segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Eu, ex-cotista, “vagabunda”

A autora


"O texto abaixo, de Gabriela Araújo, foi publicado em seu blog, gabinoica.

Eu não vou conseguir ser linear, mas espero que entendam os pormenores desta história íntima. Eu morei 10 anos em Londrina, no norte do Paraná, em um bairro de periferia chamado Jardim Leonor e estudava em uma escola estadual.

Na época não era assim muito comum ter sonhos além de chegar ao final do ensino médio, então a falta de credibilidade das pessoas em mim já começava aí. As pessoas, menos a minha mãe. Quando eu tinha 16 anos decidi mudar de período na escola, indo do matutino ao noturno, para que assim tivesse um tempo para trabalhar e pagar o cursinho pré-vestibular. E isso já era uma audácia muito grande: desejar ingressar na Universidade Estadual de Londrina.

A minha mãe não deixou que eu seguisse com estes planos, dizia que seria pesado demais conciliar trabalho e escola, e me sobraria pouco ou quase nenhum tempo livre pra diversão e coisas de adolescente. Por isso eu comecei a tentar estudar em casa mesmo, só com os materiais da escola – internet era um luxo inimaginável. Na verdade, nem computador eu tinha, e não tinha vaga ideia de quando eu teria um. A minha mãe trabalhava como costureira autônoma.

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