“Governador tucano não precisa fazer mais
do que tem feito para ver quadro municipal tomar contornos a seu favor; em
queda, candidato tucano terá de lhe ser mais reverente; vindo de trás,
postulante do PMDB ganha diretórios e amealha apoios disputados pelo próprio
Serra; Alckmin sorri dos dois lados
Brasil 247
Na semana passada, sob a alegação de estar
"gripado", o candidato José Serra faltou à inauguração de seu próprio
comitê central de campanha, no edifício Joelma, no centro de São Paulo. No dia
seguinte, sem nenhum problema, ele fez uma caminhada na zona Leste da cidade. A
falta, por isso, foi compreendida politicamente, pelo receio que Serra tinha de
ser mal recebido por correligionários de seu próprio partido, ainda com
cobranças sobre a falta de diálogo e atenção dele com as bases dos bairros. No
ato conduzido pelo ex-deputado Walter Feldman, a maior parte dos dezenas de
presentes era composta por vereadores e correligionários do PSD. O vereadores
tucano Gilberto Natalini, por exemplo, nem apareceu.
Serra, assim, não foi cobrado por ninguém –
mas, efetivamente, ele mal está sendo apoiado pelo PSDB. A defecção do
diretório zonal do Jabaquara, também na semana passada, que passou para o lado
de Gabriel Chalita, do PMDB, pode destampar um caldeirão. E já se fala, em
debates dos quais participam os deputados José Aníbal e Ricardo Trípoli, de uma
era pós-Serra dentro do partido. O que se daria com a derrota do candidato à
Prefeitura. Estaria aberto o portão, assim, para a renovação partidária, com
chances para novos quadros e novas alianças políticas. Alguns acreditam que
Serra, primeiro com sua preferência nacional pelo PFL e o sucessor DEM, e agora
com o PSD de Gilberto Kassab, tenha levado o PSDB muito para a direita do campo
ideológico. O retorno ao centro é desejado por muitos.
Também na máquina administrativa o trabalho
político a favor de Chalita, e não Serra, vai correndo solto em setores como a
Secretaria de Esportes, onde antigos quadros do PMDB continuam afixados. Ainda
reverbera no comando da campanha do tucano a insistência com que Chalita usou o
termo "parceria" ao tratar, no debate entre candidatos na TV
Bandeirantes, quinze dias atrás, de seu relacionamento com o governador Geraldo
Alckmin. Mesmo tendo usado várias vezes a expressão, de modo a demonstrar uma ligação
bastante próxima com o governador, e despertando com isso reclamações
posteriores de Serra, Chalita não foi, até agora, desmentido pelo próprio
Alckmin – e nem será.”
Foto: Montagem/247
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