A maioria dos
brasileiros, e bem maioria mesmo, acha que há provas em profusão para
condenar os réus do chamado “mensalão”, que as penas de alguns acusados
não foram excessivas, que a democracia sai fortalecida e que o ministro
Joaquim Barbosa é um herói.
Essa maioria assimilou o
que, durante oito anos, e de forma sistemática, difundiu a grande
imprensa brasileira. Os que questionavam as acusações, o processo e o
julgamento são boicotados nos principais jornais e emissoras e os livros
que contradisseram as teses da acusação não tiveram nenhuma divulgação,
tudo para impor um pensamento único a respeito do processo.
Não é que não houve
crime e que muitos acusados são culpados. Mas há réus condenados sem
nenhuma prova, penas muito maiores do que as que se dão a assassinos
reincidentes, e o ministro Joaquim Barbosa causa mal à democracia com
suas atitudes arbitrárias, autoritárias e destinadas a receber
repercussão favorável da mídia e transformá-lo em ídolo.
Barbosa faz política
usando sua cadeira no mais alto tribunal do país, o que é ilegítimo e
antidemocrático. Foi de propósito que decretou as prisões em um feriado,
para que os réus não tivessem a quem apelar contra as ilegalidades
cometidas e ficassem em regime fechado na Papuda. Sequer comunicou ao
juiz de execuções penais, para evitar que ele tomasse alguma decisão.
Mandou virem todos para Brasília, mesmo um cardiopata como José Genoíno,
sem nenhuma necessidade, algemados, apenas para garantir que a mídia
tivesse assunto para ocupar os dias de fins de semana.
Combater a corrupção que
grassa no país é uma coisa. Fazer disso uma luta política contra apenas
alguns e para se promover é outra. Joaquim Barbosa hoje é herói da
direita ideológica e dos milhões de desinformados pela mídia. A
história, porém, o condenará.
Helio Doyle
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