São os entreguistas, os agourentos e subalternos aos interesses estrangeiros
Por Claudio Puty, no site da “Fundação Mauricio Grabois“:
“Os tucanos
passaram oito anos no poder tentando, de todas as formas, privatizar a
nossa maior empresa, a Petrobras, criada em 1953 na esteira da campanha
nacionalista “O petróleo é nosso”. Agora, a pretexto de investigar
supostas irregularidades na compra, pela estatal, de uma refinaria em
Pasadena (Texas) em2006, a oposição procura enfraquecer a
imagem da empresa, uma das maiores conquistas do povo brasileiro. Essa é
a principal função da CPI pedida no Senado.
A estratégia
antinacional traçada pelo Estado-Maior da oposição conservadora e levada
a cabo pelo ‘general’ Aécio Neves é mostrar que os governos Lula e
Dilma levaram a empresa à bancarrota. Entretanto, se nos dermos
ao trabalho de comparar a desastrosa gestão da Petrobras durante a
gestão FHC/PSDB com os resultados obtidos por ela desde 2003,
constataremos que a atual campanha da oposição não passa de cortina de
fumaça para nova investida para a privatização da estatal. Tanto
que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender essa
medida, numa afronta à memória de seu tio, o general Felicíssimo
Cardoso, um dos líderes da campanha pela criação da Petrobras.
O fato é que as
ações de FHC/PSDB no poder mostram coerência do tucanato com o ideário
privatista. Em 1994, ainda como ministro da Fazenda de Itamar Franco,
ele manipulou a estrutura de preços dos derivados de petróleo de forma
que, nos últimos seis meses que antecederam à implantação do Plano Real,
a Petrobras teve aumentos de combustíveis 8% abaixo da inflação,
enquanto que as distribuidoras tiveram aumentos 32% acima da inflação. Com isso, houve transferência do faturamento da Petrobras para o cartel das distribuidoras, cerca de US$ 3 bilhões anuais. Já
como presidente, FHC pressionou a Petrobras para que ela assumisse os
custos da construção do gasoduto Brasil-Bolívia, obra que beneficiava a
[estadunidense] Enron e a Repsol [espanhola], donas das reservas de gás
boliviano.
Ocorre que a
taxa de retorno do gasoduto era 10% ao ano e o custo financeiro, 12%,
mas a Petrobras foi obrigada a desviar recursos da Bacia de Campos – com taxa de retorno de 80% – para investir nesse empreendimento. A empresa também teve que assinar uma cláusula que a obrigava a pagar pelo gás boliviano mesmo que não o comprasse. Com isso, pagou por cerca de 10 milhões de metros cúbicos sem ter conseguido vendê-los.
Em 1998, o
governo federal impediu a Petrobras de obter empréstimos no exterior, de
emitir debêntures para a obtenção de recursos para novos investimentos.
Ao mesmo tempo, FHC/PSDB criou o “Repetro” (regime aduaneiro especial),
com isenção fiscal às empresas estrangeiras que importam equipamentos
de pesquisa e lavra de petróleo, sem a devida contrapartida para as
empresas nacionais. Com isso, cinco mil empresas brasileiras
fornecedoras de equipamentos para a Petrobras quebraram, provocando
desemprego e perda de tecnologia nacional.
Em 2000, o
então presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, levou Pelé a
Nova York para o lançamento de ações da Petrobras na Bolsa de Valores de
Wall Street. O governo vendeu, então, 20% do capital total da estatal
e, posteriormente, mais 16%, pelo valor total de [somente] US$ 5
bilhões. No mesmo ano, os tucanos privatizaram a Refinaria Alberto
Pasqualini (Refap) por meio de troca de ativos com a Repsol argentina,
do grupo Santander, braço do “Royal Scotland Bank Co”. Nessa transação, a
Petrobras deu ativos no valor de US$ 500 milhões e recebeu ativos no
valor de US$ 500 milhões. Soma zero? Não, porque os ativos da
estatal brasileira eram avaliados em US$ 2 bilhões e os que ela recebeu
passaram a valer US$ 170 milhões, em razão da crise financeira da
Argentina. Nada simboliza melhor esse período nefasto do que o naufrágio da plataforma P-36, com 11 mortes e prejuízos de US$ 2 bilhões.
A privatização
da Petrobras foi revertida pelos governos do PT, mas agora os
demotucanos pensam ter encontrado o pretexto ideal para colocá-la
novamente na agenda. Para desespero da oposição, os números representados pela estatal são a melhor arma contra a estratégia de desmoralização. A
produção média mensal de petróleo na camada de pré-sal atingiu a marca
[média] de 387 mil barris/dia, novo recorde [já alcançou marca de 428
mil barris/dia em 17 deste mês]. A estatal também bateu recorde de
processamento de suas refinarias, com média de 2.151 mil barris de
petróleo por dia. E também foi recorde a produção de diesel e gasolina
com baixo teor de enxofre, com 24 milhões de barris de diesel e 14,8
milhões de barris de gasolina. Em relação ao gás natural, a Petrobras
ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 100 milhões de metros
cúbicos por dia (101,1 milhões).”
O fato é que a oposição, na falta de
propostas, tenta criar marola em torno de um tema superado pela
realidade dos números já mostrados à exaustão.
Números
Nesse contexto,
é importante ressaltar que os investimentos da Petrobras antes do
governo petista não chegaram a US$ 5 bilhões por ano, entre 1992 e 2002. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alavancou-os para US$ 10 bilhões por ano, em 2005. De
acordo com o Plano de Negócios e Gestão 2014-2018, divulgado
recentemente pela empresa, há um total de US$ 220 bilhões para o
período, o que equivale a US$ 45 bilhões por ano, em média. Ou seja, praticamente multiplicou por dez os investimentos anteriores a 2003, ano em que Lula assumiu. Isso, sim, é um fato, e não os factoides que os opositores teimam em construir.
Esse
significativa expansão de investimentos se refletiu no aumento dos
esforços em exploração e produção, o que nos levou à descoberta do
pré-sal, no qual a Petrobras é a operadora com, no mínimo, 30% de
participação nos consórcios, de acordo com o novo marco regulatório de
prospecção do petróleo (a criação do regime de partilha). Com as novas
descobertas, tanto no pré-sal como fora, chegaremos a uma produção total
de 4 milhões de barris/dia em 2020, basicamente duplicando nossa
produção atual. Com todos esses investimentos, ainda conseguimos
aumentar o lucro, atingindo R$ 23,6 bilhões em 2013, alta de 11% em
relação aos R$ 21,2 bilhões alcançados em 2012.
Em 2014, a Petrobras
realizou duas grandes operações de emissão de títulos no mercado
internacional: em janeiro, captou cerca de € 3,6 bilhões no mercado
europeu; em março, US$ em torno de US$ 20 bilhões no mercado americano.
Em ambas, avaliações de riscos feitas pelas principais agências de
rating apontam-na como “grau de investimento” – ou seja, empresa que
dispõe de boas perspectivas em relação à capacidade e ao compromisso de
honrar suas obrigações financeiras. O êxito dessas operações confirma a boa aceitação da estatal no mercado internacional de capitais.
Logo, a
Petrobras é uma empresa estratégica para o país, com repercussões em
toda a economia, não só pela produção de combustíveis, mas também por
suas compras no mercado interno, que alavancaram vários setores,
inclusive a indústria naval. A Petrobras nasceu com a luta “O petróleo é
nosso” e chegamos aos seus 60 anos podendo dizer que o pré-sal também é
nosso. E é exatamente isso o que inflama a oposição, pois no
governo deles, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quiseram
mudar o nome da empresa para Petrobrax, buscaram privatizá-la, mas não
conseguiram.
Outros dados
técnicos revelam que as reservas provadas totais atingiram 16,57 bilhões
de barris de óleo equivalente (boe), devendo ser duplicadas com a
exploração do pré-sal. O Índice de Reposição de Reservas (IRR) no Brasil
ficou em 131% e a relação reserva/produção em cerca de 20 anos. Pelo
21º ano consecutivo, a companhia mantém um IRR no Brasil acima de 100%. O
índice de sucesso exploratório da Petrobras é de 64%, enquanto a média
mundial é de aproximadamente 30%. Já no pré-sal, é de 82%.
O Conteúdo
Local, que é a política de produzir no país os insumos para Petrobras, é
importante para o Brasil por uma série de razões, entre as quais o
aumento do parque fabril. Entre sondas de perfuração, plataformas de
produção e navios, foram encomendadas à indústria naval 137 unidades
para a atividade prioritária de produção de petróleo. Entre as empresas
com as quais se mantiveram relacionamentos industriais, estão dezenas de
estaleiros e canteiros de obras navais, em toda a costa brasileira. Entre
as obras a serem construídas em estaleiros do país até 2020, estão 38
plataformas de produção, 28 sondas de perfuração marítima, 49
navios-tanque e 568 embarcações de apoio. Também se investiu no desenvolvimento de profissionais para a indústria naval e offshore.
Ante isso,
pode-se questionar para que serviria uma CPI que tem como ponto central o
mau negócio de Pasadena? Será que tem alguém beócio o suficiente para
acreditar que a compra de Pasadena e o mau negócio que ela se tornou
resultaram de meros atos de corrupção? Infelizmente, é possível que sim,
pois reina no Brasil do denuncismo certo reducionismo moral, que
pretende explicar todos os problemas do país com base na corrupção e no
malfeito.
Entre os
Azande, povo africano estudado pelo famoso antropólogo Evans-Pritchard,
todos os infortúnios se explicavam pela bruxaria. No Brasil de hoje, todos os problemas se “explicam” pela corrupção. Até mesmo um negócio malsucedido.
Não que atos de
corrupção e de má-gestão não possam ter ocorrido, no caso ou na
empresa. Mas atribuir-lhes de antemão centralidade é, no mínimo, um
exagero “azandiano”. Além disso, a Petrobras já é objeto de inquéritos
internos e da própria Polícia Federal. Quem tiver de ser punido, que
seja. Para isso, a CPI é totalmente desnecessária. Não obstante,
essa metafísica da corrupção, quando aplicada à empresa em pleno
período eleitoral, talvez esconda interesses mais terrenos e menos
moralizantes.
Em primeiro
lugar, há o óbvio interesse em desgastar o governo Dilma e a candidatura
da presidenta, que permanece à frente nas pesquisas. Com seu preciso “timing” eleitoral e sua vaga metafísica,
a CPI se tornaria palco de inúmeras ilações e denúncias, devidamente
potencializadas pelo maior partido de oposição do país, a grande mídia.
Em segundo
lugar, e menos óbvio, há também o interesse “altruísta” de livrar a
Petrobras do fardo de ter de explorar o pré-sal. Por isso, crescem na
mídia as matérias e reportagens patrioticamente dedicadas a mostrar uma
Petrobras à beira da falência, ferida de morte por suposta má-gestão
típica de uma estatal assediada pela política. Estratégia antiga e marota, que deu certo na época das privatizações.
Não comove os
altruístas e patriotas o fato de a Petrobras, como bem demonstrou Graça
Foster no Senado, ser empresa sólida, com crédito no mercado, desempenho
extraordinário em prospecção, expertise única em águas ultraprofundas e
excepcionais perspectivas de médio e longo prazo, já que dispõe do
pré-sal, enormes jazidas de óleo leve, num mundo em que há carência de
descobertas de novas jazidas, a não ser as de sujo óleo de xisto. Tampouco
os comove o fato de a Petrobras ter dobrado sua produção, nos últimos
dez anos, e de seu valor de mercado ter passado de R$ 15,5 bilhões, em
2002, para R$ 98 bilhões, em 2012.
Talvez
aconselhados pelos mesmos “gênios” que apregoam a volta das medidas
impopulares, de saudosa memória, esses abnegados senhores desejem o
retorno do modelo de concessão, instituído nos tempos de FHC e
substituído pelo modelo de partilha, nos tempos de Lula. Nesse modelo de
concessão, as jazidas passariam a pertencer às empresas que vencem os
leilões e a Petrobras ficaria alijada da exploração conjunta. Exxon,
Chevron, Shell et caterva agradeceriam esse gesto de grandeza. A
União faria um caixa rápido para ampliar o superávit primário e a
Petrobras acabaria se transmutando na tão sonhada, por eles, Petrobrax.
Neste cenário, é
claro que a Petrobras seria, sim, ferida de morte. A cadeia do petróleo
sustentada pela empresa, inclusive a indústria naval, ressuscitada nos
governos Lula e Dilma, também. E a alavancagem do
desenvolvimento nacional e da educação brasileira pelo pré-sal seria
convenientemente esquecida na névoa do denuncismo metafísico.
Pré-sal aumenta importância da indústria do petróleo na economia
De acordo com
a nova Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), na última década, a indústria
extrativista dobrou a participação na composição do Produto Interno
Bruto (PIB). O peso do setor dentro do cenário industrial nacional saltou de 5% em 2000 para 11,2% em 2010. Entre
as explicações para o salto está a descoberta do pré-sal, em 2006, que
aumentou a importância da produção de petróleo na economia brasileira.
Na análise só
da nossa participação, somando a produção de petróleo e gás natural
como o setor de refino, o nosso peso na indústria brasileira passou de
9,7% para 13,4%. Os 3,5 pontos percentuais a mais significam uma alta
superior a do setor automotivo no período.
O refino de
petróleo, por exemplo, subgrupo da indústria de transformação, passou de
8% para 10,3%. Outro exemplo do efeito Petrobras é o setor naval. Hoje,
segundo a pesquisa, é 10 vezes maior do que no ano 2000. A indústria pontuava com 0,02% e aparece agora com 0,25%.
Somos responsáveis
por esta recuperação do setor. Com a perspectiva de dobrar a produção
para 4,2 milhões de barris de petróleo por dia até 2020, encomendamos ao
setor naval, para entrega entre 2012 e 2020, 28 sondas de perfuração,
49 navios, 38 plataformas de produção e 146 barcos de apoio.
Dos barcos de
apoio, sessenta e uma embarcações estão em construção e 26 já foram
entregues.O conteúdo nacional dessas obras varia de 55% a 75%. A
primeira sonda brasileira, com conteúdo local de 55%, será entregue em
2015. Das plataformas de produção, 9 já foram entregues e 29 estão por
vir com conteúdo local entre 65 e 75%. Os números são relevantes para uma indústria que retomou sua capacidade de realização a partir de 2003.
Hoje, a
indústria naval conta com 75 mil trabalhadores e deve chegar a 100 mil
ainda em 2017, segundo estimativa do Sinaval (Sindicato Nacional da
Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore).
Sobre a pesquisa - Desde a década de 70, a Pesquisa
Industrial Mensal de Produção Física do IBGE produz indicadores da
indústria extrativista e de transformação. A última versão da PIM-PF,
reformulada, foi apresentada dia 7 maio pelo IBGE. As mudanças
metodológicas não alteram a série histórica.
THIETRE MIGUEL - RIO DE JANEIRO-RJ
Postado há 13 hours ago por Blog Justiceira de Esquerda
Do Blog Justiceira de Esquerda.
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