Em Minas |
Em terceiro lugar nas pesquisas para presidente, Aécio Neves está amargando um resultado frustrante em seu berço político.
De acordo com o último Datafolha, ele aparece, em Minas Gerais, com 22%
das intenções de voto, atrás de Marina Silva (27%) e de Dilma Rousseff
(com 35%, em primeiro lugar).
Pimenta da Veiga, do PSDB, está oito pontos atrás do petista Fernando
Pimentel. A crise fez com que a irmã de Aécio, Andrea, se transferisse
para MG em busca de tentar estancar a sangria. De acordo com a Folha, o
dirigente da Força Sindical, João Inocentini, um apoio importante, já
teria entregado os pontos, afirmando que “a vaca foi para o brejo”.
O PSDB manda no estado desde 2003. Aécio foi governador por oito anos.
Elegeu o sucessor, Anastasia. No final de seu segundo mandato, pelos
números do Vox Populi, alcançou 92% de aprovação.
O que aconteceu?
Bem, além do fenômeno Marina e do fato de que suas propostas não
encantam ninguém, aconteceu que Minas não é o Brasil. A nacionalização
de Aécio levou na enchente sua força regional.
O jeito Aécio de lidar com a imprensa não é exportável para o resto do país. A ação que ele move
contra o Twitter para abrir os dados de 66 contas — entre elas, a do
DCM — é emblemática. Se antes ele falava no “submundo da internet”, hoje
se refere a uma “rede orquestrada”.
A pressão sempre funcionou muito bem em MG, onde ele resolvia as coisas com um telefonema.
Para ficar num exemplo recente: as poucas matérias do maior jornal
local, O Estado de Minas, sobre o aeroporto na fazenda de seu tio
serviram para abrir-lhe espaço para dar explicações. O assunto foi, até o
limite, escondido na mídia “oficial”.
Como resultado, imediatamente após o escândalo, 64% dos mineiros nunca
tinham ouvido falar da obra, segundo o Datafolha. Apenas 12% se
declararam informados. Com a internet, ficou impossível camuflar o tema.
Aécio sempre contou com essa blindagem (vale a pena ver o documentário “Liberdade, Essa Palavra”).
Donde seu espanto e conseguinte agressividade diante de jornalistas que
lhe fazem perguntas incômodas, como no Roda Viva — em que insinuou que o
diretor da Piauí, que abordou a questão das drogas, “já tinha
candidato” — ou no Jornal Nacional.
Ele está sendo obrigado a responder por coisas sobre as quais nunca teve
que dar satisfação. Aos poucos, a cortina de fumaça vai se dissipando —
inclusive, obviamente, em Minas Gerais.
Os mineiros estão, finalmente, conhecendo melhor o homem. E não estão gostando do que vêem.
Kiko Nogueira
No DCM
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