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As prisões de Dirceu, Genoino e Delúbio, no dia da Proclamação
da República, é um fato histórico da maior importância para a frágil democracia
brasileira.
Punhos erguidos, os réus de uma ação julgada pelo Supremo
Tribunal Federal entregaram-se à polícia assumindo a postura altiva de quem
lutou pela democracia.
A mídia fundamentalista, comunicada da decretação das
prisões antes mesmo da Policia Federal, ávida por algemas e lágrimas, não
gravou o que pretendia. Pelo contrário, o rosto dos presos era sereno,
mesmo o de José Genoino, enfermo, consciente do significado do gesto. Uma vida
inteira de luta por direitos alcançados em troca de torturas e sangue, no dia
15 de Novembro, culminou na condução ao cárcere por razões políticas.
Meticulosamente o Presidente do STF, Mister J. Barbosa,
desenhou o formato da vingança com vícios premeditados e primários, da mesma
forma que procedera durante o julgamento da AP470: datas e horas propícias para
amplificar a culpa de quem ele sonhava prender; arriscou-se a ultrapassar os
limites da lei – foi criticado por juristas, OAB e pares do STF – com o claro
objetivo de promover seu ego às alturas diante de uma plateia inconformada com
as transformações sociais que o Brasil passou na última década. Ou de satisfazer, quem sabe, interesses inconfessáveis.
Mas há um erro infantil em tudo isso, uma falta de
compreensão política que as oposições e a imprensa, além de Mister. J. Barbosa, não
souberam alcançar: não se cala um idealista!
Em momentos mais perigosos da história estes mesmos homens
colocaram suas vidas em risco e lutaram, não por si, não por suas individualidades,
mas por um ideal de justiça e liberdade. Enfrentaram prisão e tortura por algo
intangível que, para quem se dispõe a entregar a vida, a sublime recompensa da
luta é lutar.
Não são aventureiros, como devem supor seus algozes, não se
curvam e não vertem lágrimas: apenas lutam.
Difícil para quem os odeia é engolir a altivez de um
idealista. O rancor pede humilhação e morte, assim como ocorreu nos anos de
chumbo quando a direita não tolerava pensamentos progressistas. Nunca conseguirão compreender o que leva um
homem ou uma mulher a manter-se calado durante uma sessão de tortura; muitos
tombaram sem denunciar companheiros unicamente pelo ideal de transformação e justiça.
Fico imaginando o quanto devem sonhar os presos de Mister. J.
Barbosa com a oportunidade de voltar à luta; o sabor da guerra, agora que não
são mais tão jovens, deve ser especial. Pouco importa a vida, o que vale é
vislumbrar a liberdade.
Ao erguer o punho para as imagens de TVs, assumem a postura
que nunca deixaram de ter: há homens e há ratos; a diferença está no
comportamento de cada um.
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