A definição descreve perfeitamente o papel desempenhado pelo senhor Fernando Henrique Cardoso, no artigo que publica hoje nos jornais.
Ele diz que “agora, os partidos exigem ministérios e postos administrativos para obterem recursos que permitam sua expansão, atraindo militantes e apoios com as benesses que extraem do Estado”.
“É sob essa condição que dão votos ao
governo no Congresso. O que era episódico se tornou um “sistema”, o que
era desvio individual de conduta se tornou prática aceita para garantir
a “governabilidade”.
Bem, não foge o senhor Fernando Henrique da comuníssima tendência
humana de julgar os fatos e pessoas segundo suas próprias experiências e
natureza íntima. Difícil ver no outro nada que não seja referenciado em
si mesmo, não é?Fernando Henrique, que chegou ao Planalto embalado na manipulação da moeda nacional e sob o “critério Ricupero” de transparência republicana – “o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde” – teve uma trajetória no poder onde não faltaram experiências nas quais os “desvios de conduta” foram elemento essencial “para garantir a governabilidade”, como diz ele.
Do ponto de vista da moralidade pública, o marco inicial do Governo FHC já se deu menos de três semanas após sua posse, quando, no dia 19 de janeiro, baixou decreto extinguindo a Comissão Especial de Investigação criada pouco mais de um ano antes por Itamar Franco, na esteira das repercussões das denúncias – aliás, falsas – contra o então ministro da Casa Civil Henrique Heargraves. FHC só em 2001, e sob a ameaça de criação de uma CPI da Corrupção, criaria, em seu lugar, a Corregedoria Geral da União – então um apenso do seu gabinete, que só ganharia o atual nome de Controladoria Geral da União e status de ministério por ato de Lula, no seu primeiro dia de mandato.
Com os leitores deste blog não têm o tempo a desperdiçar que têm os leitores dos artigos de FHC e, ao contrário deles, possuem boa memória, basta listar: Sivam, BC-Cacciola- Francisco Lopes, compra de votos para a reeleição, os precatórios do DNER, os “grampos” da privatização da Vale (aquele do “limite da responsabilidade”), os telefonemas entre Eduardo Jorge e o juiz Nicolau “Lalau”, as irregularidades com o seu filho no caso do pavilhão brasileiro da festa dos 500 anos do descobrimento, em Hannover…
Chega, né, porque não se deve passar o domingo remoendo estas coisas…
Aliás, FHC deveria se lembrar que o então presidente de seu partido, Teotônio Vilela Filho, presidia uma ONG envolvida no desvio de verbas do FAT e não era, necessariamente, beneficiário dele.
No seu artigo, FHC diz que “os dossiês da mídia devem estar repletos de denúncias”. Sempre estão e tudo deve ser apurado. Coisa que ele não fez e agora se faz. Basta ver quem eram e como agiam o Procurador (chamado de “Engavetador”) – Geral da República, Geraldo Brindeiro, e o Advogado Geral da União, Gilmar Mendes.
Mas, como dizia o Conde de La Rochefoucauld, o comportamento hipócrita quase sempre é o tributo que o vício rende à virtude.
Do Blog TIJOLAÇO.COM
3 comentários:
Excelente matéria. Lembrei-me,de imediato, do grande Leonel Brizola e de seus colóquios bstante diretos e certeiros. É isso mesmo. A propósito, a hipocrisia e as mentiras estão embutidas profundamente no DNA dos tucanos. É a essência da destruição e da subserviência.
Professor, valeu pelo comentário.
Seu excelente Blog já está entre os Meus Favoritos.
Abraços,
Saraiva
Assim como ele disse "esqueçam o que escrevi" agora ele pede para todos, "esqueçam o que eu fiz" e façam diferente. De certa forma tem coerência e o Nunca Antes fez muito diferente. Tanto que somo hoje a sexta economia do mundo.
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