Excelente a matéria do repórter Roldão Arruda, do Estadão, sobre as águas profundas da passagem
de Marina Silva pela Expointer, ontem, no Rio Grande do Sul.

Agora, segundo ele, é a definição de índice de produtividade dos
latifúndios, para fins de desapropriação de terras ociosas que passou a
ficar “pendente de revisão” no programa marinista.
Marina anunciou — junto do outros pontos “já falecidos”, como a união
homoafetiva — que iria revisar estes índices, que datam dos anos 70,
quando a tecnologia agrícola engatinhava.
E ontem, o agronegócio exigiu que Marina passe a foice na promessa.
Aliás, querem mesmo é que se “avance” para o fim da desapropriação de
terras improdutivas. Dizem que “o mercado” resolve isso sozinho:
— Viu que o produtor rural, quando fica com a produtividade abaixo da
média, quebra. É o mercado que desapropria. Não precisa de um índice
especial. Tem índice para fábrica? Cinema? Restaurante? Não. Porque
nunca economia liberal, competitiva, quem não for produtivo, quebra.”
Quem fala é o ex-ministro Roberto Rodrigues, que conseguiu que Lula não
fizesse a revisão e agora, com Marina, percebe a chance de sepultar de
vez a ideia de desapropriar terras. Sim, porque cinema e restaurante
quem quiser e puder abre um até nos fundos do quintal. Terra é uma só.
O curioso é que estes índices não são uma perigosa invenção dos
comunistas ou do MST. Foram fixados pelo governo militar e a lei tem
hoje a forma que tomou em 1993, em pleno neoliberalismo.
O “programa” de Marina virou um “bunda-lelê”, como naquela música do
Latino: todo mundo põe a mão, dos pastores aos latifundiários.
Fernando Brito
No Tijolaço
Nenhum comentário:
Postar um comentário