30 de agosto de 2014 | 09:09 Autor: Fernando Brito
Mudou tudo.
O jato que servia Eduardo Campos e Marina Silva na campanha e que se acidentou em Santos, dia 13, matando o candidato do PSB não foi mais ”emprestado de boca” ao ex-candidato, mas “doado” por três empresários misteriosos.
A versão agora, segundo os coordenadores da campanha de Marina Silva – Márcio França e Válter Feldman – é a de que o aparelho foi “doado” ao PSB pelos dois empresários que coordenaram o pagamento, o acusado de contrabando Apolo Santana Vieira e o dono de factoring João Carlos Lyra Pessoa de Mello, além de um tal Eduardo Ventola, aliás Bezerra Leite, tudo através de “laranjas”.
A tal história do “ressarcimento” foi abandonada.
“”Antes tinha se falado em ressarcimento, mas essa expressão foi abandonada.”, anuncia Feldman à Veja.
O país e a imprensa estão assistindo à uma vexatória montagem de explicações legalmente aceitáveis, ainda que incompatíveis com o mais elementar bom-senso.
Saem notas e pequenas notícias, aqui e ali mas não há uma investigação jornalística digna deste nome e até a ação do Ministério Público se inaugura com duas semanas de atraso, e com previsão de término nas calendas gregas em matéria eleitoral.
E é tão complexo o caso, assim?
Apenas três perguntas derrubam inapelavelmente esta história.
1. Alguém pode “doar” um bem que não é seu, mas objeto de leasing (arrendamento mercantil) à Cessna? Você pode doar o seu automóvel, um golzinho que seja, a alguém sem liquidar ou transferir o leasing que fez lá no banco para comprá-lo?
Não preciso responder, não é?
Se, como foi anunciado, pediu-se a transferência do leasing à Cessna – e isso não foi de boca – que empresas e com que documentação se apresentou o pedido? E se foi “doação pessoal” dos empresários, pediu-se a transferência para eles, pessoas físicas?
Onde está o documento enviado à Cessna?
2. Onde estão os recibos eleitorais e o documento de doação de um bem que há três meses tinha sido entregue a Eduardo Campos? Estão sendo feitos agora? Os empresários se livram das indenizações devidas aos moradores que tiveram suas casas destruídas e o PSB assume as indenizações, com o dinheiro público do Fundo Partidário e dos doadores da nova candidata? Vai aparecer um documento devidamente autenticado, por um cartório de Recife ou, quem sabe, de um município da periferia da cidade?
Documentos desta natureza têm de ser reconhecidos por autenticidade, como é uma transferência de um prosaico automóvel. Qualquer falsificação disto deixa rastros facilmente identificáveis e não sei se alguém seria tolo de participar de uma montagem deste tipo.
3. Onde estão aos tais “doadores”. Escondidos? Nem sequer uma imagem deles foi publicada até agora, salvo um pequena e antiga foto de Lyra. Apolo Vieira só existe nos processos de contrabando que correm em segredo de Justiça. Será que nenhum jornal os acha nos seus apartamentos de luxo em Boa Viagem? Porque comprariam um avião de mais de R$ 20 milhões para “dar” a Eduardo Campos? Quem são, onde vivem, o que possuem?
O Cessna Citation XLS matrícula PR-AFA é o “Morcego Verde” destas eleições.
Mas os PC Farias continuam incógnitos.
Nossa imprensa não parece interessada em expô-los à opinião pública.
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