“No século passado, antes de as crianças ficarem reféns de games, smartphones e iPads, havia outro inimigo dos pais: a televisão. Acreditava-se que ela fazia mal para a visão, para a educação, para o comportamento. Logo se passou a acreditar que era lenda urbana.
Não era.
Uma nova pesquisa da Universidade de Ohio constatou que meninos em idade pré-escolar que tinham uma TV no quarto, ou cujos pais deixavam o aparelho ligado de maneira inercial, tiveram um desempenho pior nos níveis mental e emocional. Sua compreensão dos sentimentos de outras pessoas era superficial — crenças, desejos, intenções etc.
O estudo foi com 107 crianças na faixa entre 38 e 74 meses. A capacidade cognitiva estava prejudicada. A faculdade de “ler” os demais, dizem eles, um passo fundamental para a maturidade, estava comprometida.
“Tanto a TV ligada sem ninguém assistir quanto sua simples presença no quarto têm um impacto negativo”, afirma o relatório. “A TV expõe as crianças a personagens e situações sem profundidade e que requerem um processo superficial de entendimento”.
Isso acontece, entre outras razões, porque é uma mídia muito menos interativa do que, por exemplo, a Internet ou os videogames. É feita sob medida para o chamado couch potato.
A boa notícia é que ela está morrendo. De
acordo com um levantamento do Citi Research, tanto as emissoras abertas quanto
fechadas tiveram, em 2013, seu pior ano na história nos EUA. Todos os
principais canais a cabo perderam pelo menos 113 mil assinantes no terceiro
quadrimestre deste ano — é o fenômeno dos cord-cutters. No Brasil, a tendência
não é diferente (o Ibope bate recordes negativos há 13 anos).
Sim, ainda é possível ver coisa boa por
assinatura. Mas a situação se complica quando você tem a possibilidade de, com
serviços de streaming na Internet, como o Netflix, assistir o que quiser, como
quiser e na hora em que quiser.
Ou seja, quando seu filho estiver ali, em
seu mundo, com o laptop e o iPad abertos, trocando mensagens ao mesmo tempo,
não se desespere. Ele podia estar vendo o Big Brother, tornando-se um pequeno
robô anti-social e comentando sobre o próximo capítulo da novela das 9.’
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