A Realidade é bem mais dura que a autocrítica
Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou
cobrar com juros, juro Todo esse amor reprimido Esse grito contido Este
samba no escuro Você que inventou a tristeza Ora, tenha a fineza De
desinventar Você vai pagar e é dobrado Cada lágrima rolada Nesse meu
penar
(Chico Buarque)
As Organizações Globo
publicaram no último dia 31 de agosto editorial onde reconhecem o apoio
ao Golpe de 1964 e afirmam que essa postura foi um erro. O mesmo
editorial também reconhece o que todo mundo já sabia: que o Estado de
São Paulo, a Folha de São Paulo, o Correio da Manhã e outros veículos
também foram coniventes com a ditadura que se constituiu em um dos
capítulos mais vergonhosos da história do Brasil.
O que o Jornal O Globo fez durante a
ditadura militar, não foi apenas um apoio. Foi uma parceria simbiótica.
Um crime. Um crime de uma organização que se transformou em ferramenta
dos militares para consolidar sua hegemonia e que também tem em suas
mãos o sangue de todos os mortos pelo regime autoritário. Um crime que
fez a família Marinho ter hoje três dos seus herdeiros entre os 10
homens mais ricos do Brasil.
Um crime que acobertou outros crimes, como o
impedimento da instalação de um CPI para investigar o acordo Globo-Time
Life em 1966; que garantiu o aproveitamento da Embratel (uma das
primeiras estatais criadas pelo Governo Militar) para desenvolvimento
desse império das comunicações, que segue até hoje usando o poder
construído através da colaboração com um dos regimes mais sangrentos da
história do Brasil para tentar ditar os rumos da política no nosso País.
Um crime que permite que essa empresa continue até hoje cometendo
outros crimes, como por exemplo, usar do seu poder de comunicação para
pautar a agenda política de governos, travestindo sua imposição de
pautas e prioridades sob uma falsa prestação de serviço e capitalizando
para si as ações realizadas pelo poder público em suas variadas esferas.
Quantos anos ainda serão precisos para a
Globo fazer a autocrítica pela cobertura das greves de 1979? Quando vão
fazer a autocrítica pelas movimentações contra Brizola em 1982? Quando
vão reconhecer o erro da edição do debate de Lula e Collor em 1989 e do
apoio ao “caçador de marajás”? Quando farão a autocrítica por terem sido
contra as cotas, por não terem noticiado os escândalos da Era FHC, pela
construção da agenda das privatizações e pelos esforços na defesa da
agenda neoliberal no Brasil? Quando as Organizações Globo farão a
autocrítica pela maneira criminosa como cobrem os movimentos sociais?
As Organizações Globo fazem a autocrítica
ao apoio à ditadura, mas não fazem a autocrítica de quanto esse apoio
foi lucrativo. Em seu discurso ainda são presentes as velhas mentiras
para justificar o injustificável. Reconhecem o que dizem ser um erro,
mas justificam na base de mentiras, mais uma vez tentando escrever a
História do Brasil através de deturpações que reafirmam sua falta de
compromisso com o Brasil. Uma autocrítica forçada pelas ruas, que gritou
a plenos pulmões não apenas que “a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a
ditadura”, mas que também gritou “o povo não é bobo, abaixo a Rede
Globo”.
Com a credibilidade cada vez menor, as
Organizações Globo tentam forjar uma autocrítica para se preparar para a
disputa eleitoral que se avizinha, mas dessa vez o cenário será
diferente. Não aceitaremos mais as velhas mentiras e nem permitiremos
que mais uma vez essa máfia midiática use do seu poder para iludir a
população brasileira.
O Centro de Estudos de Mídia Alternativa
Barão de Itararé denuncia a falsa autocrítica publicada pelo Jornal O
Globo e reafirma sua posição de lutar contra os impérios da comunicação
que servem às elites conservadoras desse país, seguindo na busca pela
construção de novas mídias que sejam capazes de representar esse novo
momento vivido pelo País e que possam sepultar, de uma vez por todas, o
espectro das mídias golpistas forjando assim uma nova comunicação no
Brasil.
A real autocrítica sobre a relação
promíscua das Organizações Globo com o nefasto Golpe Militar deve ser
feita pelo Estado brasileiro, através da Comissão Nacional da Verdade,
investigando a fundo o dia a dia de colaboração da Rede Globo e da
grande mídia burguesa nacional com o regime assassino que derramou muito
sangue, de brasileiros e brasileiras, no solo de nossa pátria. Trazer à
luz da sociedade a verdade sobre o real papel da imprensa golpista no
empenho contra a emancipação do povo brasileiro é dever do Estado, pois a
memoria de um povo é fundamental para que se possa tentar evitar que os
erros do passado se repitam.
A verdade é mesmo muito dura, a Rede Globo apoiou e parasitou a ditadura!
O Povo não é bobo! Abaixo a Rede Globo!
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PITACO DO ContrapontoPIG
A Globo quer deletar o seu passado sujo... pode?
Estranho, não?
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