“Empresa de indiciado no escândalo foi a
segunda maior doadora da campanha de filho de Covas
Fausto Macedo, Fernando Gallo, Ricardo
Chapola / O Estado de S. Paulo
A Focco Tecnologia, empresa de ex-diretores
da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) suspeitos de envolvimento
com o cartel metroferroviário em
São Paulo, foi a segunda maior doadora da campanha do
vereador tucano Mário Covas Neto, o Zuzinha, em 2012.
A consultoria também deu dinheiro, em
menores quantidades, a outros políticos do PSDB na campanha de 2010,
que hoje estão no primeiro escalão do governo Geraldo Alckmin (PSDB): o
secretário estadual de Meio Ambiente e deputado estadual licenciado Bruno Covas
e o secretário estadual de Energia e deputado federal licenciado, José Aníbal.
Sócios da empresa, os ex-diretores da CPTM
João Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio de Araújo foram indiciados pela Polícia
Federal sob suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de cartel e
crime financeiro. Zaniboni foi condenado pela Justiça da Suíça por lavagem de
dinheiro.
A Focco
já recebeu R$ 32,9 milhões do governo paulista entre 2010 e 2013 por
serviços de consultoria. Ela assinou contratos para "supervisão de
projetos" com CPTM, Metrô, Agência Reguladora de Transportes do Estado
(Artesp), Secretaria de Transportes Metropolitanos e Empresa Metropolitana de
Transportes Urbanos (EMTU).
A PF aponta Zaniboni e Araújo como
"intermediários no pagamento de propinas" para beneficiar cartel no
sistema metroferroviário suspeito de atuar nos governos tucanos de Mário Covas,
Geraldo Alckmin e José Serra.
Zuzinha e Bruno Covas são, respectivamente,
filho e neto do ex-governador Mário Covas. Este era o governador em 1998, ano
em que a multinacional alemã Siemens sustenta ter começado a operar o cartel no
setor metroferroviário do Estado. Covas morreu em 2001, foi sucedido pelo então
vice, Alckmin, atual governador, que terminou o seu mandato.
A Focco doou R$ 50 mil para Zuzinha em
2012, ano da primeira campanha do filho de Covas. Era a segunda maior doadora
do total de R$ 904,7 mil que o vereador declarou ter recebido. Ele ficou em
oitavo lugar nas eleições, com 61 mil votos, e assim conquistou uma das 55
cadeiras do Legislativo municipal.
Em 2010, a consultoria de Zaniboni e Araújo já
havia doado para as campanhas do sobrinho de Zuzinha, Bruno Covas, e de José
Aníbal. Bruno acabaria se tornando o deputado estadual mais votado, com 239.150
votos. Ele contou com uma doação de R$ 2 mil, e Aníbal com uma de R$ 4 mil.
O atual secretário de Energia do Estado
ainda recebeu uma doação de R$ 2 mil do consultor Arthur Teixeira, apontado
pelo Ministério Público como lobista do cartel. Aníbal foi eleito como o 19.º
deputado federal mais bem votado, com 170.957 votos.
Todos dizem que as doações foram regulares
e atenderam às exigências da Justiça Eleitoral.
Desligamento. Zaniboni e Araújo, sócios da
Focco, foram os primeiros agentes públicos a serem indiciados pela Polícia
Federal no inquérito que investiga o cartel dos trens - há outros indiciamentos
envolvendo o cartel, mas no setor de energia.
Zaniboni foi diretor de Operações e
Manutenção da CPTM entre 1999 e 2003, e Araújo foi diretor de Obras e
Engenharia da estatal entre 1999 e 2001. Zaniboni se tornou sócio da Focco em
2008, quando já estava fora da estatal do governo tucano. Após ter seu nome envolvido
com o escândalo do cartel, em agosto deste ano, ele deixou a sociedade com
Araújo.”
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