legenda chances de reais de bater o que esse mesmo partido considera como o mal maior. Na prática, os tucanos deixariam de votar em peso em Aécio para que Marina tivesse mais chances de superar Dilma. No entanto, os números estão mostrando que a candidata do PSB vai, dia a dia, perdendo intenções de votos. Aécio, na mão contrária, parece ter estancado sua própria sangria. Ele fez bem o movimento de voltar a concentrar-se em Minas Gerais, seu berço político. Dessa forma, desde a semana passada passou a reduzir perdas e, até mesmo, a recuperar pontos importantes. Combinado com o declínio de Marina, a estabilização com viés de alta de Aécio devolveu-o ao páreo.
Fernando Henrique, que havia, sem meias palavras, determinado que o alvo preferencial do PSDB deveria continuar a ser Dilma e o PT, nesta segunda 22 voltou atrás.
“Eu não sou marqueteiro. Quem tem de avaliar o caminho a seguir neste momento são o Aécio e os marqueteiros dele. Da minha parte, o que eu acho é que temos de ter garra para chegarmos ao 2º turno com o nosso candidato. O que será do 2º turno, veremos depois. Por isso é que a eleição tem dois turnos.”
A declaração foi dada ao final do almoço-debate do Lide – Grupo de Líderes Empresariais, presidido pelo empresário João Dória Jr. Com a presença recorde de 602 executivos de grandes empresas, que faturam anualmente mais de R$200 milhões por ano, FHC foi aplaudido de pé. Para entusiasmar, o próprio Dória fez uma defesa enfática de Fernando Henrique, atacando, sem citar nominalmente, seus sucessores petistas, Lula e Dilma:
“Tenho orgulho de ter o presidente Fernando Henrique conosco. Dos outros, não tenho.”
O próprio FHC manifestou sua fé de que Aécio pode vencer as dificuldades da reta final e alcançar o 2º turno. Fraga, que falou antes, não parecia tão animado, mas, ao menos, evitou citar semelhanças entre a plataforma econômica tucana e a de Marina Silva. Como se sabe, o ex-presidente do BC foi ‘nomeado’ por Aécio como seu futuro ministro da Fazenda, em caso de vitória.
“O País já está em recessão. É relativamente fácil sair dela, mas para isso precisamos da confiança da sociedade”, disse Fraga.
Os tucanos, assim, se mostraram unidos, diante de uma plateia de elite, o chamado PIB nacional. Mas a festa de comunhão em torno e Aécio não foi completa. Pesquisa Lide-FGV, feita entre os comensais, apurou que 53% acreditam que Marina será eleita presidente, contra 35% de projeções a favor de Aécio e apenas 12% de manifestações com o prognóstico de vitória da presidente Dilma.
À luz deste tipo de resultado, a nova pergunta que não quer calar é: a 11 dias das urnas de 5 de outubro, a estratégia de fortalecer Aécio e deixar Marina com seus próprios problemas vai mesmo empolgar da base, o corpo e a mente dos tucanos?

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