Dilma abre vantagem sobre Marina; Aécio esboça reação
Empate no segundo turno acirra disputa entre a presidente e sua principal rival
Rejeição a Marina fica maior do que a de tucano após vinte dias seguidos de ataques dos seus adversários
Com o desgaste sofrido por Marina Silva (PSB) --e apesar de um esboço de
reação de Aécio Neves (PSDB)--, a presidente Dilma Rousseff (PT) se
fortaleceu mais um pouco na corrida eleitoral.
A dianteira de Dilma sobre Marina no primeiro turno agora é nítida,
mostra a nova pesquisa Datafolha para presidente. O que até a semana
passada ainda era um empate técnico se transformou numa inédita vantagem
de sete pontos: 37% a 30%.
No teste de segundo turno, a tendência é parecida. A dianteira de Marina
sobre Dilma nunca foi tão baixa: 46% a 44%, um empate técnico. No fim
de agosto, a vantagem da candidata do PSB era de dez pontos (50% a 40%).
Nos últimos 20 dias, Marina Silva tem sido alvo de ataques constantes disparados de duas frentes.
Por cima, ela sofre um bombardeio de críticas e acusações promovidas
pela propaganda de Dilma. Entre outras coisas, Marina foi comparada com
presidentes que não terminaram o mandato, acusada de ser aliada dos
banqueiros e de desprezar a camada pré-sal do petróleo.
Líder desde o início da série de pesquisas, Dilma sente-se ameaçada por
Marina principalmente na provável disputa de um segundo turno.
Por baixo, a ex-senadora é atingida por torpedos diários lançados por Aécio.
Autor de acusações diretas e indiretas no horário eleitoral e nas
entrevistas, o tucano era favorito para disputar um segundo turno com
Dilma até o dia em que Eduardo Campos, morto num acidente aéreo, foi
substituído por Marina no PSB.
Os ataques simultâneos não provocaram uma queda abrupta da ex-ministra
do Meio Ambiente. Mas, conforme o histórico de pesquisas, parecem estar
sendo eficientes para minar sua candidatura aos poucos.
As curvas das intenções de voto suscitam duas dúvidas.
Primeira: caso Dilma e Aécio mantenham os ataques, a campanha de Marina
continuará se desidratando ou, com o tempo, a eficiência dos disparos
tende a diminuir?
Segunda: na hipótese de Marina continuar perdendo força, o ritmo de sua queda será suficiente para uma ultrapassagem de Aécio?
A diferença entre Marina e Aécio chegou a 20 pontos no início de
setembro. Hoje, a vantagem ainda pode ser considerara grande, mas é
quase metade do que já foi: 13 pontos (30% a 17%).
O dado mais eloquente do enfraquecimento de Marina é o aumento de sua
rejeição. Pela primeira vez, a taxa dos que dizem que não votariam nela
de jeito nenhum (22%) está acima da de Aécio (21%).
A diferença está dentro da margem de erro, dois pontos para mais ou para
menos. Mas é preocupante para a pessebista considerando-se que sua taxa
cresce de forma acelerada, enquanto a de Aécio se mantém estável. Há um
mês, só 11% rejeitavam Marina.
A pesquisa feita na quarta e nesta quinta (18) com 5.340 entrevistas
mostra ainda que Dilma passou liderar nas cinco regiões do país.
No Nordeste, no Norte e no Sul, de forma isolada. No Centro-oeste, a
petista está agora numericamente à frente de Marina. No Sudeste, tem
menos pontos, mas numa situação de empate técnico.
Marina perdeu votos em diversos segmentos. Ela recuou 4 pontos no
Sudeste, 4 entre as mulheres, 4 entre os católicos, 5 junto aos
moradores de cidades médias (200 mil a 500 mil habitantes) e 6 entre os
eleitores de 25 a 34 anos.
O levantamento do Datafolha foi encomendado pela Folha em parceria com a TV Globo.
(RICARDO MENDONÇA)
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