Do Blog do Miro - sábado, 6 de setembro de 2014

O comando da campanha alegou que a presidenta está com a sua agenda – de governante e candidata – lotada. Além disso, a TV Globo não é a única emissora do país. Outros veículos solicitaram a sua presença. Apesar destes esclarecimentos, Willian Waack não perdoou e afirmou que Dilma “se recusou a dar a entrevista”. Ao seu lado, Christiane Pelajo prosseguiu no ataque: “Essa é a primeira vez que isso ocorre em se tratando de candidatos à Presidência. Em respeito aos telespectadores vamos apresentar algumas das perguntas que seriam feitas a ela. Evidentemente sem as réplicas que se fariam necessárias. Os telespectadores ficarão sem resposta, mas saberão o que nós pretendíamos deixar mais claro”.
A leitura das perguntas deixou ainda mais evidente que a presidenta acertou ao não ir ao “Jornal da Globo”. Não seria uma entrevista, mas sim um novo interrogatório – como o que já havia sido feito por Willian Bonner e Patrícia Poeta no “Jornal Nacional”:
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- Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?
- A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente, para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?
- A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil no seu governo tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?
- A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?
- Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?
- A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?
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A última pergunta é a mais escrota – um desrespeito ao governo, reconhecido internacionalmente como um dos que mais investiu em programas sociais, e um desrespeito à dignidade da senhora que obteve dentes postiços. Nas outras, fica evidente a arrogância da Rede Globo, que desconhece as mudanças efetuadas no país nos últimos anos e descontextualiza as dificuldades mundiais. No seu oposicionismo militante, a famiglia Marinho – a mesma que apoiou o golpe de 1964 e a ditadura sanguinária, que escondeu a campanha pelas Diretas-Já, que fabricou o “caçador de Marajás” para derrotar Lula e que defendeu a devastação neoliberal de FHC – não vacila em manipular até as perguntas.
Dilma acertou ao recusar o convite do império global. Mas, infelizmente, ela errou durante toda a sua gestão ao não enfrentar os monopólios da mídia – principalmente os que exploram as concessões públicas de rádio e televisão. Pior ainda: o seu governo financiou estes grupos, alimentou cobras! Segundo recente relatório da Secom-PR (Secretaria de Comunicação Social da Previdência da República), de 1º de janeiro a 30 de junho, o governo investiu R$ 109,3 milhões em publicidade oficial. O valor é 29,7% maior do que o aplicado no mesmo período de 2013, que foi de R$ 84,3 milhões. O aumento decorre da Lei Eleitoral, que proíbe esse tipo de despesa nos três meses anteriores à eleição.
A maior parte desta grana, arrecadada dos contribuintes (do meu e do seu bolso), foi parar nas mãos de meia dúzia de famílias que monopoliza os meios de comunicação do país. Para ser mais preciso, cerca de 60% destes recursos públicos enriqueceram os três filhos da famiglia Marinho – que hoje desponta no ranking da revista Forbes como a mais rica do Brasil. Esta grana ajuda a bancar os salários de Bonner, Waack, Jabor, Leitão e de tantos outros “calunistas” da Rede Globo que diariamente destilam veneno nestes veículos – que são concessões públicas, vale enfatizar!
O montante citado é apenas o da publicidade institucional. Não inclui os gastos em anúncios das estatais, como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, etc. Em 2013, o total investido foi de R$ 2,313 bilhões. Os mesmos 60% foram abocanhados pelo Grupo Globo. É muita grana para quem manipula a informação e deforma os comportamentos, para quem agride a democracia! Caso seja reeleita – apesar de todo o bombardeio midiático –, Dilma bem que poderia repensar sua política de publicidade e sua postura diante da proposta da regulação democrática dos meios de comunicação. Não basta apenas deixar de comparecer às sessões de tortura da TV Globo!
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