Luiz Carlos Azenha, viomundo
“Fizemos lá [no Nordeste] o que o companheiro Alckmin não fez em São Paulo”, disse a presidente Dilma Rousseff num encontro em Brasília com o diretor regional de Jornalismo da TV Record, João Beltrão.
Ela se referia a um projeto que, aparentemente, vai acabar virando tema na campanha eleitoral, diante da falta d’água em São Paulo: a instalação de cisternas no Nordeste por parte do governo federal.
O governador paulista, Geraldo Alckmin, é acusado por adversários de não ter feito os investimentos necessários para evitar uma crise no abastecimento de água.
Por outro lado, no Nordeste, até o final do mandato Dilma deverá entregar 750 mil cisternas como parte do programa Água para Todos.
Segundo a presidente, além de garantir o abastecimento de milhões de pessoas as cisternas reduziram a corrupção, ao eliminar os carros-pipa que eram usados por autoridades para conquistar eleitores. De acordo com Dilma, os carros-pipa que hoje fazem o serviço em casos de emergência são do Exército.
A alfinetada em Alckmin demonstra que Dilma está antenada no potencial do tema na campanha eleitoral que se avizinha. É uma questão que pode ajudar o candidato do PT a governador, o ex-ministro Alexandre Padilha, a ganhar votos para a chapa petista em São Paulo.
Pesquisa do Data Popular divulgada nas últimas horas demonstra isso.
Deu no Estadão:
Mônica Reolom – O Estado de S. Paulo
Uma pesquisa dos institutos Data Popular e Ideia Inteligência revelou que 23% dos paulistas tiveram problema de falta de água nos últimos três meses. O número corresponde a 6 milhões de pessoas. Se for considerada apenas a região metropolitana, que é abastecida pelo Sistema Cantareira, o índice sobe para 35%.
“A falta de água não é mais uma questão teórica, é uma questão prática”, afirma o coordenador da pesquisa e diretor do Data Popular, Renato Meirelles. “Essa falta de água é real e por isso as pessoas estão com receio de que continue faltando água no resto do ano. Esse temor em véspera de eleição faz com que a pauta de falta de água entre no calendário eleitoral”, diz.
O levantamento foi feito pelo telefone com 18.534 pessoas de 70 cidades do Estado, e tem margem de erro é de 0,7%.
Os paulistas também estão pessimistas: 59% acreditam que vão enfrentar falta de água até o final do ano, em casa ou no trabalho. Segundo a pesquisa, a escassez de água é duas vezes maior entre as famílias de menor renda (que recebem até um salário mínimo) do que entre famílias de renda superior (que ganham mais de dez salários): os índices são de 25% que relataram o problema no primeiro grupo contra 12% do segundo.
Os entrevistados também apontaram que o principal culpado pelo problema de abastecimento é o governo estadual (41%), seguido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), com 29%.Eleitoralmente, o mais constrangedor nos números da pesquisa acima é que os pobres teriam sido mais afetados pela falta d’água em São Paulo que os ricos.
Durante o encontro com o representante da Record — parte de uma série de encontros com jornalistas — a presidente Dilma estava tranquila quanto à campanha eleitoral, embora tenha admitido que vai “apanhar de todo lado”.
Disse não entender a onda de pessimismo nas questões relativas à economia. Ressaltou o crescimento minúsculo dos Estados Unidos e notou que o México, muito elogiado ultimamente, cresceu menos que o Brasil.
Confessou que às vezes fica chateada com o noticiário negativo, mas afirmou ter “casca grossa”.
Deu outra pista sobre a campanha: afirmou que os números de seu governo são melhores que os dos governos anteriores.
Resumiu: “Vou para a guerra”.
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