28 de agosto de 2014 | 11:16 Autor: Fernando Brito
No melhor estilo daquele William Bonner do Maranhão, que perguntou ao candidato Flávio Dino se ele ia “implantar o comunismo” no Estado, a chamada de capa da Veja, esta manhã, adverte contra o perigo que “facções ideológicas mais perigosas” do PT trazem ao país porque…um site de campanha ligado ao partido publicou “um texto na noite de terça-feira com potencial de fazer tremer bancos, investidores, empresas e o próprio eleitor.”
O que teria feito o tal site – o Muda Mais, várias vezes citado aqui – para provocar tamanho terremoto? Defendeu uma ditadura? Sugeriu uma invasão soviética? Pregou a estatização dos nacos ou das multinacionais?
Não, apenas defendeu que valha o que está escrito na Constituição Brasileira e que vem sendo praticado há décadas, dentro da lei e da hierarquia dos poderes: que o Presidente da República, eleito pelo povo, tenha o poder de indicar quem vai dirigir o Banco Central!
Exatamente como indicaram todos os presidentes anteriores – o “querido” Fernando Henrique Cardoso, inclusive - e nunca fizeram, por isso, “tremer bancos, investidores, empresas e o próprio eleitor”.
Lula e Dilma, aliás, foram extremamente cuidadosos – muito além da conta, eu diria – nas suas indicações. Ele, com Henrique Meirelles, que dispensa apresentações, e ela com Alexandre Tombini, funcionário do Banco concursado e membro da diretoria de Meirelles por cinco anos.
Aliás, nenhum dos dois – ao contrário de FHC – demitiu nenhum presidente do BC.
Agora, se o Presidente da República não pode orientar, sugerir e apontar os grandes objetivos da política econômica, melhor elegermos um rei ou rainha da Inglaterra e entregarmos o comando do país ao mercado de capitais.
Como fez, aliás, Fernando Henrique quando o real foi por água abaixo após as eleições de 98 e ele pediu emprestado a George Soros o economista Armínio Fraga para “arrumar a casa” a juros cavalares de 45%.
É por isso que o “mercado” não se assusta com Marina. Como já garantiu sua Ministra-Chefe de Tudo, Maria Alice Itaú Setúbal, o BC terá autonomia.
Nada além da frase de Mayer Amschel Bauer, que mudou seu sobrenome para Rothschild:
“”Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige as leis.”
Traduzindo: o que chamam de autonomia é um presidente do BC escolhido pelos bancos e que a eles prestará contas.
Viva a democracia!
PS. O artigo da Veja é sensacional. Termina lembrando – vejam a semelhança – as críticas do Muda Mais ao presidente da CBF, José Maria Marin, aquela triste figura. Será que querem uma figura semelhante para o Banco Central?
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