domingo, 12 de agosto de 2012

Serra é favorito para perder: Alberto Carlos Almeida

Serra foi derrotado por Lula em 2002 porque o eleitorado queria mudança. A avaliação do governo Fernando Henrique em outubro daquele ano era 25% na soma de "ótimo" e "bom", segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes. Serra foi o candidato governista de uma administração mal avaliada pelo eleitorado. Há dois anos, Serra foi derrotado novamente por Lula.
Alberto Carlos Almeida, Valor Econômico / Vermelho
Há dois anos, Serra foi derrotado novamente por Lula, desta vez pelo motivo contrário ao de 2002: Serra era candidato de oposição a um governo bem avaliado. Lula chegou ao final de seu mandato com 80% na soma de "ótimo" e "bom" e isso permitiu que elegesse sua sucessora. Agora, na eleição paulistana, Serra é o candidato de um governo que tem somente 20% na avaliação de "ótimo" e "bom". Com esse nível de avaliação, Kassab dificilmente se reelegeria. O que dizer, então, de eleger seu sucessor?

Uma das coisas mais previsíveis em eleições é que governos bem avaliados saem vitoriosos e governos mal avaliados são derrotados. Essa afirmação causa irritação de tão simples que é, mas é impressionante como a maioria das pessoas a esquece quando analisam cenários eleitorais. Em 1994, o governo Itamar Franco estava bem avaliado e seu ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique, foi eleito. Em 1998, o próprio Fernando Henrique estava bem avaliado, e foi reeleito. Em 2006, Lula tinha 56% de "ótimo" e "bom" no mês da eleição. Estava bem avaliado, e venceu. Há quatro anos, às vésperas da eleição municipal, Kassab tinha em torno de 60% de "ótimo" e "bom". Não por acaso, foi reeleito.

O eleitor não é esquizofrênico. Se um governante está indo bem, ele o mantém no poder. Se a situação está ruim, tira o governo e coloca no lugar quem fez a campanha de oposição. As eleições podem ser divididas em dois grandes tipos: de mudança e de continuidade. Na São Paulo de 2012 está configurada uma eleição de mudança, porque a soma de "ótimo" e "bom" de Kassab é muito pequena. Como Serra é o candidato de Kassab, ele tende a ser derrotado. A pesquisa publicada na semana passada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", mostrando empate técnico entre Serra e Russomano, nada mais é do que o reflexo dessa avaliação de Kassab.

Na eleição de 2008, analisamos os dados de 76 municípios em que os prefeitos disputavam a reeleição. Descobrimos uma forte relação estatística (não linear) entre avaliação de governo e vitória eleitoral. Quando um prefeito tem 25% de "ótimo" e "bom", tem no máximo 10% de chances de ser reeleito. Trata-se de uma análise estatística, mas, na prática, não temos um só caso no qual um prefeito com 25% ou menos de "ótimo" e "bom" tenha saído vitorioso. Um prefeito com 40% de "ótimo" e "bom" também dificilmente é reeleito. As chances de que isso ocorra não passam de 30%. A zona de conforto para se ganhar uma reeleição é de 55% de "ótimo" e "bom", para cima. São raros os derrotados. Em geral, perdem para si próprios porque cometem alguma barbeiragem durante a campanha.”
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