A proposta do programa de governo da candidata do PSB à Presidência,
Marina Silva, de reduzir a prioridade que o pré-sal tem hoje nos planos
de investimentos da Petrobras é vista como um equívoco pelos
especialistas do setor. Seja porque a exploração dessas reservas é parte
de um programa estratégico para o país se tornar um grande exportador
de petróleo, ou pelo seu potencial de retorno financeiro para a estatal,
eles dizem que desacelerar os aportes no pré-sal seria um retrocesso.
— Seria uma decisão estratégica que alteraria substancialmente a
capacidade de investimentos do país em duas áreas fundamentais para o
Brasil entrar numa rota de desenvolvimento social, a Educação e a Saúde —
disse Nivaldi de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor
Elétrico da UFRJ, referindo-se aos recursos da exploração do pré-sal
que, por lei, irão para essas duas áreas.
Além disso, acrescenta, há o aspecto tecnológico. A Petrobras é a
empresa com maior conhecimento na exploração de óleo em águas profundas.
— Diminuir os investimentos não seria uma boa estratégia, pois o país perderia essa liderança tecnológica.
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE),
destacou que o pré-sal é o ativo de maior retorno da Petrobras. Por
isso, deveria receber ainda mais investimentos.
A Petrobras deveria ter uma política de desinvestimento, vender
refinarias e usinas de etanol e biodiesel, para colocar ainda mais
recursos no pré-sal, que é o seu melhor investimento em termos de
retorno— disse Pires.
Pires e Castro, no entanto, são veementes quanto à falta de “fundamento
técnico" da proposta de reduzir ao máximo o peso das usinas
termelétricas na matriz energética do país, que seria substituída por
fontes renováveis mais limpas, como a energia eólica e solar.
Essa proposta não é consistente tecnicamente. Geração eólica e solar
são apenas fontes complementares. Não dão segurança à predominância das
hidrelétricas da nossa matriz — disse Castro.
Outra diretriz do programa — a proposta de tirar o foco do Mercosul por
meio da busca de acordos bilaterais fora do bloco econômico regional —
foi bem recebida por dirigentes do setor de comércio exterior.
O Mercosul é solução, porque é destino de 25% das nossas exportações de
manufaturados, e problema. Por ser uma união aduaneira, não permite ao
Brasil negociar separadamente acordos — disse José Augusto de Castro,
presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), dando em
seguida uma noção do “isolamento” que a prioridade dada pelo Brasil à
região e à Africa trouxe ao país.
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