21 de setembro de 2014 | 12:13 Autor: Fernando Brito
Esta semana, as pesquisas “testaram” uma recuperação de Aécio Neves, como forma de manter alguma aparência de organização política em suas áreas tradicionais, mas – ao que parece – sem que isso melhorasse os sinais vitais do candidato, que segue anêmico e apático.
Deram, também, um “segura, peão” para Marina, porque é voz corrente em todas as campanhas – como registra hoje, aliás, o colunista Ilimar Franco, em O Globo – que Dilma já lhe tem um vantagem em torno de dez pontos.
O recuo nas intenções de voto de Marina, mesmo que parcialmente vá alimentar Aécio ou outros candidatos “nanicos”, podem fazer o impensável: trazer para próximo de Dilma uma vitória no primeiro turno, para o que lhe faltam 5 a 6% de crescimento em votos.
E isso é possível?
É difícil que ocorra, sim, mas não impossível, se a campanha de Dilma acertar o foco naquilo em que, há quinze dias, este blog vem insistindo ser o campo decisivo de batalha: a classe C.
Hoje, a Folha traz uma análise do comportamento do eleitorado por faixa de renda que mostra explicitamente aquilo que se disse aqui: o maior problema eleitoral de Dilma e Lula está na camada que os seus governos fizeram ascender socialmente, porque este processo se fez sem debate político e enfrentamento ideológico.
Não vou repetir os argumentos que usei de outras vezes, até porque a saúde ainda está muito baqueada. Mas peço que examine os dados e conclua.
Basta olhar para o gráfico ao lado e ver quem foi o grupo social que mais se beneficiou dos últimos três períodos de Governo.
Para este grupo, tudo o que foi ganho nestes 12 anos foi, pela criminosa renúncia do PT de politizar o processo econômico para além do consumo, é entendido como quase que só fruto de méritos pessoais.
Como certos adolescentes que deixam de observar os esforços dos pais para lhes proporcionarem uma vida melhor, não adianta que a comunicação assuma apenas um discurso de convencimento, de argumentação, de solidariedade, embora este seja necessário e correto.
Nem fazer o discurso todo da “gratidão”, porque isso é antes obrigação – negligenciada por séculos – do governo brasileiro
O que é preciso falar claro, direto, mostrar que tudo o que melhorou em muitos anos pode ser perdido em alguns meses.
Plano emprego, crédito, filhos na escola, acesso à universidade, casa própria, automóvel, salário-mínimo subindo sempre, embora ainda baixo…
Isso pode desaparecer num “pluft” como naqueles comerciais de venda de objetos usados, só que com o bordão inverso: “fiz um mau negócio”!
Se Marina quiser chamar isto de “estratégia do medo”, que chame.
Porque não é, é a conversa leal e direta com pessoas a quem se quer bem.
Medo não é seguir no caminho do progresso social e individual.
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