Não se espera nem se deseja que Marina Silva desfaça o coque, mas está na hora de ela mostrar a cara.
Na última eleição presidencial, sabia-se que não disputava para vencer.
Queria tornar mais conhecida sua bela história de vida e ganhar
musculatura para 2014.
Assim, no papel de criança a quem tudo se permite, teve a complacência de intelectuais, artistas, políticos de esquerda.
Parecendo incomodados em confrontar um Chico Mendes de saias compridas,
jogaram para baixo do tapete causas que devem, no mínimo, ser debatidas
por quem ainda sonha com a chegada do Brasil ao século 21.
Marina é contra o direito das mulheres ao aborto? Ah, tudo bem. Não
apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Não tem problema. Não
quer falar sobre legalização da maconha? Deixa quieta. É contra a
pesquisa com células-tronco? O tema é complicado mesmo.
No Rio de Janeiro, sempre seduzido por novidades, ficou com 31,52% dos
votos. No país todo, 19,33%, um capital de 19.636.359 votos.
Pela via trágica, ressurgiu candidata há menos de um mês e já se
encontra, diz a imprensa, à beira do favoritismo. Portanto, deve ser
tratada como gente grande.
Está num partido do qual não gosta e que não gosta dela. Voluntarista,
indica que, estando em linha direta com Deus e com os eleitores, poderá
esnobar o balcão de negócios que é a política brasileira.
Verde de raiz, tem como vice um militante do agronegócio. De passado
inequivocamente democrata, não tolera o contraditório, como mostrou nas
respostas impacientes ao "Jornal Nacional". Fala em mudanças, mas não
transige em posições que reforçam o pior conservadorismo, aquele que
quer controlar a mais privada das esferas, que é o uso do próprio corpo.
Marina e seus eleitores precisam sair das sombras.
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