O
que você faria se fosse uma autoridade eleitoral e soubesse por meio
de documentos oficiais que alguém tivesse interferido junto a governos,
e via de consequência, junto a empresas multinacionais para que
maiores inversões fossem feitas em favor de um único candidato? Ou
melhor, contra um determinado candidato?
E
se soubesse que esse alguém não era um lobista qualquer nem um homem
ligado a interesses corporativos, mas sim jornalista de uma poderosa
emissora de televisão que, como qualquer outra, opera sob regime de
concessão pública?
Mandaria
investigar, não? Por duas razões. Primeiro porque a atitude
considerada constitui clara exorbitância e interferência indevida nos
resultados do pleito do país visado.
Segundo
porque como representante de uma emissora que lhe oferece a bancada de
um telejornal, um jornalista não pode sair por aí em colóquios com
autoridades estrangeiras, manifestando opiniões políticas, e depois
placidamente conduzir um telejornal para 40 ou 50% do contingente
eleitoral, como se nada acontecera.
Esse
foi o caso do apresentador Wiliam Waack, que não só reuniu-se
reservadamente com representações de governos estrangeiros, mas
sistematicamente deu mostras contundentes de parcialidade na condução
dos programas por ele ancorados.
Exemplo
foi a ofensa que desferiu com microfone aberto contra um dos
candidatos à Presidência da República, exatamente aquele ou aquela em
relação a quem deu encaminhamentos contrários junto às autoridades
americanas.
Aos
observadores, a arrogância e o poder exalado por Waack têm uma
explicação evidente. Forças políticas lhe dão garantias, e esse apoio é o
motivo da autoconfiança que manifesta ao mencionar atores políticos
que não privam da sua insignificante simpatia.
Se
existe ainda algum senso de moralidade neste país, se existe alguma
instância estatal que responde pela atribuição de poder de consulado a
detentores de cidadania, então esse poder deve investigar imediatamente
se o jornalista usurpou ou não funções públicas, se esse jornalista
contribuiu ou não para a distorção do processo eleitoral, se esse
jornalista violou ou não a ética da moderação e da imparcialidade com
que deve conduzir-se em eleições sujeitos institucionais com impacto
sobre a tendência de voto do eleitorado.
Em
outras palavras, queremos que Waack seja investigado pelo Ministério
Público Federal e que o conteúdo dos documentos já expostos pelo
Wikileaks e outros que se sabe existir sejam declarados como
constitutivos ou não de prova do crime de atentado à soberania
nacional.
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