Copiei de Carta Maior
Antonio Lassance
É
grande e escandalosa a lista de privilégios a que José Dirceu, José
Genoíno e Delúbio Soares estão usufruindo em sua estada no Planalto
Central.
1)
A começar, a prisão foi decretada em uma data toda especial. A última
vez que tanta gente foi presa em um 15 de novembro foi na própria
Proclamação, em 1889. Os presidiários eram, em sua maioria, da Família
Real, os Orleans e Bragança. Ou seja, a data não é para qualquer um.
2)
Eles (os petistas, não os Orleans e Bragança) tiveram o privilégio de
serem presos antes do fim do processo, o que também não é pra qualquer
um.
3) Os três, como poucos, foram presos sem a expedição da carta de sentença, o que constitui uma ilegalidade.
4)
A lei determina que o preso deve cumprir a pena em seu estado de
origem, a não ser excepcional e justificadamente. Mas eles tiveram o
privilégio de serem levados a Brasília, de jatinho, por ordem não de um
juiz qualquer, mas de Sua Excelência Excelsa e Magnânima, o presidente
do Supremo. A falta de um motivo declarado para essa operação
espetaculosa gerou a estranheza de ministros do próprio STF, tamanho
o... privilégio.
5) Condenados ao regime semiaberto, foram levados a um privilegiado estabelecimento prisional de regime fechado.
6)
O fato provocou a hesitação do diretor do Complexo Penitenciário da
Papuda em recebê-los. O impasse garantiu aos condenados o privilégio de
ficarem mais de quatro horas dentro de um ônibus, aguardando uma
decisão.
7)
Para abreviar a demora e poupá-los do cansaço, eles tiveram o
privilégio de passar o final de semana naquele mesmo aprazível
estabelecimento, contrariando o regime semiaberto. Uma comentarista de
TV, sem ruborizar, externou sua opinião de que isso não poderia ser
considerado prisão, e sim “custódia”. Valeu pela tentativa.
8)
Juristas como Dalmo Dallari, Hélio Bicudo, Ives Gandra Martins e
Reginaldo Oscar de Castro consideram que a situação a que José Genoíno
foi submetido fere as leis brasileiras e é uma clara violação aos
tratados internacionais. Realmente, não é qualquer um que tem o
privilégio de ter juristas desse naipe preocupados com suas condições.
Não importa quais sejam as condições; o que vale é o privilégio de
receber tais comentários.
9)
Segundo o Instituto Médico Legal, Genoíno precisa de "cuidados
específicos medicamentosos e gerais, controle periódico por exames de
sangue, dieta hipossódica, hipograxa e adequada aos medicamentos
utilizados, bem como avaliação médica cardiológica especializada
regular". Por fazer uso regular de anticoagulante oral, deve ser
submetido a exames de sangue periódicos para verificar sua coagulação
sanguínea. É mesmo muita mordomia. Estão querendo fazer o Estado de
babá.
10)
Mas o cúmulo do privilégio quem teve não foi nenhum dos presos, e sim o
senhor Henrique Pizzolatto, que garantiu o requinte de ter sua situação
relatada pela comentarista de assuntos da Santa Sé, Ilze Scamparini.
Graças a ela, veio a revelação de que a pronúncia correta dos zês de
Pizzolato é a mesma da palavra pizza (tipo “pitzolato”). A primeira
matéria foi feita pela repórter tendo justamente uma “pizzeria” ao
fundo. De quem terá sido a tão sofisticada ideia? De todo modo, pelo
didatismo, “grazie”!
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Postado há 11 hours ago por Blog Justiceira de Esquerda
Do Blog Justiceira de Esquerda.
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